O último dia do seminário “Caminhos do Brasil” (13/08), dedicado ao Rio de Janeiro, foi marcado por duas das maiores preocupações do carioca. Tanto palestrantes quanto plateia focaram as questões nos problemas de segurança e de trânsito da cidade, considerados os maiores desafios do município para receber os megaeventos esportivos dos próximos anos – Jogos Militares (2011), Copa do Mundo (2014) e Olimpíadas (2016).
Para resolver o atual caos das vias da cidade, o urbanista Pablo Benetti (foto) propôs “compactar a cidade”. Segundo ele, o ideal é levar o máximo de atividades das Olimpíadas, por exemplo, para o Centro e concentrar os esforços na revitalização dessa região. "O projeto olímpico para o Rio é um modelo espalhado. Precisamos compactar e conectar a cidade".
Já o deputado estadual Alessandro Molon defendeu um modelo de transporte de massa, e não coletivo:
– As novas vias que estão sendo construídas [na Barra da Tijuca] deveriam abrigar bondes modernos [trens parecidos com metrôs de superfícies] e não novas rodovias – analisou.
Segundo Molon (foto), apostar no modelo rodoviário não resolve o problema. “Só vão criar novos engarrafamentos”. O deputado defendeu, além de novas vias metroviárias, o aperfeiçoamento das já existentes. Segundo ele, a ampliação do metrô até a Barra devia seguir o modelo de uma nova linha. “O ideal é um sistema de metrô com várias linhas”.
No mesmo caminho, o professor Benetti enfatizou a importância dos trens:
– No início do século o trem do Rio era o maior da América Latina. Hoje só corresponde a 3% do transporte de pessoas. Já passou da hora de transformá-los em metrô de superfície – acredita.
A proposta é um compromisso da cidade no contrato da candidatura, mas Benetti lança dúvida:
– Vamos ver se eles vão fazer mesmo.
Se nos transportes os especialistas ainda não vêem ações ou propostas que irão resolver os problemas do carioca, o quadro muda quando o assunto é segurança. A principal medida ao combate da violência urbana no Rio de Janeiro, as Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), foram elogiadas, mas com ressalvas. Segundo o deputado estadual Alessandro Molon, a medida é positiva, mas deve ter continuidade, independentemente do candidato que for eleito governador nas próximas eleições em outubro deste ano. “A UPP tem que ser política de Estado e não de governo”, afirmou Mollon.
A especialista de segurança Alba Zaluar também apoiou a medida e defendeu a expansão do modelo para outras regiões do estado:
– Para resolver o problema de segurança no Rio de Janeiro é necessário cuidar de toda a região metropolitana. A UPP tem que ir para esses lugares também – afirmou.
Outra ação crucial, segundo a especialista, é prevenir a violência na cidade impedindo a entrada de armas e drogas. Para Azular, as ações de segurança pública devem ser mais presentes nas áreas próximas às principais vias de acesso, como a avenida Brasil e a Linha Vermelha.
– Só há disputa quando o adversário acredita que pode vencer. A presença policial tem que ser tão ostensiva que tráfico e milícias desistam da guerra.
Presente no debate, a historiadora Marly Motta afirmou que os caminhos do Rio de Janeiro devem ser trilhados em direção à integração da capital com o interior. Segundo a professora, a união forçada do estado da Guanabara ao estado do Rio de Janeiro causou traumas nos dois lados e isso deve ser superado.
– O Rio de Janeiro carrega o peso de um passado glorioso: já foi capital do império português e depois da República. Com a criação de Brasília, a cidade foi incorporada ao estado do Rio de Janeiro apenas pela proximidade física e virou uma cidade como qualquer outra no país – finalizou.