Os colombianos vão às urnas no próximo domingo, 20 de junho, no segundo turno das eleições presidenciais, muito provavelmente para determinar a continuidade da política do atual presidente Álvaro Uribe e a vitória do candidato governista Juan Manuel Santos (Partido da U). Apesar da baixa credibilidade das pesquisas na Colômbia, em função das previsões erradas no primeiro turno, as sondagens indicam que Santos chega ao fim do pleito com 65% das intenções de voto, contra 37% do candidato oposicionista do Partido Verde, Antanas Mockus.

A campanha de Mockus chegou a alavancar um crescimento de 20p.p. em dois meses antes do primeiro turno e causou sensação internacional com o uso da internet, mas não decolou. Apesar dos 61 mil seguidores no Twitter e as 764 mil pessoas que o acompanham no site de relacionamento Facebook, o mais popular no país, o candidato do Partido Verde não conseguiu transformar sua popularidade em votos.

Para a especialista em Colômbia do Observatório Político Sul-americano (OPSA), Tatiana Oliveira, o diferencial está na eficiência da campanha dos dois candidatos.

– A diferença entre os dois é que Juan Manuel Santos fez uma campanha impecável. Ele utilizou todos os meios como forma de propagar a sua imagem. Além disso, ele é reconhecido por ter combatido as FARC. É como a ministra Dilma Roussef, no Brasil, que é vista como mãe do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – explicou.

De acordo com William Ortiz, do grupo de estudo em política e guerra da Universidade Nacional da Colômbia (UNAL), Mockus só obteve visibilidade porque seu crescimento nas pesquisas não era esperado.

– Acredito que o aumento das intenções de voto no candidato do Partido Verde possa ser consequência da procura de estudantes e da classe média por outra alternativa política. Porém seu crescimento foi limitado porque 50% da população colombiana não possui internet - esclareceu.

Para o Ortiz, o grande diferencial de Juan Manuel Santos na campanha presidencial, além do apoio do atual presidente Álvaro Uribe, que possui uma taxa de aprovação de cerca de 70%, foi a contratação do publicitário venezuelano Juan José Redón, conhecido por fazer “publicidade negra”.

– O assessor de propaganda de Santos manipulou o discurso do opositor como forma de criar insegurança nos eleitores. Foi dele inclusive que partiu o boato que Antanas Mockus era ateu, o que causou indignação na população e culminou com o candidato desmentindo, e explicando que já estudou em colégio católico e foi coroinha – afirmou.

No entanto, para o especialista, mesmo negando os boatos, os colombianos continuaram a ter em mente uma imagem de “falta de caráter” do candidato verde, por não ter uma política agressiva contra as FARC e não se impor contra o governo venezuelano de Hugo Chávez, como o atualmente Bogotá se posiciona. Segundo Ortiz, esses fatores foram os pontos principais que fizeram o ex-candidato Gustavo Petro, do Pólo Democrático Alternativo (PDA), mais à esquerda no espectro colombiano, a não apoiar o candidato do Partido Verde.

–  Mockus foi muito indeciso em criar suas propostas. Teve medo de criticar as ações do presidente Álvaro Uribe, principalmente no caso dos “falsos positivos" [em que soldados do exército são acusados de matar pessoas inocentes, alegando a relação destas com o narcotraficantes, para receber recompensas prometidas pelo governo], além da reforma da saúde que só favorece os mais ricos – criticou.

Rodrigo Losada, diretor do Departamento de Ciência Política da Pontifícia Universidad Javeriana na Colômbia, crê que o apoio de Álvaro Uribe foi decisivo para a aprovação de Juan Manuel Santos pela população. Mas, segundo ele, é inegável que o comprometimento com a continuidade é o que colocou Santos à frente nas pesquisas. Diferentemente de Antanas Mockus, que não conseguiu apoio de qualquer outro partido para o segundo turno.

De acordo com Losada, o candidato do Partido Verde perdeu a possibilidade de se unir a Gustavo Petro (Pólo Democrático Alternativo).

– Petro acabou decidindo se afastar porque muitos membros do partido não concordavam em se associar a um candidato mais à direita – declarou.

Segundo o jornal El Tiempo, o resultado da eleição presidencial deverá sair às 20h de domingo (horário de Brasília).