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Rio de Janeiro, 2 de maio de 2024


Campus

Debate discute ética no jornalismo

Bianca Baptista - Do Portal

10/05/2010

 Camila Grinsztejn

“Temos que pensar como a palavra do especialista vai ser usada”. Assim, a professora e assessora de imprensa da PUC-Rio Lílian Saback iniciou o último dia de palestras do ciclo Rio em risco, no dia 07/05, sexta-feira. A crítica da foi feita em referência à semana de chuvas ocorrida do dia 5 a 9 de abril, em todo o estado do Rio de Janeiro.

Segundo Lilian Saback, a rotina do dia do “temporal” foi uma experiência diferente da chuva de 1988 no qual passou trabalhando para a TV Educativa.

– Esse ano, tive sentimentos misturados de assessora, professora e jornalista. Colegas das redações me ligavam para tentar ter um contato com especialistas da universidade e foi preciso criar uma lista junto ao coordenador do Núcleo Inderdisciplinar do Meio Ambiente (Nima) da PUC, Luiz Felipe Guanaes, para que então pudesse fornecer os contatos dos profissionais.

A procura por pessoas que pudessem falar sobre deslizamentos, chuva fez com que a professora pensasse sobre a busca incessante de fonte científica.

– Os jornalistas querem que algum especialista fale sobre o assunto, mesmo que não seja sua área específica.– criticou.

A professora de Radiojornalismo ainda mencionou o caso da entrevista com o geógrafo Marcelo Motta. O professor foi consultado por um veículo e suas falas acabaram citadas por outro, que não consultou o especialista. De acordo com a assessora, esse jornal sequer informou o entrevistado da publicação.

– Há uma obrigação com a sociedade de oferecer uma informação certa. Por isso, falo que é tão importante a formação do jornalista – alertou Lilian Saback.

O presidente do Instituto Pereira Passos (IPP), Sérgio Besserman, reafirmou o discurso de Lilian ao relembrar outro caso.

– Liberamos um resultado de um estudo sobre o aumento das favelas, em que relatava o pouco crescimento das comunidades da Zona Sul, e aumento em áreas como a Zona Oeste. No entanto, quando fui ver nos jornais diziam meramente que as favelas da Zona Sul continuavam crescendo. Por causa disso, fiquei conhecido como “o cara que fala que as favelas crescem” – recordou-se Besserman.

Como solução sobre o manuseamento da informação, a jornalista Lílian Saback foi clara.

– É necessário que as assessorias instruam os especialistas, que eles mesmos já saibam "se editar" e que os jornalistas tenham uma melhor formação. Porque em um mundo como hoje é impossível ter controle sobre as entrevistas que a pessoa realmente concedeu e sobre os meios. – terminou.