Projeto Comunicar
PUC-Rio

  • Facebook
  • Twitter
  • Instagram

Rio de Janeiro, 6 de maio de 2024


País

Operação Atlântico II treina militares para proteção da costa

Lucas Soares - Do Portal

19/07/2010

Camila Grinsztejn

Uma operação de guerra moderna, cujo cenário envolve a defesa dos interesses brasileiros na Amazônia Azul – mar territorial brasileiro – e de parcela da Região Sudeste contra a possibilidade de cobiça estrangeira dos patrimônios petrolíferos e pesqueiros. Esta será a missão dos dez mil militares participantes da Operação Atlântico II, que começa nesta segunda-feira, 19, e se estende até o próximo dia 30. Marinha, Exército e Aeronáutica realizarão exercícios combinados no litoral brasileiro que servirão de treinamento contra possíveis conflitos. De caráter estratégico, a operação pretende avaliar a preparação dos nossos militares na proteção das riquezas minerais no Atlântico Sul.

Diferentemente da primeira iniciativa, em 2008, quando as atividades concentraram-se no Sudeste, nesse ano os exercícios se estenderão ao Nordeste. Às simulações de ameaças à infraestrutura petrolífera – em expansão, com a descoberta das reservas do pré-sal –, somam-se exercícios de combate à pesca ilegal. Serão 22 navios, 18 aeronaves e 17 tanques de combate a serviço da proteção de um território submerso de milhões de quilômetros quadrados com riquezas biológicas e minerais.

No apoio à cobertura jornalística do treinamento, 12 alunos do curso de Comunicação Social da PUC-Rio e 15 da UFRJ contribuirão para a divulgação institucional. Eles vão colaborar com a atualização do site da operação, com o treinamento de mídia para os oficiais e com a produção de reportagens sobre os fatos mais representativos do treinamento. Na apresentação do programa à imprensa, sexta-feira passada, na Ilha do Mocanguê, Base Naval do Rio de Janeiro, o subchefe de operações da Marinha, contra-almirante Paulo Ricardo Médice, ressaltou os benefícios recíprocos da participação dos estudantes:

– É uma oportunidade de estreitarmos os laços com os universitários, mostrar as atividades desenvolvidas pela Marinha e nos prepararmos para o contato com a mídia.

 Camila Grinsztejn Os exercícios seguirão um confronto hipotético, entre Brasil e “Vermelho”, potência média, com Forças Armadas bem equipadas e modernas. Nossos militares terão como objetivo defender a costa em dois cenários, chamados de “teatro de operações”. O primeiro, relacionado aos recursos petrolíferos, se desenvolverá nas áreas das Bacias de Campos, Espírito Santo e Santos, e da infra-estrutura de petróleo e gás da Região Sudeste. O segundo, relacionado à pesca, se desenvolverá nos Arquipélagos de Fernando de Noronha e São Pedro e São Paulo.

Coordenado pelo Ministério da Defesa, o treinamento será controlado a partir do Centro de Controle, no Comando de Operações Navais, no Rio de Janeiro. Ao custo de R$ 10 milhões, as manobras  incluirão ainda o patrulhamento constante da costa por aeronaves da Força Aérea, operações "anfíbias" em terra e simulações de ataques submarinos. A ocupação por forças inimigas de uma plataforma de petróleo na Bacia de Campos, emprestada às Forças Armadas pela Petrobras, fará parte das simulações.

Para o contra-almirante, a nova operação será mais complexa do que a primeira por se tratar de um cenário maior. O exercício, mais próximo da realidade, exige um apoio logístico superior das três Forças:

– Nós não temos ameaça real, mas precisamos estar preparados para uma situação de conflito. Só conseguimos isso nos adestrando para um possível combate – explicou.

Aliadas ao treinamento, atividades sociais serão desenvolvidas por 413 militares nas localidades onde estarão atuando. As populações de Angra dos Reis e Macaé, no Rio; Itaoca, no Espírito Santo; e o arquipélago de Fernando de Noronha contarão com atendimento gratuito de médicos e dentistas.  

Ao fim da operação, serão avaliadas as dificuldades e carências de cada Força Armada. Esta avalição servirá de base para aperfeiçoamentos e para uma próxima operação.

Uma segunda Amazônia

A chamada Amazônia Azul é uma área de relevante interesse econômico e ambiental que, assim como a Amazônia Verde, é ameaçada pela exploração predatória e pelos interesses internacionais. Sua extensão, que parte dos 8,5 mil quilômetros de litoral brasileiro e estende-se a 200 milhas náuticas em direção ao oceano, corresponde à área de uma Amazônia terrestre.

As grandes reservas de petróleo e gás fazem do mar territorial brasileiro potente alvo de cobiça  internacional, motivo de grande preocupação para a Marinha do Brasil. Somado a isso, a biodiversidade, as atividades pesqueiras, a segurança do país, o tráfego comercial, a pesquisa científica e o salvamento em desastres marítimos também são objetos da atenção de nossos militares.

Qualquer incidente nessa área poderá comprometer a produção nas 93 plataformas de petróleo, nos mais de 40 portos do país, ou ainda impedir o escoamento das exportações e importações brasileiras – 95% realizadas pelo mar.