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Rio de Janeiro, 22 de dezembro de 2024


País

Em debate, a questão da segurança pública

Letícia Simões - Do Portal

11/02/2008

A manhã do terceiro dia de debates do ciclo “Caminhos do Brasil”, no Auditório da Pastoral, teve como tema a segurança pública. Na mesa estavam Jorge da Silva, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ) e ex-presidente do Instituto de Segurança Pública; Luís Fernando Pereira, professor da PUC, e Luís Mir, professor da Universidade de São Paulo (USP), historiador e especialista em literatura médica. Luís Fernando fez uma análise geral dos problemas da segurança pública no Brasil e disse que as causas da violência não são apenas econômicas, mas também a evasão escolar, a desigualdade social, a dificuldade de o jovem entrar no mercado de trabalho e o fato das quadrilhas serem uma espécie de agência de socialização. Jorge da Silva começou criticando a ação ocorrida, em julho de 2007, no Complexo do Alemão, e a comparou com a Guerra de Canudos – um modelo de busca da paz pela violência, com o qual ele não concorda. Em seguida, Jorge disse que a violência tem muitos aspectos e que, se uma sociedade quer viver em paz, deve considerar todas as formas: a física, mais real, e também a simbólica, na qual a discriminação, a impunidade e o pensamento machista são os exemplos mais conhecidos. Luís Mir abriu uma discussão sobre a questão da assistência médica às vítimas da violência e disse que há um colapso nesse sistema, assim como no sistema de segurança pública. Segundo ele, o Estado faz uma "avaliação vertical" das vítimas: "É assim: esse deve morrer, esse sofrerá traumatismos leves e esses outros ficarão incapacitados." Luís Mir aproveitou para criticar o presidente Lula: "O Estado deveria ser responsabilizado criminalmente. O presidente Da Silva dorme com 50 mil mortes e nada acontece com ele”. O Portal PUC-Rio Digital pediu a Luís Fernando Pereira e a Jorge da Silva indicações de um livro e de um filme que guardassem relação com o tema central da mesa. A seguir, as dicas.

De Luís Fernando Pereira: o livro “Cidade de Deus”, de Paulo Lins (Companhia das Letras, 1999, R$ 49,50); e o filme “Ônibus 174”, de José Padilha (Brasil, 2002). Segundo ele, “o livro e o filme retratam uma coisa pontual e significativa que foi é ação desastrosa da polícia no Rio de Janeiro”.

De Jorge da Silva: o livro “A Guerra Civil: Estado e Trauma”, de Luís Mir (Geração, 2004, R$ 79). Segundo Jorge, “o livro mostra que o Brasil vive um extermínio programado pelo Estado”; e o filme “Amistad”, de Steven Spielberg (Estados Unidos, 1997), “porque ele derruba a tese da benignidade da escravidão e mostra que esta era, acima de tudo, um comércio”.