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Rio de Janeiro, 2 de maio de 2024


País

Ciro pode apoiar candidatura de Marina Silva

Yasmim Rosa - Do Portal

28/04/2010

 Agência BrasilA decisão do Partido Socialista Brasileiro de não lançar candidato à Presidência da República pôs fim ao sonho do deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) de concorrer mais uma vez ao Palácio do Planalto. Em entrevista coletiva, ontem, na sede do partido em Brasília, o presidente da legenda, Eduardo Campos, oficializou a posição do partido de não ter candidato próprio nas eleições desse ano. Segundo ele, apoiar o pleito de Ciro Gomes significaria prejudicar vários candidatos do PSB nas eleições estaduais e no Senado. Para o coordenador de graduação do Departamento de Sociologia e Política da PUC-Rio, Ricardo Ismael, vários fatores resultaram na decisão do partido, três teriam sido fundamentais.

– O governo Lula pressionou o PSB e há uma estratégia por trás disso. O PT quer concorrer às eleições com a base aliada unida. A segunda questão é que o Ciro tem características complexas. Ele é muito personalista e atua sozinho, não espera uma decisão do partido. Isso lembra um pouco o [senador e ex-presidente Fernando] Collor. Muitos acreditam que se ele ganhasse, o governo seria dele e não do partido. O terceiro fator foi uma questão interna do PSB. O partido percebeu que é possível negociar com o PT e formar coligações fortes em alguns estados. Apoiar Dilma é mais lucrativo do que lançar Ciro – afirmou o professor Ismael.

Desde a semana passada, os dois partidos vêm discutindo uma aliança. Em represália, Ciro Gomes tem feito declarações a favor do candidato José Serra, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), um conhecido desafeto do político cearense. Ciro afirmou que Serra está mais preparado para assumir o cargo de presidente. No texto “Ao rei tudo, menos a honra”, escrito pelo deputado federal e publicado em seu blog, ele lamentou a decisão da cúpula do partido, mas afirmou que não vai questioná-la.

Ricardo Ismael também ressaltou que a saída de Ciro da disputa eleitoral empobreceu as eleições. Serra e Dilma são os principais candidatos e seguem sem concorrentes.

– É bom a Marina Silva (PV) ter se lançado como candidata. O problema é que, além dela, não temos outros candidatos, caras novas. Essa é a primeira eleição em que não vamos ter o Lula concorrendo à Presidência. Precisamos de propostas novas e não vai ser dessa vez que teremos isso.

 Com a confirmação da retirada de Ciro do páreo, ainda não se sabe quem irá se beneficiará desse novo quadro. De acordo com Ismael, Dilma espera que isso seja favorável a ela no longo prazo. Mas Serra se favorece desse resultado de imediato.

– Serra está mais aliviado porque agora ele não tem que responder aos ataques de Ciro. Os dois têm um perfil parecido e são experientes no meio político. Dilma está entrando agora e ainda está aprendendo.

Além disso, as grandes acusações que Ciro vem fazendo são contra o PMDB, partido do provável candidato a vice-presidente de Dilma, na aliança com o PT. Para Ismael, esse pode ser um empecilho para que o deputado não apoie Dilma, como pretende seu partido. Segundo ele, Ciro não quer ser esquecido do cenário político e pode surpreender para que isso não aconteça.

 – Ele está procurando uma maneira de sobreviver. Uma opção é apoiar a reeleição do irmão Cid Gomes a governador do Ceará. A outra é fazer campanha para a Marina. Ela inclusive já falou que vai procurá-lo. Mas para que isso aconteça, ele terá que sair do PSB. Mas não acredito que isso seja um problema para ele.

Na última pesquisa divulgada pelo Datafolha, Ciro aparecia em terceiro lugar, com 9% das intenções de voto, em empate técnico com a candidata Mariana Silva que tinha 10% das intenções. Se ele de fato apoiar a candidata do PV, ela poderá se aproximar dos 20% das intenções de voto, o que mudaria o quadro eleitoral pouco antes da eleição.