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Rio de Janeiro, 18 de maio de 2024


Campus

De volta aos bancos escolares

Joana Tiso - Da sala de aula

15/01/2008

Especialistas afirmam que, às vésperas das inscrições para o vestibular, dois entre três vestibulandos ainda têm dúvidas em relação ao curso. Afinal, por volta dos 17 anos, essa pode ser a decisão mais importante tomada até então. Bárbara Passarelli, de 26, não se arrepende de ter optado por Direito, em 1998. Porém, depois de formada e de passar um ano e meio estudando para concurso público, ela decidiu voltar à PUC-Rio. Mesmo sem mostrar remorso por ter investido mais de seis anos na carreira jurídica, Bárbara admite que poderia estar com uma vida bem diferente se tivesse escolhido Psicologia, seu atual curso, desde o início.

– Valeu muito a pena ter feito Direito. Gosto da teoria, mas não me encontrei profissionalmente – conta ela. – De vez em quando penso que se tivesse feito Psicologia no vestibular já estaria formada e trabalhando. Só não me arrependo porque naquela época eu não faria essa escolha e não tinha a maturidade que tenho hoje para encarar o curso de uma forma muito mais séria.

Colega de turma de Bárbara, Julio Lopa também se formou em Direito na PUC-Rio. Depois, fez três pós-graduações e se tornou procurador da Fazenda Nacional. No entanto, aos 38 anos, decidiu estudar Psicologia. Seu objetivo é conciliar as duas carreiras.

– Na verdade, nunca deixei de estudar desde que acabei a faculdade. E resolvi fazer uma nova graduação porque não me interessei por mestrado algum na minha área. Mas valeu muito a pena. Meu único arrependimento é de ter cursado Direito sem interesse, porque era muito garoto – afirma Lopa, que fez o curso dos 17 aos 22 anos.

Ao contrário do amigo, Bárbara vai começar da estaca zero. Segundo a estudante, Direito faz parte do passado e ela já faz planos para o futuro. Ainda no primeiro período, ela pretende iniciar a busca por estágio no próximo semestre.

– Minha principal motivação é a realização pessoal. Agora estou fazendo algo de que realmente gosto, independentemente de grana. Afinal, vou ficar mais uns quatro anos sem ganhar dinheiro, pelo menos como psicóloga. Quero muito ser bem sucedida, me sentir realizada. Estou louca para trabalhar e produzir. Hoje sinto isso de uma forma que nunca senti antes – garante ela.

O estímulo para recomeçar pode até variar. Mas é raro encontrar alguém que lamente o retorno às aulas. Lope e Bárbara são unânimes em afirmar que a segunda experiência é bem mais interessante.

– É incomparável, é 100% diferente – assegura Bárbara. – Eu aproveito muito mais. Sei que hoje consigo isso pela maturidade que tenho, e que não tinha aos 18 anos, e por estar apaixonada pelo curso.

– A segunda experiência é sem comparação. As aulas são todas puro prazer, não dá vontade de acabar. E a faculdade está sendo sugada ao máximo – confirma Lopa.

Apesar de felizes, não é fácil tomar a decisão de voltar à universidade. Sobretudo em situações semelhantes à de Bárbara, que desistiu da antiga profissão e vai em busca de uma nova. Encarar uma vez mais a graduação e a luta para entrar no mercado de trabalho não é nada fácil. Haja coragem e disposição.

– A maior dificuldade é aceitar que vale a pena passar mais alguns anos sem ganhar dinheiro, sem independência e ainda na casa dos pais – conta ela. – Tenho muita vontade de casar, mas não há condição. Outra grande dificuldade foi encarar o medo que tinha de assumir isso para o meu pai (advogado) e decepcioná-lo. Mas, depois que falei com ele, vi que esse temor era muito mais coisa da minha cabeça. Meus pais me apoiaram completamente nesta troca.

No caso de Lopa, o receio era de encarar uma turma de jovens com cerca de 20 anos a menos do que ele. Para sua surpresa, acabou conhecendo pessoas que também estavam retornando aos estudos.

– Tinha medo de enfrentar a criançada, ser o tio da turma e não ter paciência para as perguntas idiotas – assume.

Há também quem volte à faculdade por falta de oportunidade na carreira que escolheu. Joana Beleza, de 28 anos, é formada em Letras e tem duas pós-graduações. Ela sempre sonhou em dar aulas de Língua Portuguesa, mas não conseguiu emprego na área.

– O mercado é ruim, restrito, e o salário é baixo. Decidi cursar Comunicação Social justamente para abrir o campo de trabalho. Há mais áreas – diz ela.

Embora esteja feliz com o novo curso, iniciado em agosto do ano passado, Joana não desistiu de lecionar. Se surgir uma boa chance, ela já avisou que não vai desperdiçá-la.

Bárbara, Lopa e Joana não precisaram fazer vestibular para voltar a estudar. Todos os semestres a PUC-Rio abre vagas para portadores de diploma. A admissão é feita através da avaliação de currículo. O requerente tem de entregar, entre outros documentos, diploma, histórico escolar e uma carta justificando o pedido. Quem estiver interessado, pode encontrar mais informações no site da PUC (www.puc-rio.br) ou na Diretoria de Admissão e Registro (DAR) da universidade, na Rua Marquês de São Vicente, 225, Cardeal Leme, na Gávea.