Serão exibidos amanhã, 21/09, no auditório do RDC da PUC-Rio, os documentários produzidos na cadeira Projeto de Filme I do curso de cinema da PUC-Rio. No encontro, serão exibidos oito trabalhos de mais ou menos quinze minutos, realizados por alunos do Departamento de Comunicação Social da universidade.

Em entrevista ao Portal, o professor da disciplina, José Mariani, explicou como funciona o projeto e qual a sua importância para os alunos de cinema. Segundo ele, a exibição dos filmes vem chamando a atenção da comunidade universitária.

– O curso já cresceu muito. Antes, a exibição dos documentários era na sala K102 e mais direcionada às turmas de cinema. Hoje, é muito mais aberto, o encontro migrou para o RDC e alunos de todos os cursos vêm assistir aos filmes – disse o professor.

A partir das exibições, os próprios alunos promovem debates entre si para discutir os filmes que produziram, no intuito de compartilhar pensamentos em relação aos documentários exibidos e trocar ideias sobre os temas abordados.

– Quando os alunos produzem algum material, querem que esse trabalho seja visto. Ninguém faz um filme com a expectativa de que fique escondido. Portanto, a iniciativa da exibição dos filmes surgiu para eles poderem divulgar seu trabalho e dividir o que produzem com os outros alunos – contou Mariani.

Para a aluna de cinema Marina Bouças, do 8º período, esse encontro entre os muros da universidade é necessário. Afinal, segundo ela, o curso de cinema deve oferecer aos alunos a exibição dos filmes produzidos por eles mesmos. Seu documentário, Em quadros, que também será exibido amanhã, trata da relação entre o fotógrafo e a fotografia e as modificações geradas pelo desenvolvimento tecnológico nessa relação.

O aluno Rafael Salim, também do curso de cinema, concorda com a importância da exibição.

– Acho incrível a iniciativa. Os filmes foram pensados ali, dentro daquele contexto. Faz todo sentido serem exibidos pela primeira vez dentro da universidade. A matéria Projeto de Filme I proporciona esses encontros “engraçados”, desde a proposta de ter que juntar algumas pessoas para se realizar um documentário até a apresentação do resultado das produções – revelou o aluno, cujo documentário tem como título: Um filme sobre nada ou até que alguma coisa acontece (foto abaixo).

A disciplina tem duas turmas por período, de modo que são realizados, em média, cinco documentários por turma. O processo é feito em etapas: primeiro, os alunos apresentam suas ideias à turma e ao professor. Depois, de acordo com o grau de afinidade com os temas, os outros escolhem o assunto que mais se identificaram dentre os apresentados em sala de aula.

A partir daí, são formados grupos de cinco ou seis pessoas. Todos os alunos devem fazer parte do processo de produção dos documentários, mesmo que haja uma segmentação do grupo – alguns ficam encarregados da pesquisa de campo, outros de conteúdo e outros da referência de linguagem. O ideal é fazer com que no final eles somem as informações para construírem em grupo o trabalho proposto.

Depois de unir os conhecimentos, os alunos definem quem vai exercer qual cargo (produtor, fotógrafo, diretor etc.) para começar a produzir o documentário. No semestre seguinte, os filmes são exibidos. Dessa forma, os alunos que estão cursando a matéria podem ter uma ideia do projeto e analisar os curtas realizados no período anterior. Depois da exibição dos documentários, o professor propõe em sala de aula debates para discutir os trabalhos.

– A ideia do curso é possibilitar o aprendizado de cinema documentário através de um exercício prático, no qual o trabalho em equipe é valorizado. É através da dinâmica de grupo que surge o confronto de ideias provocando a reflexão, a experimentação e a criatividade. A proposta é encorajar a iniciativa dos alunos e, ao mesmo tempo, apontar referências dos diversos estilos do cinema documentário sem oferecer soluções preestabelecidas – afirmou Mariani.

Segundo o aluno Pedro Henrique Barros, do 8º período, a proposta é muito positiva. Não só para os realizadores dos curtas, mas também para os alunos que estão cursando a matéria, que têm a oportunidade de conhecer o trabalho dos outros e analisá-los. Seu documentário será sobre Quadrinhos independentes no Rio de Janeiro (foto ao lado).

O professor Mariani ressaltou ainda a importância de ensinar aos alunos não só a teoria, mas também fazer com que eles ponham em prática as técnicas que aprendem em sala de aula.

– No curso de cinema da universidade, os alunos estudam a história do cinema, a teoria do cinema, a crítica do cinema, a direção cinematográfica, a fotografia de cinema, a montagem de cinema, a sonorização de cinema, ou seja, têm contato tanto com as cadeiras técnicas quanto com as cadeiras de teoria histórica. E essas duas disciplinas – Projeto de Filme I e II – existem para que esse conhecimento acumulado durante o curso seja posto em prática – disse o professor. – De certa forma, o conjunto dos documentários produzidos para “Projeto de Filme” apresenta não só o talento dos alunos, mas também a maneira a qual eles incorporam o que aprenderam com as disciplinas teóricas – concluiu.