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Rio de Janeiro, 2 de maio de 2024


Campus

Semana do Meio Ambiente debate PUC sustentável

Camila Grinsztejn - Do Portal

11/06/2010

 Camila Grinsztejn

De segunda, 14/06, à sexta-feira, 18, o Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente da PUC-Rio (Nima) promove a XVI Semana de Meio Ambiente, uma série de debates e oficinas na universidade com o objetivo de mobilizar a comunidade acadêmica em torno do projeto de tornar o campus sustentável. Os encontros, que ocorrerão de 9h às 18h todos os dias da semana, servirão também para divulgar a Agenda Ambiental da PUC, lançada pelo Nima no final do ano passado.

Para o jornalista e professor do Departamento de Comunicação André Trigueiro, a PUC não se destaca apenas por pensar em metas e prazos e na tentativa de mobilizar a população, mas por estar agindo na direção da sustentabilidade, oferecendo cursos regulares e de extensão, pós-graduação e matérias eletivas que tratam da preservação do meio ambiente. Segundo Trigueiro, esse projeto é desdobramento de um trabalho que começou com a iniciativa do vice-reitor Pe. Josafá Carlos de Siqueira, S.J, quando inaugurou o Nima em 1999.

Camila Grinsztejn O professor do Departamento de Geografia e vice-coordenador do Nima, Fernando Walcacer, disse que a etapa inicial é a mais difícil, dado que envolve a articulação de aproximadamente 20 mil pessoas em torno da causa. Além disso, o Nima precisará procurar reconhecer interlocutores, avaliar orçamentos e definir metas de curto prazo que serão prioritárias.

– Nesse momento estamos ganhando apoio para as nossas ideias, para que deixe de ser uma conversa "de bicho grilo" e o meio ambiente passe a ser uma preocupação de todo mundo. Este é um processo que está crescendo de forma sustentável e organizada para não atirarmos no nosso próprio pé – afirmou Walcacer.

Para Trigueiro, o setor de compras da PUC precisa ser o primeiro a ter um protocolo sustentável, não pode se orientar apenas pelo preço, por melhores condições de pagamento e pronta entrega. Ou seja, na hora de comprar material de escritório, madeira para fazer obra, tijolo ou cimento, deve priorizar fornecedores certificados, produtos e serviços com "pegada ecológica reduzida", o impacto ambiental acumulado durante todo o processo de produção e distribuição de um bem.

Segundo Walcacer, o projeto da universidade sustentável tem como base a interdisciplinaridade. Para o vice-coordenador do Nima, uma das tarefas da instituição e um dos objetivos do projeto de sustentabilidade é formar profissionais e futuros líderes que estarão conectados com as questões ambientais. Por exemplo, o engenheiro que a PUC formará terá uma visão mais abrangente, não vai apenas aprender como se corta ou como se abre uma estrada. Vai se preocupar com o que existe em volta, com a biodiversidade, com as mudanças climáticas e sobre como poderiam ser mitigados os possíveis impactos ambientais na região.Camila Grinsztejn 

De acordo com a Agenda Ambiental, os protagonistas da transformação da PUC em uma universidade sustentável serão os alunos, funcionários e professores. Walcacer destaca que os estudantes são o grupo mais aberto a contribuir e para o qual as ações estão voltadas. Existe a consciência de que os problemas ambientais estão diretamente relacionados com seu futuro, por isso os jovens compreendem melhor a necessidade das mudanças. Os funcionários passarão por uma alfabetização ecológica e poderão incorporar práticas sustentáveis no dia a dia dentro e fora da universidade. O nicho dos professores é considerado o mais problemático tendo em vista que, muitas vezes, os docentes já possuem saberes estratificados, bem compartimentados e, eventualmente, podem ter dificuldades em se abrir para novas maneiras de pensar o mundo.

– A instituição deve repensar o seu papel a partir de uma ameaça vinda das mudanças climáticas. Se não for a universidade para mudar a cabeça das pessoas, a forma como agem, quem será? Certamente não serão as empresas nem os políticos – disse Fernando Walcacer.

O professor do Departamento de Geografia e coordenador do Nima Felipe Guanaes afirma que “nenhum processo de mudança ocorre sem contradição”. O coordenador lembra que o projeto conta com total apoio da alta administração da universidade e foi declarado pelo Reitor Pe. Jesus Hortal, S.J, como prioridade para o ano de 2010.

– Com uma reitoria comprometida, há uma série de mudanças burocráticas que podem ser exigidas pela universidade como, por exemplo, que não sejam aceitas monografias sem impressões frente e verso ou que todas as petições internas passem a ser digitalizadas com o intuito de evitar gastos desnecessários de papel – disse Guanaes.

Segundo André Trigueiro, é preciso chamar a atenção dos estudantes de engenharia, por exemplo, para a energia fotovoltáica (energia solar). Da mesma forma, o estudante de hidráulica precisa saber como é construir um prédio com captação de água da chuva ou adaptar construções antigas. Outra ideia seria “fazer a mostra PUC em padrões de universidades sustentáveis, sem alumínio nem tapete vermelho, convocando o pessoal do bambu”. O jornalista aponta o curso de publicidade como peça fundamental no momento da transição para fomentar o debate, apresentar o projeto, desenvolver e construir campanhas.

Mauro Pimentel – Isso é abrir espaço para quem já está na universidade, ensinando ou aprendendo, praticar aqui. É preciso ser coerente, se consideramos essa questão importante e temos vários cursos que falam sobre sustentabilidade, não deveriam existir tantas dificuldades de operar as mudanças no dia a dia. Acho que está faltando conquistar a comunidade para a causa. Para fazer isso, basta ir ao Departamento de Comunicação e elaborar um concurso de campanha. Tenho certeza que vamos ter centenas, milhares de propostas de como encaminhar essa questão. Isso não é problema, a PUC tem muita gente pronta para mudar.

Trigueiro afirmou ainda que “a agenda ambiental é um ótimo começo e merece seu valor, mas ela por si mesmo não muda a realidade, inspira a mudança”. Segundo o jornalista, deve-se mostrar que sustentabilidade é algo que traz ganho econômico em vários sentidos. A imagem e a reputação da universidade ganha quando começa a ostentar indicadores de eficiência no consumo de matéria e energia.