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Rio de Janeiro, 26 de abril de 2024


País

Propostas para o avanço da educação no Brasil

Igor de Carvalho - Do Portal

25/11/2010

Mauro Pimentel

Os resultados do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) divulgados no mês passado confirmaram o atraso da educação brasileira, cujas deficiências crônicas contribuem para manter o país numa posição aquém das pretensões econômicas e diplomáticas (73º entre 169 países). Os avanços das duas últimas décadas mostram-se inferiores ao nível do crescimento verde-amarelo e ao padrão educacional de países desenvolvidos – e até de vizinhos sul-americanios, como Chile e Argentina. Indicada por problemas como a desorganização do Exame Nacional do Ensino Médio, a defasagem representa, na avaliação de especialistas, um entrave ao avanço socioeconômico. Pois, sem uma mão-de-obra compatível com a projeção de quinta economia do mundo até 2020, o salto para o andar de cima ficaria restrito aos palanques, ou reproduziria desigualdade. Economistas, professores e pedagogos são unânimes em afirmar que o pulo do gato da educação brasileira exige uma série de esforços conjugados, como a melhor qualificação e remuneração profissional; o aumento do tempo do aluno na escola; a ampliação da infraestrutura, além da informatização das escolas.

O professor Marcelo Andrade, coordenador de graduação do Departamento de Educação da PUC-Rio, avalia que o Brasil "melhorou graças ao crescimento da renda per capita". Mas alerta: o país não entrará para o grupo com alto desenvolvimento humano enquanto “não pagar a dívida educacional que tem com os setores mais pobres”.

– Nesse sentido, a nova metodologia aplicada na realização do IDH, que condiciona qualidade de vida aos níveis de escolaridade, chama a atenção para as precárias condições da maioria das escolas públicas brasileiras – observa.

Para o professor, o avanço na oferta de matrículas indica que há vagas paras as crianças na escola. Ele ressalva, no entanto, que essa disponibilidade não significa uma matrícula efetiva, tampouco assegura a permanência dos alunos pelo tempo adequado e a aprendizagem de alta qualidade:

– O Brasil precisa avançar da simples oferta (de vagas) para uma oferta qualificada (de enisno) –  propõe Andrade.

Segundo o especialista, o alcance desse nível de educação depende de duas iniciativas centrais: o "investimento maciço" na formação inicial e continuada de professores e, em seguida, o aumento "significativo" dos salários no magistério da educação básica (ensinos fundamental e médio). Para ele, o renhecimento social da profissão é uma das soluções para melhorar a qualidade da educação brasileira e, consequentemente, o nível do IDH:

– Enquanto os salários dos professores da escola básica forem baixos e a formação, precária, conviveremos com uma grave distorção: o fato de o magistério não ser uma profissão atraente, pois demanda muito investimento com pouco reconhecimento social e financeiro. Assim, não é uma profissão que consiga atrair os mais preparados.

Simon Schwartzman, pesquisador do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade no Rio de Janeiro (IETS) e ex-presidente do IBGE,  acredita que se deve ampliar o tempo de permanência diária das crianças nas escolas. Sugere que a média de quatro horas suba para seis horas:

– Isso envolve dinheiro. Mudar o tempo da criança na escola implica ter mais prédios, mais professores.

A ambição brasileira de se tornar uma das principais economias do mundo aguça a necessidade do aperfeiçoamento na qualificação da mão-de-obra. Para o economista Arlindo Lopes Corrêa, ex-presidente do Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral) e consultor da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), a qualificação profissional está condicionado à "real implantação do processo de educação continuada":

– Esse processo foi reforçado mais recentemente pela Lei n° 11.741, de 16 de julho de 2008, que deu nova redação a alguns artigos da Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional). A nova legislação, efetivamente, facilita a consolidação da educação permanente no Brasil e reforça a posição da qualificação profissional como seu componente – destaca.

Ele considera “indispensável" um olhar mais abrangente sobre o enriquecimento da qualificação profissional:

– É imperioso considerá-la e estruturá-la numa dimensão sistemática para atingir todos os objetivos que idealmente lhe são atribuída – afirma Arlindo.

O economista acredita que uma relação mais estreita entre as esferas educacionais e trabalhistas seja necessária para o aprimoramento da formação profissional:

– Nesse sentido, ganham especial importância as interfaces entre educação e trabalho, da educação profissional com a educação geral e, consequentemente, as inadiáveis parcerias entre Ministério da Educação e Ministério de Trabalho e Emprego. Sem isso, nada feito.

Para Simon Schwartzman, o avanço educacional é mais amplo do que a preparação para o mercado de trabalho mais exigente. Exige, por exemplo, ajustes como a melhor organização do Enem. Na opinião do pesquisador do IETS, o exame é "mal concebido", tem uma concepção equivocada, e assim indica “falta de uma liderança na área de educação, que entenda os problemas e consiga identificar quais são as prioridades”. Segundo Schwartzman, o Enem reforça falhas encontrados no ensino médio:

– Um dos problemas fundamentais que nós temos hoje no Brasil é um ensino médio engessado, muito carregado de matérias, no qual os alunos precisam aprender coisas que não lhes interessam. É preciso criar alternativas para as pessoas terem diferentes tipos de ensino médio. Você não pode colocar todo mundo na mesma camisa de força, no mesmo modelo.

Os resultados do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), divulgado no dia quatro de outubro, apontaram uma pendência ainda existente na avaliação do Brasil, a educação. Apontada como um entrave para um melhor crescimento na classificação brasileira, ela exige uma reflexão sobre o que é feito pela educação e sobre as novas propostas, como a situação do professor brasileiro, as formas de conciliar a educação com a situação econômica e por fim, as alusões dos problemas do Enem com o caso do ensino médio podem permitir um maior avanço da situação educacional no país.
Marcelo Andrade, professor e coordenador de graduação do departamento de Educação da PUC-Rio, percebe que o Brasil melhorou sua situação graças ao crescimento da renda per capita da população, mas ressalvou que o país não entrará para o grupo de países com alto desenvolvimento humano enquanto “não pagar a dívida educacional que tem com os setores mais pobres”.
– Nesse sentido, a nova metodologia aplicada na realização do IDH, que condiciona  qualidade de vida aos níveis de escolaridade, chama atenção para as precárias condições da maioria das escolas públicas brasileiras.
Para o professor, houve um avanço na oferta de matrículas, demonstrando que existem vagas paras as crianças na escola. Mas que a oferta de matrícula não significa uma matrícula efetiva, tampouco que todas as crianças permaneçam na escola o tempo adequado e que aprendam com a devida qualidade.
– O Brasil precisa avançar da simples oferta para uma oferta qualificada.
Visando o alcance desse nível de oferta, Marcelo Andrade afirma que há duas iniciativas centrais, o investimento maciço na formação inicial e continuada de professores e em seguida, a melhoria significativa dos salários no magistério da educação básica ( Ensino Fundamental e Médio). Para ele, investir no reconhecimento social da profissão é uma das possíveis soluções para reverter o baixo desempenho no IDH do país:
– Enquanto os salários dos professores da escola básica forem baixos e a formação precária, conviveremos com uma grave distorção, o fato do magistério não ser uma profissão atraente, pois demanda muito investimento com pouco reconhecimento social e financeiro. Assim, não é uma profissão que consiga atrair os mais preparados e não motiva os mais interessados nela. 
Simon Schwartzman, pesquisador do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade no Rio de Janeiro (IETS) e ex-presidente do IBGE,  acredita que deve-se ampliar o tempo de permanência diária das crianças nas escolas, de uma média de quatro horas para seis horas:
– Essa questão da educação também envolve um problema de dinheiro. Mudar o tempo da criança na escola implica ter mais prédios, mais professores.
Além das possíveis propostas para a melhoria da educação básica, os índices relativos à educação do IDH, ao serem comparados com a atual situação econômica brasileira e com a expectativa do Brasil de se tornar uma das principais economias do mundo, trazem a necessidade de análise de idéias para se conseguir uma melhor qualificação da mão de obra.
Para o economista ex-presidente do Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral) e consultor da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Arlindo Lopes Corrêa, o progresso necessário para qualificação profissional do trabalhador brasileiro está condicionado a real implantação do processo de educação continuada:
– Esse processo foi reforçado mais recentemente pela Lei n° 11.741, de 16 de julho de 2008, que deu nova redação a alguns artigos da Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional). A nova legislação, efetivamente, facilita a consolidação da educação permanente no Brasil e reforça a posição da qualificação profissional como seu componente.
Ele classifica como “indispensável" para o cumprimento pleno de seu papel no processo de desenvolvimento do país e na melhoria da qualidade de vida do trabalhador brasileiro um olhar mais abrangente sobre o enriquecimento da qualificação profissional.
– É imperioso considerá-la e estruturá-la nessa sua verdadeira dimensão sistemática para atingir todos os objetivos que idealmente lhe são atribuída.
O economista acredita que uma maior relação entre as esferas educacionais e trabalhistas seja necessária para se atingir um melhor quadro sobre a preparação de melhores profissionais:
– Nesse sentido, ganham especial importância às interfaces entre educação e trabalho, da educação profissional com a educação geral e, consequentemente as inadiáveis parcerias entre Ministério da Educação e Ministério de Trabalho e Emprego. Sem isso, nada feito.
Para Simon Schwartzman, a situação econômica do Brasil tem muito haver com a exportação de produtos primários e com algumas pequenas áreas de produção industrial, mas ele acredita que isso não exige uma população melhor educada.
– A questão da mão de obra depende, porque se você tiver um modelo em que você concentra a economia em alguns produtos de exportação, não precisa de mão de obra qualificada. A questão da educação é mais ampla do que isso, você que uma população mais educada, mas também quer que surja uma economia mais rica e diversificada.
Nos últimos dois anos, presenciou-se os problemas envolvendo o Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem, que poderiam trazer implicações negativas para a situação da educação no Brasil. Para o pesquisador do IETS, o Enem é mal concebido, tem uma concepção equivocada, demonstrando a “falta de uma liderança no país na área de educação, que entenda os problemas e consiga identificar quais são as prioridades”. Segundo Simon Schwartzman, o exame reforça os problemas encontrados no ensino médio:
– Um dos problemas fundamentais que nós temos hoje no Brasil é um ensino médio muito engessado, muito rígido, muito carregado de matérias, onde os alunos precisam aprender coisas que não os interessam.. É preciso criar alternativas para as pessoas terem diferentes tipos de ensino médio. Você não pode colocar todo mundo na mesma camisa de força, no mesmoOs resultados do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), divulgado no dia quatro de outubro, apontaram uma pendência ainda existente na avaliação do Brasil, a educação. Apontada como um entrave para um melhor crescimento na classificação brasileira, ela exige uma reflexão sobre o que é feito pela educação e sobre as novas propostas, como a situação do professor brasileiro, as formas de conciliar a educação com a situação econômica e por fim, as alusões dos problemas do Enem com o caso do ensino médio podem permitir um maior avanço da situação educacional no país.
Marcelo Andrade, professor e coordenador de graduação do departamento de Educação da PUC-Rio, percebe que o Brasil melhorou sua situação graças ao crescimento da renda per capita da população, mas ressalvou que o país não entrará para o grupo de países com alto desenvolvimento humano enquanto “não pagar a dívida educacional que tem com os setores mais pobres”.
– Nesse sentido, a nova metodologia aplicada na realização do IDH, que condiciona  qualidade de vida aos níveis de escolaridade, chama atenção para as precárias condições da maioria das escolas públicas brasileiras. – apontou Marcelo.
Para o professor, houve um avanço na oferta de matrículas, demonstrando que existem vagas paras as crianças na escola. Mas que a oferta de matrícula não significa uma matrícula efetiva, tampouco que todas as crianças permaneçam na escola o tempo adequado e que aprendam com a devida qualidade:
– O Brasil precisa avançar da simples oferta para uma oferta qualificada.
Visando o alcance desse nível de oferta, Marcelo Andrade afirma que há duas iniciativas centrais, o investimento maciço na formação inicial e continuada de professores e em seguida, a melhoria significativa dos salários no magistério da educação básica ( Ensino Fundamental e Médio). Para ele, investir no reconhecimento social da profissão é uma das possíveis soluções para reverter o baixo desempenho no IDH do país:
– Enquanto os salários dos professores da escola básica forem baixos e a formação precária, conviveremos com uma grave distorção, o fato do magistério não ser uma profissão atraente, pois demanda muito investimento com pouco reconhecimento social e financeiro. Assim, não é uma profissão que consiga atrair os mais preparados e não motiva os mais interessados nela. 
Simon Schwartzman, pesquisador do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade no Rio de Janeiro (IETS) e ex-presidente do IBGE,  acredita que deve-se ampliar o tempo de permanência diária das crianças nas escolas, de uma média de quatro horas para seis horas:
– Essa questão da educação também envolve um problema de dinheiro. Mudar o tempo da criança na escola implica ter mais prédios, mais professores.
Além das possíveis propostas para a melhoria da educação básica, os índices relativos à educação do IDH, ao serem comparados com a atual situação econômica brasileira e com a expectativa do Brasil de se tornar uma das principais economias do mundo, trazem a necessidade de análise de idéias para se conseguir uma melhor qualificação da mão de obra.
Para o economista ex-presidente do Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral) e consultor da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Arlindo Lopes Corrêa, o progresso necessário para qualificação profissional do trabalhador brasileiro está condicionado a real implantação do processo de educação continuada:
– Esse processo foi reforçado mais recentemente pela Lei n° 11.741, de 16 de julho de 2008, que deu nova redação a alguns artigos da Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional). A nova legislação, efetivamente, facilita a consolidação da educação permanente no Brasil e reforça a posição da qualificação profissional como seu componente.
Ele classifica como “indispensável" para o cumprimento pleno de seu papel no processo de desenvolvimento do país e na melhoria da qualidade de vida do trabalhador brasileiro um olhar mais abrangente sobre o enriquecimento da qualificação profissional.
– É imperioso considerá-la e estruturá-la nessa sua verdadeira dimensão sistemática para atingir todos os objetivos que idealmente lhe são atribuída. – afirmou Arlindo.
O economista acredita que uma maior relação entre as esferas educacionais e trabalhistas seja necessária para se atingir um melhor quadro sobre a preparação de melhores profissionais:
– Nesse sentido, ganham especial importância às interfaces entre educação e trabalho, da educação profissional com a educação geral e, consequentemente as inadiáveis parcerias entre Ministério da Educação e Ministério de Trabalho e Emprego. Sem isso, nada feito.
Para Simon Schwartzman, a situação econômica do Brasil tem muito haver com a exportação de produtos primários e com algumas pequenas áreas de produção industrial, mas ele acredita que isso não exige uma população melhor educada:
– A questão da mão de obra depende, porque se você tiver um modelo em que você concentra a economia em alguns produtos de exportação, não precisa de mão de obra qualificada. A questão da educação é mais ampla do que isso, você que uma população mais educada, mas também quer que surja uma economia mais rica e diversificada.
Nos últimos dois anos, presenciou-se os problemas envolvendo o Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem, que poderiam trazer implicações negativas para a situação da educação no Brasil. Para o pesquisador do IETS, o Enem é mal concebido, tem uma concepção equivocada, demonstrando a “falta de uma liderança no país na área de educação, que entenda os problemas e consiga identificar quais são as prioridades”. Segundo Simon Schwartzman, o exame reforça os problemas encontrados no ensino médio:
– Um dos problemas fundamentais que nós temos hoje no Brasil é um ensino médio muito engessado, muito rígido, muito carregado de matérias, onde os alunos precisam aprender coisas que não os interessam.. É preciso criar alternativas para as pessoas terem diferentes tipos de ensino médio. Você não pode colocar todo mundo na mesma camisa de força, no mesmo modelo.