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Rio de Janeiro, 28 de abril de 2024


Mundo

"UE é referência no tema da segurança internacional"

Fernanda Miranda - Do Portal

17/08/2010

Camila Grinsztejn

"A União Europeia (UE) é uma referência hoje na questão da segurança internacional. No entanto, não por sua força militar, mas como agente produtor de segurança através da política". A afirmação foi feita em palestra proferida na sexta-feira, 13/08, no Instituto de Relações Internacionais (IRI) da PUC-Rio, pela professora de ciência política e relações internacionais Laura Cristina Ferreira Pereira, do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) da Universidade Técnica de Lisboa. O encontro contou também com a presença das professoras do IRI Letícia Pinheiro e Sonia de Camargo.

A professora Laura iniciou a palestra chamando a atenção para o fato de que o tema escolhido é uma espécie de tópico “umbrella”, pois afeta não somente a própria UE como os outros países. Além disso, lembrou que a denominação “segurança internacional” funciona como um instrumento de poder para a UE, porque a União se tornou uma referência mundial no assunto. A própria UE, segundo a especialista, foi desenvolvida com o objetivo de impedir novas guerras no território após as duas grandes guerras mundiais.

Laura Pereira declarou também que a UE tem procurado afirmar-se como um ator político, estratégico e de segurança onde os seus Estados-membros voluntariamente disponibilizam capacidades e meios para o gerenciamento de crises. Segundo a professora, debate-se atualmente na Europa a consolidação de uma força multinacional europeia, que, mesma limitada, desde 2003 tem sido colocada à disposição de um conjunto de missões que a UE conduz em diferentes regiões, como nos Bálcãs, na África, no Oriente Médio e no Sudeste Asiático.

− O que procurei demonstrar é que hoje existe um nexo entre União Européia e segurança internacional que é novo, que não era visível há 15 anos, e que permite falarmos da UE como uma organização internacional que tem uma presença, uma influência, na promoção da paz e da segurança. Isso é diferente da época da Guerra Fria onde a UE exercia um papel de mera consumidora de segurança para proteger seu próprio território − explicou a palestrante.

A professora da Universidade Técnica de Lisboa explicou também que a história não propiciou a formação de um sistema político único europeu como foi no caso dos Estados Unidos, assim como a consolidação de um exército comum. A França, por exemplo, afirmou Laura Pereira, um Estado fundador da Comunidade Europeia, não concordou com essa iniciativa, pois estaria perdendo seu exército próprio e ao mesmo tempo temia armar a Alemanha, que era sua antiga inimiga.

No entanto, segundo a professora, o engajamento da UE na segurança internacional não deve ser pensado a partir da criação de um exército comum. Ao fazer isso, corre-se o risco de dar uma conotação estatal ao tema e, vale lembrar, que a UE não se trata de um Estado, mas um tipo de organização internacional.