Evandro Lima Rodrigues - Do Portal
23/08/2010“Todas mídias tradicionais sobreviverão se forem entendidas como um processo e não um fim”, afirmou o diretor de projetos e novas mídias da Central Globo de Esporte, Emanuel Castro (foto), sexta-feira passada, em palestra da XIV Mostra PUC. À plateia de estudantes, a maioria aluno de comunicação, o especialista apontou caminhos para a renovação do jornalismo. Segundo ele, é necessário "pensar as novas e antigas mídias como complementares e efetivar o público como colaborador de notícia".
Antes de abordar o tema “Novas mídias: um novo jornalismo”, Castro avisou aos incautos: quem esperasse a apreciação de novas tecnologias aplicáveis ao jornalismo, iria se desapontar. O encontro voltava-se à renovação de antigas plataformas de comunicação, como o jornal impresso. Para o diretor da Globo, previsões apocalípticas não têm fundamento. Os jornais permancerão, assegurou ele, mas terão de se ajustar aos modelos de produção influenciados pelas tecnologias digitais .
Na avaliação do especialista, a principal mudança remete à velocidade cada vez maior com que as novas tecnologias são adotadas. "Por exemplo, o ipod, uma das sensações do momento, em seis meses pode ser substituído por outra novidade", disse Castro. Para ele, entender esse processo é fundamental para aplicá-lo em benefício das mídias tradicionais e garantirá sua continuação.
– As mídias tradicionais estão tentando se reinventar. Todas sobreviverão se forem entendidas como um processo e não um produto final. Não existe uma briga entre jornal, TV e internet. Eles são complementares.
Castro considera a transposição do jornal impresso para o ipod, por exemplo. Para ele, esta adaptação não descaracterizará o veículo, "ao reinventar o modo de divulgação do conteúdo". Nesse sentido, o que menos influi é a plataforma:
– O jornal vai ser uma bela mídia dentro do ipod. O conteúdo será o mais importante.
Para ilustrar a aplicação da nova ferramenta ao conteúdo jornalístico, Castro lembrou a experiência da revista americana Time. Aplicativos com variadas fotos, vídeos e entrevistas reforçam a divulgação de uma mesma notícia.
Outra mudança significativa refere-se ao que se convenciou chamar de "jornalismo colaborativo". Os veículos de comunicação perderam o monopólio da informação noticiosa. Passaram a usar sistematicamente relatos de leitores, espectadores, ouvintes. O consumidor virou "repórter". Castro observou que, nessa nova configuração, sites de relacionamento antecipam algumas notícias que estarão na TV. Assim, destroem o mito do “jornalista super-homem” exposto pela mídia; do repórter que sozinho desvenda crimes, combate a impunidade, produz informação.
– Hoje a palavra de ordem é colaboração. Todos passamos a ser mídia. Não é mais somente a TV, o rádio e a internet.
O futuro do jornalismo exige também esforços e iniciativas de convergência entre as plataformas de mídia (jornal, rádio, TV, internet, celular). Prova recente disso foi, lembrou ele, a campanha “Cala a boca Galvão”, iniciada numa rede social durante a Copa do Mundo:
– A campanha saiu do twitter para a TV. Essa é a nova realidade. Mídias tradicionais convergindo para atuar com e como as novas mídias.
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