O professor argentino Maximiliano Liñares ministrou a palestra "Variações rioplatenses na narrativa latinoamericana: Reformulações do realismo
Segundo o conferencista, Juan Carlos Onetti representa um dos escritores mais originais e importantes da língua espanhola. Liñares explicou que o escritor uruguaio se destacou desde o início dos anos 1930 por uma concepção de narrativa que se aproximou das técnicas estilísticas do modernismo europeu e dos contadores de histórias norteamericanos da época. Foi relevante, entre outras razões, por implementar a visão de mundo dos personagens da cidade na literatura uruguaia, mais tarde conhecida como literatura rioplatense.
Onetti também ficou marcado pelo romance A vida breve (1950), pioneiro na construção de cidades fictícias, como a "Macondo" de Gabriel Garcia Marquez, no romande clássico Cem anos de solidão. Para esclarecer aos presentes no encontro promovido pela Cátedra, o professor argentino explicou que o modernismo latino-americano corresponde cronologicamente ao simbolismo brasileiro.
Professor de Letras, doutor
─ Escolhi o tema "Reformulações do realismo em
Foi entregue na palestra um folheto com um pequeno resumo do percurso da narrativa latino-americana, assim como do início da carreira de Onetti e suas primeiras obras. Segundo o professor, desde os primeiros anos de sua carreira, Juan Carlos Onetti começa a desenvolver uma escrita na qual se destaca um movimento duplo: em torno de temas urbanos e com a presença dos sonhos de seus personagens.
A introdução do urbano marca os seus primeiros contos, como “Avenida de Mayo-Diagonal – Avenida deMayo”, de 1933, “El obstáculo”, de 1935, e “El posible Baldi”, de 1936, publicados em jornais de Buenos Aires e posteriormente reunidos no livro 47 Contos de Juan Carlos Onetti. O elemento onírico se torna recorrente a partir de 1939 com a publicação de O poço e mais tarde A vida breve, em 1950.
Para ele, dessa maneira fica configurado o início de uma das respostas mais originais na literatura rioplatense e, consequentemente, na latino-americana, chamado de realismo onettiano. Muito conhecido pela sua cidade ficcional, "Santa Maria", onde se passam muitas de suas obras, o escritor uruguaio também exerceu papel de editor do jornal Marcha. Onetti recebeu o Prêmio Nacional de Literatura do Uruguai em 1962 e o prêmio Miguel de Cervantes de literatura, em 1980.