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Rio de Janeiro, 25 de abril de 2024


Cultura

Cenografia, a arte da intuição

Fernanda Ralile - Do Portal

16/01/2008

Estética: encontro entre TV e cinema nas minisséries da TV Globo *

Quem veio?

José Cláudio Ferreira, 44, carioca, e Keller da Veiga, 53, mineiro, cenógrafos.

Por quê?

Convidados pelo Departamento de Comunicação da PUC para palestrar no seminário “Estética – Encontro entre TV e cinema nas minisséries da Rede Globo”. A aula teve como objetivo discutir temas como a construção de projetos cenográficos em dramaturgia e os tipos de materiais utilizados.

Onde e quando?

Na sala 102K, dia 10 de maio, das 11h às 13h.

 

Melhores Momentos

(J) “Se não tiver uma luz e uma fotografia interessante não há cenário real. Cenografia, até jogando contra o meu patrimônio, é luz. Uma boa cenografia com uma boa luz é gol!”

(J) “Nunca o nosso orçamento é tão grande quanto a nossa criação, então a gente têm que estar sempre se adaptando a isso.”

(J) “O trabalho do cenógrafo, pode parecer estranho falar, tem um alto grau de intuição. Porque além da gente pesquisar e viajar para compor o cenário de uma novela, a gente tem que captar um pouco do clima. Você tem que passar além daquilo que está escrito.”

(J) “O cenógrafo é aquele que transporta o espectador fazendo ele se desligar da sua realidade.”

(J) “Data de exibição na Globo é sagrado. Dia 18 de junho estréia minha novela, pode ter furacão no Rio de Janeiro, terremoto, nevar, a gente vai estrear a novela dia 18 de junho. Eu tô há quase 25 anos na TV Globo e já vi tudo mudar, menos data de exibição.”

(J) “Agora vocês estão na fase mais teórica da universidade, é uma maravilha! Mas quando vocês forem fazer esse trabalho vocês vão se deparar com orçamento e nós, além de artistas e técnicos, temos que ser produtores. Isso é fundamental pra você sobreviver e ser um bom profissional, não adianta ter boas idéias não realizáveis.”

(J) “Nosso cliente é a lente, depois o espectador. Se você for na cidade cenográfica você vai chegar e falar ‘Ah! É tão pequenininho!’ Mas a gente força um pouco isso porque a lente não lê assim. E a gente está falando primeiro para uma lente, nosso olho é a lente.”

(K) “Cenário não é cenário. Cenário é cenário, é luz, é figurino é produção de arte, é direção. Você tem que fazer um cenário onde o comportamento das pessoas não é o normal, permitir ao diretor criar situações de cena dentro de um layout que é visto por uma lente de câmera.”

(J) “O cenógrafo na TV Globo atua em várias áreas. A gente faz um pouquinho de paisagismo, orienta como quer a cidade cenográfica, sugere a fotografia. Lá você tem departamentos que te guiam, mas você precisa de uma orientação sua. Em todas as áreas a gente têm que ter um grau de conhecimento pra desenvolver.”

(K) “Se você fizer uma mesma cena e pegar dez diretores, você vai ter dez movimentações e posicionamentos de câmeras diferentes.”

(J) “Nós fazemos da novela um Casa Cor, toda hora. Se você tem um Casa Cor com 90 ambientes, em que cada arquiteto faz um, imagina fazer 90 ambientes com um arquiteto só, é uma loucura! Eu brinco até que ás vezes tenho dificuldade de comprar móvel pra mim porque eu já usei quase todas as camas que vi no mercado, todos os sofás, abajures. A minha casa é quase um acampamento.” (risos)

(K) “A gente usa uns nomes específicos na cenografia. O maquinista é o pedreiro, o cenotécnico é o mestre de obras, o cenógrafo é como se fosse o arquiteto da obra, a gente têm um gerente de produções cenográficas que seria o engenheiro da obra...”

(J) “Primeiro eu procuro atuar em várias mídias: novela, televisão, publicidade, show. Estar se renovando, viajar, ver o que os outros estão fazendo também é interessante. É uma renovação constante, você tem que estar sempre buscando e vendo quais as tendências, ver o que está acontecendo, o que é aquele movimento, o que é aquilo ali. É um grau de intuição seu também, que a gente não sabe explicar muito bem. Mas a gente se renova sempre, vendo os outros, vendo o seu, vendo uma coisa que você fez e não gostou, ou uma coisa que você fez, gostou e pode melhorar. E quando você percebe que não vai ter dinheiro suficiente para terminar um cenário, ou finalizar algum detalhe de um trabalho, o que você faz? Eu tenho que me planejar, isso não pode acontecer. Eu vou ter achar alguma solução. Muitas vezes você está com um planejamento e ele tem que ser alterado por n motivos: um ator ficou doente, um diretor mudou de idéia. Daí você tem que se readaptar.Você vê o que é possível fazer, e aí você vai ter que reinventar aquilo, muda uma coisa aqui, outra ali, usa um truque.”

 

* Acompanhe a seqüência do seminário “Estética: encontro entre TV e cinema nas minisséries da TV Globo”:

1 – Luís Erlanger.
2 – Luiz Fernando Carvalho.
3 – Luiz Gleiser.
4 – Geraldo Carneiro.
5 – Maria Adelaide Amaral e Alcides Nogueira.
6 – Antônio Calmon.
7 – Daniel Filho.
8 – Guel Arraes.
9 – José Lavigne.
10 – Walcyr Carrasco.
11 – Sílvio de Abreu.
12 – Sérgio Marques.
13 – Glória Perez.
14 – Edson Pimentel.
15 – Maristela Veloso e Alexandre Ishikawa.
16 – Eduardo Figueira e Maurício Farias.
17 – José Tadeu e Celso Araújo.
18 – José Cláudio Ferreira e Keller da Veiga.
19 – Ariano Suassuna.
20 – Luiz Fernando Carvalho (e equipe).
21 – Betty Filipecki e Emília Duncan.
22 – Denise Garrido e Vavá Torres.
23 – Cláudio Sampaio e Alexandre Romano.
24 – Edna Palatinik e Cecília Castro.
25 – Roberto Barreira e Marcinho.
26 – Cadu Rodrigues.