Fernanda Miranda, Stéphanie Saramago, Thaís Chaves - Do Portal
31/10/2010O Brasil escolheu, neste domingo, a primeira mulher como presidente do Brasil, Dilma Rousseff. A canditada venceu o adversário José Serrra, do PSDB, com 55% dos votos. O Portal PUC-Rio Digital conversou com professores de vários departamentos da PUC-Rio sobre o que pode ser o governo Dilma Rousseff.
O coordenador de graduação do Departamento de Sociologia e Política, Ricardo Ismael, acredita na continuidade, do ponto de vista político. Para Ricardo Ismael, Dilma Rousseff deverá aperfeiçoar as políticas sociais e investir em programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, reforçar o salário mínimo e ampliar o crédito popular.
– Ela terá que aperfeiçoar as políticas sociais e, certamente, educação, saúde e algumas áreas ainda problemáticas, mas dentro de uma linha que já tem seguido – ressaltou.
Segundo Ismael, por um lado, Dilma terá a tarefa difícil de substituir um governo com um presidente muito popular. Por outro, Dilma tem uma vantagem: herdou um eleitorado fiel a Lula.
O professor Marcelo Burgos, coordenador de Pesquisa e Extensão do Departamento de Sociologia e Política, afirma entretanto que a continuidade não será automática.
– Acho que Lula conseguiu, por várias razões, de alguma forma além da sua habilidade, como político, manter sob controle certos atores políticos, no campo econômico e empresarial. Lula é carismático. Entretanto, bandeiras como a reforma tributária e a flexibilização da legislação do trabalho ficaram relativamente adormecidas. Com Dilma, esse contexto vai ser diferente – avaliou.
Marcelo Burgos analisou ainda o comprometimento da candidatura de Dilma com a agenda social. Segundo o coordenador, a presidenciável deve investir no aprofundamento da universalização do ensino básico e na qualificação profissional, na continuidade das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que têm impacto nas metrópoles, e na questão da saúde.
O professor do Departamento de Economia Rodrigo Soares é outro que ressalta a provável continuidade do governo Lula. O professor afirmou que a presidenciável vai dar prosseguimento em várias áreas, como nos programas sociais. Porém, disse ele, há incertezas em relação a outros temas. Segundo o professor, é difícil saber o quão semelhante vai ser a política econômica, por exemplo.
– O governo Lula foi ortodoxo na área da política monetária – afirmou.
A professora do Departamento de Relações Internacionais Alexandra de Mello afirma que, no que diz respeito à política externa, deve-se esperar continuidade. Para a professora, temas importantes ao governo atual, como a cooperação Sul-Sul, a agenda de negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC), a candidatura do Brasil a um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, a promoção internacional dos biocombustíveis e a participação no G-20, entre outras políticas, deverão ser mantidas.
– Acho que todos esses eixos continuarão a ser importantes – avaliou.
No que diz respeito à mídia, a professora do Departamento de Comunicação Social Carmem Lúcia Petit afirmou que a eleição de Dilma não trará problemas à liberdade de imprensa. Na opinião da professora, no entanto, isso não impede que o tema deva ser discutido
– Durante o segundo turno, acompanhamos a eleição pela grande imprensa, mas também os blogs de jornalistas conhecidos e que já trabalharam na grande imprensa, como o Paulo Henrique Amorim, Rodrigo Viana e outros. Parecia que existia outra eleição. Para mim, isso é um indicativo de que deve haver mais pluralidade – afirmou.
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