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Rio de Janeiro, 24 de abril de 2024


Campus

O verde acalentava as leituras de João Emanuel Carneiro

Evandro Lima Rodrigues - Do Portal

10/12/2010

 Camila Grinsztejn

Ele não sabia qual carreira seguir. Sempre achou que “as coisas sairiam naturalmente em sua vida”. A única certeza era a universidade desejada. Assim iniciava-se a relação entre a PUC-Rio e o autor de cinema e TV João Emanuel Carneiro – autor da série recente A Cura.

Em 1989, o dramaturgo entrou para o curso de letras, estimulado menos pela perspectiva de uma carreira na área do que pelo contato com “bons professores”:

– A Eliane Yunes é a minha melhor recordação – afirmou.

A professora incentivou um dos trabalhos marcantes na universidade. Apreciador dos romances de cavalaria, o estudante aplicou a capacidade de contar histórias numa análise do clássico Dom Quixote de La Mancha, de Cervantes.

– Era um trabalho extenso de final de ano. Lembro que foi bastante comentado, tanto pela professora quanto pelos colegas.

Leitor voraz – por ofício e prazer –, João Emanuel adorava explorar o mundo literário nos espaços verdes e na biblioteca, seus locais preferidos na PUC. Ali ele devorou, por exemplo, os romances de Henry James. 

– Aproveitava o tempo livre para ler. Li bastante nos bons espaços que a PUC oferecia para o isolamento. Foram romances que até hoje adoro.

O isolamento, no entanto, se restringia às leituras. Em sala de aula, João Emanuel convivia com aproximadamente 40 colegas, todas mulheres. A exceção transformava-se, às vezes, em “engraçados constrangimentos”.

– O curso era voltado para secretariado, por isso havia muitas mulheres. A professora chegava e fazia o cumprimento geral: "Meninas!". Do meu canto, eu chamava a atenção dela: "E eu aqui professora?" – conta, com irreverência.Camila Grinsztejn 

O talento de João Emanuel para a dramaturgia começou a chamar atenção já na universidade. Conciliava as atribuições acadêmicas com a elaboração do filme Zero a Zero. A película rendeu ao jovem de 19 anos o Kikito (categoria 16 mm) no Festival de Gramado de 1992.

O futuro incerto dos primeiros períodos universitários começava a se desenhar. João Emanuel colaborou com o roteiro do também premiado Central do Brasil (1998), de Walter Salles, com o texto da minissérie A Muralha (2000), de Maria Adelaide Amaral, a estreia dele na TV.