Projeto Comunicar
PUC-Rio

  • Facebook
  • Twitter
  • Instagram

Rio de Janeiro, 27 de julho de 2024


Campus

“Todos passamos a ser mídia”, afirma diretor da Globo

Evandro Lima Rodrigues - Do Portal

23/08/2010

Mauro Pimentel

“Todas mídias tradicionais sobreviverão se forem entendidas como um processo e não um fim”, afirmou o diretor de projetos e novas mídias da Central Globo de Esporte, Emanuel Castro (foto), sexta-feira passada, em palestra da XIV Mostra PUC. À plateia de estudantes, a maioria aluno de comunicação, o especialista apontou caminhos para a renovação do jornalismo. Segundo ele,  é necessário "pensar as novas e antigas mídias como complementares e efetivar o público como colaborador de notícia".

Antes de abordar o tema “Novas mídias: um novo jornalismo”, Castro avisou aos incautos: quem esperasse a apreciação de novas tecnologias aplicáveis ao jornalismo, iria se desapontar. O encontro voltava-se à renovação de antigas plataformas de comunicação, como o jornal impresso. Para o diretor da Globo, previsões apocalípticas não têm fundamento. Os jornais permancerão, assegurou ele, mas terão de se ajustar aos modelos de produção influenciados pelas tecnologias digitais .

 Mauro Pimentel Na avaliação do especialista, a principal mudança remete à velocidade cada vez maior com que as novas tecnologias são adotadas. "Por exemplo, o ipod, uma das sensações do momento, em seis meses pode ser substituído por outra novidade", disse Castro. Para ele, entender esse processo é fundamental para aplicá-lo em benefício das mídias tradicionais e  garantirá sua continuação.

– As mídias tradicionais estão tentando se reinventar. Todas sobreviverão se forem entendidas como um processo e não um produto final. Não existe uma briga entre jornal, TV e internet. Eles são complementares.

Castro considera a transposição do jornal impresso para o ipod, por exemplo. Para ele, esta adaptação não descaracterizará o veículo, "ao reinventar o modo de divulgação do conteúdo". Nesse sentido, o que menos influi é a plataforma:

– O jornal vai ser uma bela mídia dentro do ipod. O conteúdo será o mais importante.

Para ilustrar a aplicação da nova ferramenta ao conteúdo jornalístico, Castro lembrou a experiência da revista americana Time. Aplicativos com variadas fotos, vídeos e entrevistas reforçam a divulgação de uma mesma notícia.

Outra mudança significativa refere-se ao que se convenciou chamar de "jornalismo colaborativo". Os veículos de comunicação perderam o monopólio da informação noticiosa. Passaram a usar sistematicamente relatos de leitores, espectadores, ouvintes. O consumidor virou "repórter". Castro observou que, nessa nova configuração, sites de relacionamento antecipam algumas notícias que estarão na TV. Assim, destroem o mito do “jornalista super-homem” exposto pela mídia; do repórter que sozinho desvenda crimes, combate a impunidade, produz informação.

 Mauro Pimentel

 – Hoje a palavra de ordem é colaboração. Todos passamos a ser mídia. Não é mais somente a TV, o rádio e a internet.

O futuro do jornalismo exige também esforços e iniciativas de convergência entre as plataformas de mídia (jornal, rádio, TV, internet, celular). Prova recente disso foi, lembrou ele, a campanha “Cala a boca Galvão”, iniciada numa rede social durante a Copa do Mundo:

– A campanha saiu do twitter para a TV. Essa é a nova realidade. Mídias tradicionais convergindo para atuar com e como as novas mídias.