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Rio de Janeiro, 27 de julho de 2024


Cultura

A exigência vai ser maior

Fernanda Ralile - Do Portal

18/02/2008

Estética – encontro entre TV e cinema nas minisséries da Rede Globo *

Quem veio?

O animador de computação gráfica Alexandre Romano e o produtor de efeitos visuais Cláudio Sampaio.

Por que veio?

Palestrar no seminário “Estética – encontro entre TV e cinema nas minisséries da Rede Globo”. Falaram sobre os efeitos gráficos e especiais que são utilizados para a linguagem televisiva. Por meio de algumas aberturas de novela e obras ficcionais da TV Globo, exemplificaram a computação gráfica como recurso de linguagem. Onde foi? Na PUC-Rio, 5 de Junho de 2007.

 

Melhores Momentos

(A) “Apesar de a TV Globo ter uma imagem única e concisa com a sua logomarca, ou seja, ter uma identidade visual conhecida, a gente tem também uma grande diversidade de programas e uma vasta abordagem de temas. Nós temos então que estar buscando elementos nas nossas referências de arte para poder dar a esses programas um pouco do que cada um tem de especial, mas ainda mantendo uma identidade que passe a mesma idéia e a mesma filosofia que a Globo tem para mostrar.”

(A) “A gente usa a computação gráfica como recurso para finalizar, para elaborar e dar forma às idéias que o departamento de criação passa pra gente.”

(A) “No fundo a abertura de novela é um curta-metragem, que está contando um pouco da história do produto ou até mostrando um pouco o visual que a Globo quer. Uma abertura quer comunicar, como um chamativo para as pessoas estarem ali assistindo àquele produto.”

(A) “É desafio da computação gráfica não ter sempre ‘cara de computação gráfica’. Às vezes a gente quer passar a tecnologia e essa coisa de novidade, dos efeitos, mas quer também, dependendo do tema, passar a simplicidade do filme antigo, do desenho animado tradicional. Então a gente tenta misturar um pouco dessas técnicas.”

(A) “Muitas vezes a gente tem o trabalho tanto de mostrar algo novo e diferente como de estar reafirmando dentro da TV Globo sua identidade visual, a cara que faz você reconhecer que está num canal que já tem uma tradição muito grande, tanto pelos produtos como pelo próprio visual.”

(A) “Nas aberturas de novela, todos esses produtos de entretenimento têm uma constante mudança e vão se adaptando, às vezes ao que está acontecendo no cotidiano. Mas, ao mesmo tempo, mantendo uma familiaridade que o povo brasileiro tem com a TV Globo.”

(C) “De uma forma geral, como funciona o nosso trabalho? Existe o texto que vem exatamente como o autor gostaria que acontecesse. Nós acertamos o texto com antecedência, lemos e é marcada uma reunião. Nessa reunião, o diretor vai dizer o que ele gostaria em termos de conceito de trabalho, daí nós vamos desenvolver esse conceito junto ao departamento, porque a gente tem que prever, antes de mais nada, prazos. Quando a gente tem o texto, é mais ou menos uma semana para estar preparando o material todo. E são alguns setores que vão fazer isto, ele é mais ou menos dividido na parte de oficina, ateliê e alguns terceirizados que produzem pra gente – isso e mais os técnicos de efeitos, que aplicam o trabalho na gravação e às vezes participam do processo de preparação também. Daí tem a gravação propriamente dita, quando o técnico dos efeitos estará aplicando o trabalho que foi preparado com antecedência no departamento.”

 

Uma palavrinha a mais

- Com a entrada da HD, o que irá dificultar no seu trabalho?

- Hoje em dia, por exemplo, a gente tem alta definição da televisão. Ela dá um polimento do nosso trabalho, então tem alguns defeitinhos e falhas de acabamento, que a gente sabe que a gente tá vendo ali que na TV atual não vai ao ar porque existe um filtro. A televisão está filtrando aquela informação e a gente sabe que o resultado em tela vai ser 100%. Mesmo que a gente esteja vendo a olho nu e percebe que tem alguma falhazinha no trabalho. A gente fala assim: Isso daí segura! O HD vai proporcionar o seguinte: ou vai funcionar 100% ou não vai funcionar. Então a exigência vai ser maior em termos de qualidade de trabalho.

- E como vocês estão se preparando?

- A gente está fazendo dois tipos de preparação. A primeira que é a principal e o grande diferencial: a qualificação da mão-de-obra. Essa é uma preocupação muito grande nossa, nós temos que qualificar os profissionais de uma maneira que eles tenham completa capacidade de fazer um trabalho 100%. E a segunda é com relação a materiais e equipamentos utilizados. Por exemplo, na área de caracterização a gente normalmente usa pincel, esponja... hoje nós estamos usando o aerógrafo, que nós já usávamos antes só que ele era usado de uma maneira complementar ao trabalho. Para a HDTV o nosso equipamento também vai ter que ser alterado, então já foi feito uma pesquisa no passado, já foi selecionado o equipamento, tipos de maquiagem líquidas que vão ser utilizadas como técnicas apropriadas que vão dar o acabamento necessário ou suficiente para o HDTV.

- Como você vê a relação entre a tecnologia e a arte? Até que ponto a tecnologia pode prejudicar?

- Eu acho que essa discussão desde que a tecnologia apareceu ela sempre existiu. Qualquer abuso ou exagero em relação à técnica que se utilize não é bom para o resultado final. O que acontece é que muitas vezes há um deslumbramento pela tecnologia que pode ser perigoso, mas aí é uma questão de dosagem. Acho que se tem dentro já da tua idéia de projeto, o projeto artístico já como final, o que tiver de tecnologia ou de técnica vai só ajudar.

- Como a música é escolhida nas aberturas dos programas da TV Globo?

- Algumas vezes existe uma sugestão nossa mas é muito raro. A música faz parte de todo um processo de criação do produto. Às vezes numa novela já existe um produtor musical que vai fazer essa escolha, acredito que a partir do produto mesmo. Nem sempre a música é escolhida em função da abertura, quase nunca isso acontece. Mas como todo mundo tem o mesmo objetivo final, as coisas acabam se encaixando.

- Na criação, como é o processo de pesquisa de vocês?

- Hoje em dia a internet deu uma facilidade muito grande. Normalmente quem trabalha com animação, computação gráfica, design já tem referências pessoais, aficionado. Tem gente na equipe que é fã de quadrinho pra caramba. Com a internet você tem acesso a curtas que não estão na grande mídia que também é sempre interessante. Se você vai fazer um projeto para um público mais geral como é o público da Globo, quanto mais referências você tiver, principalmente essas que estão fora da grade.

* Acompanhe a seqüência do seminário “Estética: encontro entre TV e cinema nas minisséries da TV Globo”:


1 – Luís Erlanger.
2 – Luiz Fernando Carvalho.
3 – Luiz Gleiser.
4 – Geraldo Carneiro.
5 – Maria Adelaide Amaral e Alcides Nogueira.
6 – Antônio Calmon.
7 – Daniel Filho.
8 – Guel Arraes.
9 – José Lavigne.
10 – Walcyr Carrasco.
11 – Sílvio de Abreu.
12 – Sérgio Marques.
13 – Glória Perez.
14 – Edson Pimentel.
15 – Maristela Veloso e Alexandre Ishikawa.
16 – Eduardo Figueira e Maurício Farias.
17 – José Tadeu e Celso Araújo.
18 – José Cláudio Ferreira e Keller da Veiga.
19 – Ariano Suassuna.
20 – Luiz Fernando Carvalho (e equipe).
21 – Betty Filipecki e Emília Duncan.
22 – Denise Garrido e Vavá Torres.
23 – Cláudio Sampaio e Alexandre Romano.
24 – Edna Palatinik e Cecília Castro.
25 – Roberto Barreira e Marcinho.
26 – Cadu Rodrigues.