Logo depois da definição do segundo turno das eleições presidenciais entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), os partidos começaram a se mobilizar em busca do apoio de Marina Silva (PV). A terceira colocada do primeiro turno surpreendeu com 19.636.335 milhões de votos, alcançando a marca de 19,3%, e passou a ser uma peça fundamental na disputa.

Já na manhã de segunda-feira (04/10), bases do PT se reuniram com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discutir os rumos da campanha de Dilma. Ministros, governadores e senadores eleitos estiveram presentes e analisaram o resultado do pleito. No lado do PSDB, a negociação do apoio da candidata verde começou ainda no domingo, mas José Serra não esteve diretamente envolvido, já que estava no velório do pai do senador Aécio Neves (PSDB), em Minas Gerais.

O Portal ouviu cerca de cem pessoas da comunidade PUC-Rio, entre professores, alunos e funcionários, com o objetivo de saber o que pensam sobre o destino dos votos de Marina Silva no segundo turno e como vai terminar a briga entre Dilma e Serra. De todos os entrevistados, 48,6% acreditam que os votos de Marina vão para José Serra, 36% acham que vão para Dilma, 11,7% não sabem e 3,6% acham que os votos serão anulados.

O estudante do 2º período de relações internacionais Guilherme Gomes, de 20 anos, espera que os votos de Marina beneficiem José Serra e diz ter votado na candidata do PV por causa da conjuntura política e eleitoral do país. Na opinião de Gomes, esse cenário dificulta dar o voto ao candidato que realmente quer.

– A Marina tinha uma plataforma e propostas muito legais, meu voto foi uma forma de dar apoio a essas ideias e não prejudicar meu candidato, o Serra – explicou.

A professora do Departamento de Geografia Rejane Rodrigues, de 47 anos, acredita que os votos de Marina Silva sejam dirigidos, agora, para o Partido dos Trabalhadores e não diretamente para Dilma Rousseff.

– A maior parte do eleitorado da classe média que votou na Marina vai levar os votos para a esquerda, porque não quer retroceder ao que aconteceu nas décadas de 1980 e 1990 – disse.

Com opinião bastante parecida, a estudante do 1º período de relações internacionais Marina Caresia, de 18 anos, acha que as políticas do PT são mais próximas do PV e que o PSDB só “pensa na elite” e que, assim, nada vai mudar no país.

A estudante de teologia do 5º período Maria Elizabeth Andrade, de 60 anos, acredita que os votos do PV sejam redirecionados para a Dilma, porque a candidata do PT tem o perfil mais parecido com Marina. Maria destacou, também, a importância de votar em um dos dois concorrentes.

– Votar nulo nunca. É preciso encontrar valores nos dois candidatos que chegaram ao segundo turno – justificou.

O agente patrimonial Irismar Carvalho, de 47 anos, acredita que os votos vão se dividir no segundo turno entre Serra e os nulos, a mesma dúvida que ele tem. Carvalho acredita que quem não votou na Dilma logo no primeiro turno é contra ela e, por isso, não faria sentido votar na candidata agora.

Aluno do 5º de publicidade, Fernando Raposo, de 20 anos, concorda que os votos vão ficar entre nulos e no candidato do PSDB, mas de forma alguma para o PT. Raposo disse que pretende votar em Serra porque não quer anular, nem votar em branco.

Trabalhador autônomo, Bill Bala – como é conhecido pelos alunos -, de 50 anos, contou que seu voto foi para a candidata verde porque ela é uma pessoa humilde e que veio de longe.

– Ela pode não ter vencido dessa vez, mas pode concorrer de novo no futuro e ganhar. Quantas vezes o Lula não se candidatou? Várias vezes!

Marina Silva, em pronunciamento após o resultado, defendeu que o PV deve se reunir para decidir qual das duas candidaturas vai apoiar. A candidata defende a discussão pois acredita que seus quase 20 milhões de votos pertencem ao eleitor.

– Vamos fazer uma discussão. Faremos uma plenária para avaliar nossa posição. O voto não é da Marina, nem de José Serra, nem da Dilma. O voto, fora da visão patrimonialista das coisas, é do eleitor – discursou.