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Rio de Janeiro, 27 de julho de 2024


Cultura

Produção em TV: a arte de lidar com gente

Fernanda Ralile - Do Portal

07/01/2008

Estética: encontro entre TV e cinema nas minisséries da TV Globo *

Quem veio?

Eduardo Figueira, produtor, e Maurício Farias, diretor.

Por que vieram?

Palestrar no seminário "Estética: encontro entre TV e cinema nas minisséries da TV Globo".

Onde foi?

Na PUC-Rio, 3 de maio de 2007.

Melhores momentos

(E) “O produtor é aquele que lidera e sabe lidar com gente. Trabalhar em televisão é trabalhar com gente, a função do produtor é essa.”

(E) “É importante para TV Globo conhecer produtoras independentes, novos jeitos de fazer produção, novas idéias e produtos. É bom dar uma arejada, nas nossas cabeças e na grade. Até essa conversa aqui com vocês é importante.”

(M) “A minha formação foi mais na prática, porque eu entrei ali na vida e fui. Mas eu digo pra vocês que em vários momentos da minha vida senti vontade de parar para estudar. A formação acadêmica, de ter conhecimento nessa atividade, é fundamental.”

(E) “O diretor Hector Babenco ficou apaixonado por esse projeto de levar o cinema para a TV. Essa produção dele, o 'Carandiru', tem um desenho de produção que eu achei muito interessante, é tudo externo.

(M) “É importante para vocês e pra quem vai comandar uma equipe, que as pessoas precisam estar gostando daquilo, e se tem alguém que não está gostando, ela tem que se entender: ou ela tá dentro ou ela tá fora! E aí você precisa ter a sensibilidade de perceber se é você quem está de alguma forma atrapalhando a iniciativa e oportunidade daquela pessoa ou se é realmente uma questão pessoal, seja lá qual for.”

(E) “Tem uma coisa que eu aprendi nos meus anos de produção e eu acho que eu tenho muito disso, que é aquela coisa do olhinho brilhar. Eu consigo ver quem tem ousadia, inquietude, isso é que faz o grande produtor.”

(M) “O baixo número de closes na 'Grande família' foi uma escolha intencional. Eu percebi que você ter seis grandes comediantes em cena e estar fechado em close quando eles estão contando uma piada, é como estar jogando cinco piadas fora!”

(M) “O produtor, além de ser parceiro, de enxergar a obra como um todo, de resolver inúmeros problemas que uma produção enfrenta e que só ele tem realmente a capacidade de resolver, ele tem uma outra função muito importante que é dar uma orientação e um limite. Porque a criação não tem limites, mas é preciso dar metas de datas e orçamento, por exemplo.”

(E) “No Projac nós não só produzimos coisas como formamos pessoas. Ele tem uma importância muito maior do que vocês imaginam. Nós temos várias oficinas, já formamos mais de 500 pessoas lá.”

(M) “Importante mesmo é você gostar e acreditar no que está fazendo, estar feliz com aquilo que você está querendo mostrar. Isso é o que justifica qualquer trabalho. Quando você consegue se contagiar e contagiar os outros, a possibilidade de você conseguir realizar e executar seu trabalho vai se tornando cada vez maior.”

(E) “Venda bem o seu produto. Se você conseguir vendê-lo bem para as pessoas que você quer que estejam com você nessa produção, você vai ter êxito. Porque aí vai haver cumplicidade, e isso é o mais importante, ainda mais numa equipe pequena.”

 

Uma palavrinha a mais

Qual é a melhor e a pior coisa de se produzir um programa?

(E) - A melhor coisa realmente é você conseguir uma harmonia da equipe e ter um bom resultado por isso. Quando você tem um bom resultado de crítica, as pessoas gostam etc. A pior coisa é quando dá tudo errado. Qual o maior mico que você já pagou como produtor?

(E)  - Mico? Eu paguei vários! Mas que eu me lembre agora foi com Paulo Ubiratan, diretor de uma novela chamada 'Transas e caretas'. Nós íamos gravar um croma do homem na lua, gravação noturna, nos estúdios da Cinédia. Na época tinha até uma roupa de astronauta que veio dos Estados Unidos e tal. E, de repente, eu não levei o fundo de cromaqui! Aquilo pra mim foi um horror!

- Você, que é ex-aluno da PUC, viu alguma mudança?

(E) Mudou tudo! O curso na minha época era à noite, eu fazia noturno, mas não era tão legal, as instalações não eram tão boas. Estou vendo essa sala, por exemplo, nunca imaginava isso. E me disseram que aqui tem estúdio e tudo mais, me deixa muito feliz.

- Como diretor, você percebe muita vaidade entre os atores? Existe isso? Como você administra essa questão?

(M) - Olha, a vaidade é uma coisa humana, ela está presente em 100% das relações. No entanto, é difícil você conviver com uma pessoa extremamente vaidosa, extremamente egocêntrica. Mas temos que aprender a conviver com isso, né? Os artistas são figuras cuja forma de se expressar são eles próprios, ou seja, eles são os veículos para sua arte, e isso mexe muito com eles. Mas atores que têm a maturidade e o profissionalismo como os atores com quem trabalho, ah, esses não chegam a ser um problema realmente.

- Mas já houve alguma situação em que você teve que intervir?

- (M) Não, não. São atores muito amigos, se conhecem de longa data, e por outro lado são pessoas maduras pra cair numa bobagem de brigar por vaidade. São pessoas que têm uma longa experiência, inclusive de lidar com outros atores.

 

* Acompanhe a seqüência do seminário “Estética: encontro entre TV e cinema nas minisséries da TV Globo”:

1 – Luís Erlanger.
2 – Luiz Fernando Carvalho.
3 – Luiz Gleiser.
4 – Geraldo Carneiro.
5 – Maria Adelaide Amaral e Alcides Nogueira.
6 – Antônio Calmon.
7 – Daniel Filho.
8 – Guel Arraes.
9 – José Lavigne.
10 – Walcyr Carrasco.
11 – Sílvio de Abreu.
12 – Sérgio Marques.
13 – Glória Perez.
14 – Edson Pimentel.
15 – Maristela Veloso e Alexandre Ishikawa.
16 – Eduardo Figueira e Maurício Farias.
17 – José Tadeu e Celso Araújo.
18 – José Cláudio Ferreira e Keller da Veiga.
19 – Ariano Suassuna.
20 – Luiz Fernando Carvalho (e equipe).
21 – Betty Filipecki e Emília Duncan.
22 – Denise Garrido e Vavá Torres.
23 – Cláudio Sampaio e Alexandre Romano.
24 – Edna Palatinik e Cecília Castro.
25 – Roberto Barreira e Marcinho.
26 – Cadu Rodrigues.