O temporal de abril expôs a ineficácia da gestão de risco na prevenção de acidentes, avaliaram os participantes do seminário Rio em risco: o papel do meio físico no planejamento e gestão das cidades, realizado sexta-feira, na PUC-Rio. Eles advertiram: para evitar tragédias como os deslizamentos que mataram mais de 200 pessoas em morros do Rio e de Niterói, o gerenciamento deve ser feito de maneira periódica, não só quando o "caos se instaura".
O especialista em gestão de risco Humberto Brantes, da Michelin Brasil, afirmou que os impactos sofridos pela cidade poderiam ser minimizados se o governo realizasse um inventário de possíveis riscos. Para ele, a administração pública deveria "abordar explicitamente as incertezas e basear-se nas melhores informações disponíveis".
- Nem sempre as informações disponíveis serão as melhores - ressalva - Mas devemos considerá-las sempre. Tanto o conhecimento técnico quanto o social.
O professor Moacyr Duarte, da COPPE/UFRJ, também associa as consequências trágicas do temporal à "ausência do poder público". Na opinião dele, o prefeito Eduardo Paes só se deu conta "no pior momento", embora já houvesse sinais:
- Acidentes são construídos. Em apenas duas horas 70 milímetros de chuva são capazes de alagar a cidade. Sempre nos mesmos pontos.
Para Duarte, o modelo de gestão está distorcido:
- Em vez de servirem para a prevenção, as verbas só aparecem na reconstrução. Isso deveria ser repensado - sugeriu.