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Rio de Janeiro, 27 de novembro de 2024


Cultura

Novas tecnologias abrem caminhos para a animação

Igor de Carvalho - Do Portal

19/07/2010

Os 300 filmes nacionais inscritos no 18º Anima Mundi – que se estende até o dia 25, com 452 produções, de 15 países – refletem o salto desse mercado no Brasil. Para a coordenadora do curso de pós-graduação em animação da PUC-Rio, o primeiro no Brasil, Maria Cláudia Bolshaw Gomes, o crescimento é resultado do uso de novas plataformas de divulgação.

– O mercado nacional tem se tornado mais potente por causa de novas plataformas para divulgar os filmes, como a internet e o celular. Os consumidores de animação têm outros meios para assistirem às obras, o que há 10 anos só era possível de se fazer nos cinemas – afirma.

Maria Cláudia acrescenta que a veiculação crescente na internet e no celular (de 22 produções na década de 1980 para 284 nos anos 2000), aliada ao avanço de programas de computação, também se reflete na formação profissional e nos negócios. Segundo a especialista, o desenvolvimento tecnológico exige cineastas mais versáteis e abre mais opções de mercado.

– Os programas avançados de computadores auxiliam nas produções e influenciam na formação dos novos profissionais. Há espaço tanto para quem quer seguir uma linha mais autoral e se tornar cineasta de animação, quanto para quem quer seguir uma linha mais de mercado, produzindo para empresas, séries de TV.

Segundo a especialista, o novo profissional tem características interdisciplinares. Precisa dominar, por exemplo, design, fotografia e computação gráfica. Para Maria Cláudia, essa evolução é observada em boa parte das produções do festival Anima Mundi, “uma ótima oportunidade de assistir aos trabalhos dos animadores brasileiros, em expansão”:

– A animação brasileira é riquíssima, com profissionais de muita qualidade. A quantidade de profissionais no mercado tem crescido. Só o curso de pós-graduação da PUC-Rio formou 150 alunos em sete anos.

Ex-aluno da PUC-Rio concorre no Anima Mundi com o filme Contemporânimos

Julio Cesar Carvalho, formado na pós-graduação da PUC-Rio em 2009, terá sua produção, o filme Contemporânimos, exibido nesta edição do Anima Mundi. Ele conta como nasceu a produção que concorre entre os curtas:

– Produzi o filme durante o curso na PUC. Levou quatro meses, depois que o storyboard (roteiro desenhado) foi finalizado. A idéia surgiu a partir de um personagem, um maestro, que criei para o Projeto Pauta Contemporânea, do Sesc, que aborda os aspectos teóricos e práticos da música contemporânea erudita.

O animador é designer gráfico do Departamento Nacional do Sesc e, nas horas vagas, trabalha como ilustrador. Ele explica as influências da PUC-Rio no filme:

– Foram muitas, desde o material apresentado nas aulas de História da Animação até a turma, da qual posso me orgulhar. Em breve saberemos de mais destaques no mercado de animação dentre os nomes da turma – prevê.

Além de concorrer com Contemporânimos no Anima Mundi, Julio Cesar teve seu filme selecionado para o Festival Internacional do Filme de Animação de Annecy, o maior do setor. Um reconhecimento acima das expectativas iniciais:

– Quando conclui o curso e entreguei o trabalho à PUC, fiz o que deveria ser feito. Inscrevi o filme no Festival de Annecy, no Anima Mundi e alguns outros festivais. Um procedimento padrão, sem grandes expectativas, mas que trouxe logo um surpreendente resultado, com a seleção para o Festival de Annecy. Estar no Anima Mundi também é uma honra, independente da competição. O Contemporânimos é minha primeira experiência em animação e espero que ele seja bem recebido por onde quer que passe – anima-se o jovem profissional.