Clarissa Pains e Igor de Carvalho - Do Portal
07/07/2010A televisão nos pilotis da Ala Kennedy da PUC-Rio parece falar sozinha. Comparados a dias atrás, quando a seleção de Dunga ainda batia ponto na África do Sul, os pilotis agora vazios nos horários de jogo denunciam uma queda significativa tanto no número de espectadores quanto nas vendas do comércio da universidade. A semifinal desta terça-feira,
– Só vejo porque gosto de futebol – justifica, Fábio Mendonça, aluno de engenharia civil – Qualquer jogo é pretexto, ainda mais com seleções tão boas como as da Alemanha e da Espanha.
Desde que a Holanda mandou o Brasil para casa, a estudante de comunicação Silvia Amaral não encontra motivos para ficar diante da telinha:
– Dá tristeza. Até a Argentina já saiu, então assistir para “secar” não tem mais graça – argumenta.
A eliminação brasileira também afetou o humor do consumo. Segundo Vânia Diniz, gerente da Fastway, nos pilotis da ala Kennedy, as vendas caíram depois que o Brasil deixou o Mundial:
– Vendemos 30% a menos em relação a junho. Na hora dos jogos do Brasil, as vendas costumavam aumentar cerca de 10%. Mas é difícil saber se o efeito negativo atual é por causa do “fim” da Copa ou das férias.
A saudade da participação verde-amarela não é unânime. Para Rafael Linhares, funcionário do restaurante Na Medida, os jogos da seleção de Dunga significavam menos lucro. Nem a televisão posicionada perto do restaurante, no térreo do Edifício Cardeal Leme, ajudava a impulsionar o consumo.
– Vendemos R$ 700 na parte da tarde. Em dia de jogo do Brasil, costumávamos vender cerca de R$ 50 apenas. – conta – Poucas pessoas se reuniam. Geralmente, só ficavam os funcionários e os seguranças.
A ressaca da eliminação representa também mudança na rotina festeira. Depois de assistir aos jogos do Brasil em casa, a estudante de Relações Internacionais Érica Ramminger, de 22 anos, reunia-se com os amigos no Baixo Gávea. Ficavam lá até o fim do dia, mesmo se a partida tivesse começado às 11h.
– Saía de casa com R$ 50 e voltava com R$ 2. No dia em que o Brasil perdeu para a Holanda, acabei gastando um pouco mais.
Na falta do Brasil, alguns adotam outros times para torcer. Ontem, Érica encontrou-se com os amigos Mariana Brito e Bruno Hwang no restaurante do Seu Pires, próximo à entrada da PUC-Rio, para torcer pelo Uruguai. A presença do "botafoguense" Loco Abreu na seleção uruguaia contava pontos, afinal, “ele era o Botafogo na Copa”. Agora, disputado apenas por “colonizadores”, o Mundial termina definitivamente para Érica.
José Carlos e Rômulo Costa, de Engenharia Civil, apostavam na Alemanha, “a seleção que apresenta o melhor futebol no momento”. A preferida do colega de curso Peter Phillips ainda tem chance: Holanda, "a mais simpática". Para o aluno de Comunicação Social Samuel Fernandes, ganhar ou perder “não faz mais diferença”.
– Só não quero que a Holanda vença porque foi o carrasco do Brasil. Quero que perca de
Waldecir Farias, estudante de Ciências da Computação, assistiu na PUC-Rio a todos os jogos da seleção brasileira. Ontem, ele era torcedor do Uruguai, assim como boa parte dos órfãos da América do Sul na Copa.
– Sempre me reunia com os amigos nos pilotis do Kennedy e comprava cookies. A Copa acabou para o Brasil, mas ainda vinha assistir aos jogos aqui.
Já o amigo Daniel Blando quer que a Holanda vença a Copa. Ele explica:
– Se a Holanda ganhar, teremos perdido para a campeã. O status do Brasil melhora.
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