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Rio de Janeiro, 18 de abril de 2024


Cultura

"Poema sujo" é estrela de menu cinematográfico

Carina Bacelar - Do Portal

05/11/2010

Um encontro com Ferreira Gullar e seu “Poema sujo”, em releituras feitas por atores como Osmar Prado e Camila Pitanga e versões musicadas de Edu Lobo, Zeca Baleiro, Alcione e Pedro Luiz. De amanhã até o dia 18 de dezembro, esse acervo poderá ser observado na exposição de videoinstalações “Há muitas noites na mesma noite”, no Oi Futuro de Ipanema (Visconde de Pirajá, 54). A mostra é assinada pelo cineasta Silvio Tendler, professor de cinema da PUC-Rio, que cinco anos se debruça sobre a obra de Gullar. O projeto tem como ponto fundamental a interatividade: a reação do público será documentada e vai integrar, com o material sobre o poeta garimpado por Tendler, um documentário e uma minissérie.

Na sala de exposições, o ambiente induz à impressão de se “consumir poesia”.  Mesas de bar e cadeiras dividem o espaço com vídeos projetados nas paredes e nos móveis, com depoimentos, reflexões e leituras sobre o "Poema sujo".  Nesse restaurante de mentira, o “cliente” poderá  escolher a poesia no menu.

– Coloquei mesas de bar para as pessoas se sentirem em um café, em um bar, em um lugar onde possam consumir poesia – explica Tendler.

O cineasta define o projeto “Há muitas noites na noite” como “um filme em construção”. É a primeira incursão dele no gênero videoinstalação. Tendler acredita que a interatividade promovida pelos avanços tecnológicos seja uma forte tendência nas artes, e despertará o interesse no longa-metragem:

– Não trato o filme como um produto comercial, mas como obra de arte. Na exposição, farei como o pintor que abre seu ateliê para o público.

A escolha de Gullar e do “Poema sujo” para a sua estreia em videoinstalações não se limita, segundo ele, às homenagens aos 80 anos do poeta maranhense. É fruto de mais de cinco anos de pesquisa.

– A vida me jogou nesse projeto, que só agora foi viável. “Poema Sujo” é a poesia mais cinematográfica da literatura brasileira que eu conheço – justifica.

A exposição de amanhã estreia às 19h de amanhã e permanece em cartaz de terça a domingo, de 13 às 21 horas, até dia 18 de dezembro.

                        Silvio Tendler: de documentários a videoinstalações 

Denominado “o cineasta dos vencidos” ou “o cineasta dos sonhos interrompidos”, Silvio Tendler, documentarista brasileiro e professor da PUC-Rio, costuma resgatar em seus filmes a memória brasileira. Já abordou personalidades como Jango, JK, Carlos Mirighella, produzindo cerca de 40 filmes, entre curtas, médias e longas-metragens. Em 1981, fundou a Caliban Produções Cinematográficas, produtora voltada para biografias históricas de cunho social.

Três de seus filmes alcançaram as maiores bilheterias de documentários na história do cinema brasileiro: “O Mundo Mágico dos Trapalhões” (1,8 milhão de espectadores); “Jango” (1 milhão); e “Anos JK” (800 mil). Recebeu prêmios como o Salvador Allende no Festival de Trieste, em 2005, e a Medalha Tiradentes, da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, por "serviços prestados à causa pública do Estado". Entre as várias homenagens, está a prestada no X Festival de Cinema Brasileiro em Paris.

Tendler também criou a Fundação Novo Cine Latino-Americano e o Comitê de Cineastas da América Latina. Presidiu a Federação de Cineclubes do Rio de Janeiro e a Associação Brasileira de Cineastas. Em 1995, foi secretário de Cultura e Esporte do governo Cristovão Buarque, em Brasília; e, em 1997, assumiu a Coordenação de Audiovisual para o Brasil e o Mercosul da Unesco, da qual permanece como consultor.