Projeto Comunicar
PUC-Rio

  • Facebook
  • Twitter
  • Instagram

Rio de Janeiro, 2 de maio de 2024


Campus

Jogos de “soma zero” conduzem o cotidiano

Evandro Lima Rodrigues - Do Portal

21/05/2010

“A comunicação é esquisita. Os seres se comunicam desde que sejam sexuais”. A afirmação do professor Eduardo Neiva, titular da Universidade do Alabama em Birmingham e ex-diretor do departamento de Comunicação da PUC-Rio, sintetiza um dos pontos altos de palestra na PUC-Rio. Ele explicou aos estudantes como os jogos de  “soma zero” se aplicam no cotidiano, na vida conjugal e na habilidade de se comunicar. 

– Conflito e cooperação fazem parte do cotidiano. Os jogos de soma zero são observados no dia a dia. Sempre haverá um ganhador e um perdedor. Assim, a partir do cálculo matemático dos opostos que se anulam, ganhar e perder ou perder e ganhar têm como resultado a soma zero – argumentou Neiva, autor do livro Jogos de comunicação - Em busca dos fundamentos da cultura (Ática, 1998), baseado na Teoria dos Jogos do matemático John Nash, Prêmio Nobel de Economia.

De acordo com o professor, as disputas de "dois assimétricos com desejos diferentes" são abertas. "Ou você ganha ou você perde", afirma. Neiva identifica, no entanto, uma saída, baseada num “mínimo de perda máxima”: 

– Por exemplo, dois amigos, ao dividir uma pizza, combinam que um corta e o outro escolhe a fatia. Assim, reduzem a chance de a vontade de um prevalecer sobre a do outro, pois o primeiro cortará da forma mais equlibrada, senão ficará com uma fatia menor, já que o outro tem a prerrogativa da escolha.  

Ele ressalva:

– Tal resultado ["mínimo de perda máxima"] seria possível a partir de acordos. No entanto, conflitos de interesse dificultam uma solução.

Esta dificuldade é observada no “jogo da tampa da privada”, exemplifica o professor. Segundo Neiva, entre “levantar e subir”, o desacordo prevalece e apenas um ganha. A lógica aplica-se também ao sexo:

– É uma disputa, com diferenciados sistemas de comunicação. Mas com uma característica aproxima os participantes: a necessidade de entendimento. Os seres se comunicam desde que sejam sexuais.

O professor avaliou, na palestra, como conflito e cooperação se entrelaçam no dia a dia. Segundo ele, no século XVIII as grandes ideias remetiam a relações sociais. Teorias baseadas na coordenação e cooperação sociais sucumbem, no entanto, à predominância de competições e disputas, observou Neiva. A solução, ainda de acordo com o pesquisador, estaria em “planos de ação”. Os oponentes devem estabelecer estratégias: "Disputas em que um ganha e outro perde necessitam de uma justificativa lógica para se ter cooperação".