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Rio de Janeiro, 26 de abril de 2024


País

Negócios solidários já movem R$ 8 bilhões no país

Andréia Martinz Monteiro - Da sala de aula

22/09/2010

 Divulgação

Os conceitos de responsabilidade social e ambiental, a conscientização e o desenvolvimento sustentável não são mais exclusividade de ações institucionais e da boa vontade de alguns. O comércio justo, ou fair trade, é uma forma de incentivar o consumo e a produção consciente e, ainda sim, gerar receita para todas as esferas produtivas.

O comércio justo começou na década de 1960 com ONGs européias que combatiam a exploração de agricultores em países subdesenvolvidos e defendiam a transparência dos meios de produção das empresas e seus produtos. Em seguida, as ações foram voltadas em favor dos pequenos produtores, agricultores e artesãos, facilitando a comercialização dos produtos na Europa, nos EUA e no Canadá.

O Velho Continente concentra o maior mercado para os produtos de fair trade, assim como as maiores empresas e fundações do meio. Segundo estimativa da European FairTrade Association (EFTA), os negócios de comércio solidário na Europa movimentam US$ 230 bilhões por ano. De acordo com a maior certificadora mundial de comércio justo, a alemã FairTrade Labelling Organizations International (FLO), no ano de 2009 a venda direta para o consumidor final fechou em US$ 4,17 bilhões.

Os últimos cinco anos foram os mais relevantes para o comércio justo no Brasil. O trabalho das instituições públicas e privadas brasileiras envolvidas com o fair trade tem sido o de levar esses conceitos para o pequeno produtor, agricultor e artesão. Em 2008, o Ministério do Trabalho e Emprego criou o Sistema Nacional de Comércio Justo Solidário (SNCJS), que visa regulamentar e orientar a "produção de base justa e solidária". Além do SNCJS, existem outras empresas e fundações responsáveis pela certificação do que é feito dentro dos princípios do comércio justo.

De acordo com a Agência Brasil, do governo federal, a economia solidária movimenta cerca de R$ 8 bilhões anualmente, com o engajamento de 22 mil empreendimentos. Contudo, no que diz respeito à promoção do comércio justo para venda direta aos consumidores finais, não há estimativas e as ações revelam-se insuficientes. Nesse caso, o importante é a propagação dos valores de consumo consciente na sociedade brasileira.

Uma das iniciativas que tentam aproximar o comércio justo do consumidor partiu do Instituto Realice, uma Organização Social Civil de Interesse Público (OSCIP), com a criação da Rede Asta. Seu objetivo é incluir economicamente grupos produtivos de baixa renda do Rio por meio da venda direta dos produtos artesanais. A Rede Asta viabiliza a comercialização desse artesanato para os consumidores finais pelo seu site e por intermédio  de conselheiros/revendedores munidos de catálogo.

Os produtos comercializados pela Asta vão desde objetos para decoração até artigos de vestuário, bijuterias,  acessórios. São produzidos com matéria prima reaproveitada, reciclada ou ecologicamente correta, sem abrir mão do design. Há cerca de 30 grupos de produtores artesãos na rede, escolhidos a partir dos princípios do comércio justo e com a condição de terem autonomia para produção de 300 peças por mês.

A iniciativa da Asta surgiu como uma solução para o escoamento da produção desses grupos. Alice Freitas, coordenadora executiva da Rede Asta e co-fundadora do Instituto Realice, credita aos produtores a existência e o espírito da rede. O conceito de venda constante e transparência é fruto de uma relação ao mesmo tempo profissional e de amizade. Para a coordenadora, “o sistema de governança faz com eles tomem algumas decisões. Tudo que é feito volta pra eles, desde problemas e até soluções. A relação é uma relação de parceria e colaboração eterna. Sem eles a gente não existe. A Asta gera uma sensação de pertencimento, certifica e dá credibilidade.”

Na opinião de Ednelson Soares, morador de São Gonçalo, artesão há 20 anos e patriarca da família que virou o grupo produtor Mãos Brasil, “a Asta veio e mudou tudo, ofereceu uma chance para o desenvolvimento profissional e o crescimento do nosso trabalho”. Fazendo objetos de design com material reaproveitado e jornal, chega a trabalhar com 20 pessoas em sua casa nas épocas de mais encomendas .

Estudante de design da PUC-Rio, Bianca Zaltman é estagiária de criação na Rede Asta. Na horas vagas, também é conselheira/revendedora. A proposta da rede foi o que mais lhe chamou a atenção quando soube da vaga para o estágio. “A realização de fazer parte de uma equipe tão diversa, que faz um trabalho consciente e ainda em interação com tantos grupos diferentes é bem grande”, diz a estudante.

A divulgação da Rede Asta fica por conta de páginas na internet, do trabalho de assessoria de imprensa e do boca a boca entre as conselheiras e suas clientes. Além do site, o trabalho com as mídias sociais inclui um perfil no Facebook, vídeos no Youtube e o blog Rede Asta, com notícias e making of de catálogos.

Para o futuro, o desafio da Asta é o crescimento potencial de comercialização. Em parceria com uma consultoria, foi realizado um planejamento estratégico cujo principal objetivo é aumentar o faturamento para investir na expansão da rede.

Sites de institutos brasileiros:

http://www.redeasta.com.br/index.php

http://www.facesdobrasil.org.br/comercio-justo-no-brasil.html http://www.eticabrasil.com.br/site/comercio_justo.php

http://www.akatu.net/

http://www.reporterbrasil.org.br/clipping.php?id=160

http://prattein.publier.com.br/texto.asp?id=120

 

Sites governamentais brasileiros:

http://www.fbes.org.br/index.php

http://agenciabrasil.ebc.com.br/home/-/journal_content/56/19523/979822 http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=264 http://www.mte.gov.br/ecosolidaria/Acontece_SENAES_7_ed.pdf http://www.mte.gov.br/tca_contas_anuais/2006/senaes.asp

http://www.mds.gov.br/noticias/parceiro-do-mds-ajuda-a-exportar-a-ideia-de-comercio-justo/view

 

Sites de fundações estrangeiras:

http://www.fairtrade.net/single_view1.html?&L=1&cHash=eedc00836c&tx_ttnews[tt_news]=134 http://www.european-fair-trade-association.org/efta/Doc/FT-E-2007.pdf

Texto produzido para a disciplina Laboratório de Jornalismo Impresso, lecionada pela professora Carla Rodrigues.