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Rio de Janeiro, 24 de abril de 2024


Cultura

Premiado, ‘Tropa de Elite’ volta aos cinemas cariocas

Gabriela Ferreira - Do Portal

22/02/2008

Depois de ganhar o Urso de Ouro em Berlim, o filme ‘Tropa de Elite’ reestreou no fim de semana nos cinemas do Rio, de São Paulo e de Brasília. Até o fim da semana, 150 mil cópias em DVD vão renovar o fôlego do filme. Apesar da baladação interna, o diretor José Padilha quer mais. Espera que o longa tenha maior repercussão internacional. Ou, pelo menos, uma repercussão livre dos rótulos “estúpidos”. Em entrevista coletiva, Padilha tornou a rebater as críticas da revista ‘Variety’, que rotularam o longa de “fascista”, de “celebração da violência”.

–  A ‘Variety’ foi particularmente estúpida. Primeiro, porque eles já começaram dizendo que o Brasil era um país de 10 milhões de habitantes. No parágrafo seguinte, que 11,5 milhões de brasileiros viram o filme, ou seja, não sabem contar. Depois, falaram que o filme era fascista. Ora, para alguém dizer que ‘Tropa’ é fascista, tem que ignorar o próprio significado dessa palavra – argumentou.

Fascismo, lembrou Padilha, é movimento partidário de controle do Estado, do Parlamento, das produções artísticas e inclusive de escolas. “O meu filme apenas conta a história de um grupo de cem policiais que fazem parte de uma unidade de 40 mil policiais corruptos”, esclareceu. Em seguida, lamentou o fato de críticas em inglês, como a da ‘Variety’, terem repercutido mais do que as européias, simpáticas ao longa.

A despeito do final feliz, a repercussão no Festival de Berlim produziu mais rugas no diretor e sua equipe. A sessão para a imprensa foi exibida com legendas em alemão, não em inglês, como estava previsto. Entre outras restrições, a tradução simultânea para o inglês impediu que os espectadores ouvissem a música do filme.

–  O que nos acalmou foi que o festival fez, no dia seguinte, uma outra apresentação para a imprensa com as legendas corretas. Depois disso, nós só recebemos críticas boas do filme. Tanto que ficou em segundo lugar no ranking dos indicados.

Padilha afirmou que o importante foi Berlim ter entendido o filme, assim como o júri do festival, formado pelo diretor Costa-Gravas (presidente), pelo designer de produção Uli Hanisch, pelo técnico de som Walter Murch, pelo produtor Alexander Rodnyansky, e pela atriz Shu Qi. Segundo o diretor, a equipe não esperava ganhar o prêmio, mas uma repercussão internacional maior.

–  Só se falava em ‘Sangue Negro’, de Paul Thomas Anderson, que, além do Urso, também estava concorrendo a oito indicações do Oscar. Foi uma surpresa. Esse prêmio é uma vitória para o cinema brasileiro e uma vitória da luta que é fazer cinema no Brasil. Vai ajudar na distribuição do filme fora do país. Antes do Urso de Ouro, ele já estava vendido para toda a Europa. Agora espero vender para o mundo inteiro – animou-se.

Padilha tem três projetos em vista. O primeiro é trabalhar com o produtor de ‘Tropa de Elite’, Marcos Prado, em “Paraísos artificiais”, que aborda o comportamento da classe média em relação ao consumo e à distribuição das drogas. Além deste novo filme, ele ainda pretende fazer dois documentários: um sobre antropologia, que se passa na Venezuela, e outro sobre a fome, mostrando o ponto de vista de quem sofre com esse problema.