Projeto Comunicar
PUC-Rio

  • Facebook
  • Twitter
  • Instagram

Rio de Janeiro, 2 de maio de 2024


Campus

Seminário debate a situação do Rio pós-chuvas de abril

Juliana Oliveto - Do Portal

05/05/2010

Com o intuito de criar um espaço de discussão e comprometimento entre a comunidade acadêmica e o meio público, o seminário Rio em Risco: O papel do meio físico no planejamento e gestão das cidades teve início nesta terça-feira, 04/05. Coordenado pelo professor Marcelo Motta, do Departamento de Geografia da PUC-Rio, com o apoio do Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente (Nima) e do Departamento de Engenharia Civil, os seis encontros previstos vão reunir vinte e seis especialistas até sexta-feira, 07/05.

A primeira mesa redonda discutiu ações e políticas públicas após as chuvas do mês de abril e contou com a presença do vice-prefeito e secretário do Meio Ambiente da cidade, Carlos Alberto Muniz (PMDB/RJ), do deputado estadual Carlos Minc (PV/RJ), da vereadora Aspásia Camargo (PV/RJ) e do chefe do Parque Nacional da Tijuca, Bernardo Issa. O vice-reitor para Desenvolvimento da PUC-Rio, Pe. Francisco Ivern Simó, S.J., abriu o encontro lembrando que a responsabilidade social sempre esteve presente nas atividades da universidade, mas pode ganhar ainda mais espaço.

– Nesse contexto de sustentabilidade, a PUC deseja contribuir não só por meio do ensino e da pesquisa, mas sendo sustentável, por isso lançamos nossa agenda ambiental no fim do ano passado – lembrou.

O ex-ministro do meio ambiente e deputado estadual Carlos Minc reconheceu que o tema do seminário integra muitas linhas do conhecimento, como geografia, urbanismo e engenharia ambiental e que suas pesquisas convergem para pensar o problema. Minc destacou que é uma questão de prevenção o investimento nas cidades médias e nas vilas agrícolas do interior.

– A vinda da população do interior para a metrópole é um problema a ser encarado com seriedade. Ninguém mora em área de risco porque quer, mas passam a habitar encostas e margens de rios, por exemplo, desmatando e poluindo, o que traz consequências.

O deputado acredita que a culpa não é só da natureza, mas da falta de planejamento. Segundo ele, é preciso tirar o melhor da tragédia que se abateu sobre o Rio.

– Acho que chegou realmente a hora de pensar no planejamento, até porque a catástrofe fala mais que qualquer coisa. É hora de pegar o que há de melhor na área e trabalhar – completou.

O vice-prefeito e secretário do Meio Ambiente da cidade, Carlos Alberto Muniz, destacou que com a crise surgiu a oportunidade do poder público sair de determinada inércia e discutir soluções para o problema. Muniz disse que o governo definiu oito áreas de prioridade para reassentamento, mas que o número de pessoas em situação de risco é maior que a possibilidade imediata de transferência.

– Estamos absolutamente conscientes que o trabalho integrado, com universidades também, vai ser o grande caminho para apresentar soluções para a sociedade – disse.

Aspásia Camargo, vereadora e subredatora do Plano Diretor e Ocupação da Cidade, afirmou que a cidade é vulnerável, o que significa que foi construída sobre alagados e pântanos e precisou fazer muitos aterros. Além disso, existe o problema das formações rochosas com uma frágil cobertura florestal que, em muitos casos, foram ocupadas e desgastadas.

– Essas vulnerabilidades são significativas, mas o que está em jogo aqui é um pacto para conjugar as melhores soluções sociais dentro do cenário que a cidade possibilidade – explicou a vereadora.

De acordo com Aspásia, a cidade sofre com a falta de uma política de moradia e transporte e isso seria fundamental, "porque os problemas que estamos vivendo vêm do crescimento desordenado da cidade".

– Nunca planejamos moradias e nem sabemos o que é isso. Planejar casas populares parece simples, mas não é. Hoje o governo tem condição somente de financiar 25% das casas, os outros 75% têm que vir de outras fontes – explicou.

Último a falar, o chefe do Parque Nacional da Tijuca, Bernardo Issa, expôs a situação do parque após as chuvas do mês passado. Os dados apontam que a média de chuva em abril deveria ser de 90mm, mas apenas nos dias 05 e 06 choveu o equivalente a 300mm. Por causa disso, áreas do parque como o trem do Corcovado e a Vista Chinesa estão interditadas até hoje.

O seminário Rio em risco: O papel do meio físico no planejamento e gestão das cidades está sendo realizado no auditório do RDC e a programação completa pode ser vista aqui.