O professor e economista Dionisio Dias Carneiro Netto faleceu ontem, aos 64 anos, no Rio de Janeiro. Ele sofria de hepatite e de um tumor no cérebro, mas as causas da morte não foram reveladas. Um dos fundadores dos cursos de mestrado e pós-graduação do Departamento de Economia da PUC-Rio, Dionisio Dias Carneiro Netto completaria 65 anos no dia 23 de setembro.

Na opinião do decano do Centro de Ciências Sociais (CCS), Luiz Roberto Cunha, o professor tem uma enorme contribuição para o ensino de economia no Brasil, em especial para o Departamento de Economia da PUC-Rio.

– Ele é a alma do Departamento de Economia – ressaltou.

O decano Luiz Roberto Cunha, que conheceu o professor por 40 anos, contou que Dionisio Dias Carneiro deixou a Fundação Getúlio Vargas (FGV), onde havia um dos melhores cursos de pós-graduação da época, em 1970, e foi para a PUC-Rio abrir o curso de pós-graduação, o mestrado. O departamento produziu planos econômicos e inovou nas questões marcoeconômicas, em especial sobre a inflação do Brasil.

– O maior legado foi que ele formou uma geração de grandes economistas no Brasil. Era um excelente professor. A quantidade de ex-alunos, jovens formados por ele que estavam aqui [na missa] era impressionante. Foi mais que um professor, era uma formador de pessoas. Acho que no Brasil nunca houve ninguém igual – ressaltou o decano.

Luiz Roberto Cunha acrescentou que Dionisio Dias Carneiro participou, junto com outros professores, das ideias do Plano Cruzado, que originou o conceito de metas de estabilização, e "contribuiu ideologicamente para o Plano Real". A colaboração foi principalmente na universidade, na formação, até mesmo de parte daqueles que criaram o Plano Real.

– Dionisio tinha uma didática fantástica. Ele fazia os alunos se desenvolverem muito mais do que na sala de aula – contou Luiz Roberto Cunha.

Dionisio Dias Carneiro foi professor de economia da PUC-Rio por 30 anos, entre 1977 e 2008, da UnB (1972-1973) e da EPGE/FGV (1974-1977). O professor foi consultor e conselheiro de diferentes empresas, dentre elas, era sócio-diretor da Galanto Consultoria e diretor do Instituto de Estudos de Política Econômica da Casa das Garças (IEPE/CdG). Autor de livros e artigos de economia. Escrevia uma coluna quinzenal no jornal O Estado de São Paulo. Foi vice-presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), entre 1979 e 1980. Integrou o Conselho de Administração da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), o Conselho Consultivo e o Comitê Financeiro da Brasif. Foi membro também do Comitê para o Planejamento e Desenvolvimento das Nações Unidas. Formou-se em economia pela UFRJ, na Escola de Pós-Graduação em Economia da FGV e na Universidade Vanderbilt, Tennessee, nos Estados Unidos.