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Rio de Janeiro, 27 de abril de 2024


País

Debate político inflamado divide público na PUC-Rio

Daniel Cavalcanti - Do Portal

29/10/2010

 Fotos: Mauro Pimentel / Arte: Isabela Sued

A três dias das eleições, na quinta, 28/10, um debate realizado pelo Diretório Central de Estudantes (DCE) da PUC-Rio inflamou os pilotis. O rebuliço começou já nas apresentações dos representantes de cada candidato. No lado de José Serra, o deputado estadual Luiz Paulo Côrrea da Rocha (PSDB) e o economista formado pela PUC Rodrigo Constantino. Do lado de Dilma Rousseff, o deputado estadual Carlos Minc (PV) e o sociólogo Emir Sader.

O público, formado em maioria por alunos, passou o debate se manifestando das mais variadas formas, com vaias, aplausos e gritos. Os representantes responderam tanto perguntas feitas pelos oponentes quanto do público – que eram anotadas em papéis e sortedas – e trataram principalmente de temas importantes para a política nacional. Para o aluno de comunicação social Thiago Ortman, de 23 anos, “o debate foi importante para aprofundar pontos que não foram debatidos durante a campanha”. Enquanto para Elena Diniz, 20 anos, também de comunicação, “os representantes não respondiam as perguntas, só atacavam o candidato alheio”.

A questão do pré-sal, que Sader apontou como “nunca tratado durante a campanha do Serra”, foi um dos temas principais, que se desdobrou na questão sobre a divisão dos royalties da região entre os estados da Federação.

 Stephanie Saramago – O próprio candidato José Serra disse que nunca mexeria nos royalties do Rio de Janeiro e do Espírito Santo – esbravejou Luiz Paulo, alfinetando a tramitação do projeto de lei de Ibsen Pinheiro (PMDB), que pretende dividir igualmente entre os estados os royalties da exploração do pré-sal.

Declarando-se apartidário, Constantino foi mais além. Logo na sua fala de abertura, o economista atacou o Movimento dos Sem-Terra (MST) e acusou uma intenção de “golpe bolivariano” no governo do PT, para grande alvoroço da plateia de ambos os lados.

 Stephanie Saramago Minc respondeu repudiando as acusacões. O deputado estadual afirmou que a última ruptura institucional no país foi levada à frente por uma direita que “inventou um golpe esquerdista de João Goulart para tomar o poder à força”. Além disso, lembrou do papel da candidata Dilma Rousseff na luta conta o regime militar.

Abertas às perguntas do público, os representantes do candidato Serra responderam a uma questão sobre os problemas na educação no estado de São Paulo, onde o PSDB governa há mais de uma década. Luiz Paulo respondeu que “o partido não seria reeleito tantas vezes em São Paulo se suas políticas públicas fossem ruins” e acusou o estado do Rio de Janeiro, governado por Sérgio Cabral (PMDB), de ser o pior no índice de educação e campeão na evasão de alunos.

A resposta de Sader foi que “um presidente sem curso superior criou 14 novas universidades e abriu novas vagas nas faculdades públicas”. Para completar, Minc aproveitou o momento para alfinetar o PSDB dizendo que a agremiação “terá que escolher novos parceiros, pois o DEM sumiu daqui do Rio”.

 Stephanie Saramago Durante as declarações finais de cada representante, o sociólogo Emir Sader reafirmou que a candidata Dilma dará continuidade ao governo Lula. Ricardo Constantino afirmou que “Dilma representa aquilo que existe de pior na política brasileira” e foi ovacionado pelos serristas presentes na plateia em coro, enquanto Luiz Paulo afirmou existirem posições extremamente fascistas dentro do PT.

O público contou também com pessoas de fora da PUC. Gustavo Souza, 21 anos, por exemplo, é aluno de direito da Universidade Cândido Mendes. Ele ressaltou a iniciativa do DCE e disse que pretende um dia organizar algo parecido em sua faculdade. Pedro Pinaut, de 16 anos, aluno do Colégio São Vicente de Paulo, de Niterói, também elogiou o debate, que, segundo ele, foi equilibrado.

O deputado Carlos Minc disse ter gostado muito do espírito engajado do público, mas considerou: “Algumas posições me deixaram preocupado, mas a democracia é assim mesmo... pior seria o silêncio de uma ditadura”.