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Rio de Janeiro, 1 de maio de 2024


Mundo

"Haiti consolida preparo do Brasil em missões de paz"

Laís Botelho e Lucas Soares - Do Portal

15/04/2010

 Mauro Pimentel “O Brasil tem o know-how e está preparado para qualquer operação de paz.”, afirmou o coronel Pedro Pessôa (foto), chefe do Centro de Instrução de Operações de Paz (CioPaz) do Exército Brasileiro, em colóquio internacional realizado nesta quarta e quinta-feira na PUC-Rio. Representantes das Forças Armadas, do Ministério das Relações Exteriores e estudiosos discutiram a participação brasileira nas missões da ONU. Destacaram o "protagonismo brasileiro" na missão do Haiti - que, antes de sucumbir ao terremoto de janeiro, já vivia sob escombros políticos, econônimos e sociais.

Para Pessôa, a presença brasileira no território haitiano revela-se importante para a manutenção da paz num país marcado por flagelos sociais e obrigado, mais recentemente, a fazer da reconstrução uma rotina. Segundo ele, a Missão das Nações Unidas para a estabilização no Haiti (MINUSTAH) é "no momento a mais importante missão da qual o Exército Brasileiro participa". O coronel destacou o treinamento dos soldados para missões do gênero:

– É importante o investimento em treinamento dos militares que participam das operações. Os soldados brasileiros, antes de saírem em missão de paz, passam por treinamentos que duram cerca de quatro meses. Além do treino técnico, participam de aulas sobre a cultura local – explicou.

 Mauro Pimentel

Ainda de acordo com o coronel, a preparação dos soldados brasileiros “não deixa a dever” em relação a outros países, como França ou Inglaterra. O capitão Carlos Chagas Vianna Braga, comandante-assistente da força da MINUSTAH, explicou que o Brasil participa de operações em diversos países desde 1940. Para ele, o sucesso da missão de paz no Haiti vem da credibilidade conquistada pela corporação:

– Só há uso de força quando realmente necesssário. Ou por legítima defesa ou por expedição de um mandato de defesa.

Oliver Richmond, professor da Universidade de Saint Andrew’s, na Escócia, ressaltou a importância da cautela ao se aderir a uma "operação de paz" em outro país. Ele ponderou que a participação da "comunidade local" é essencial para o equilíbrio e o desenvolvimento socioeconômico desejados. Caso contrário, os resultados serão artificiais:

- Às vezes a comunidade local não tem seus desejos levados em conta. Há uma imposição de valores. Ela deve participar e se envolver no processo para que a paz volte a ser política - ressalvou o especialista para a plateia formada por professores e estudantes.

Raquel Rocha, professora de Relações Internacionais da FAAP, considerou a observação de Richmond (foto) essencial para o avanço do conhecimento aplicado à resolução de conflitos internacionais. Ela veio de São Paulo especialmente para a palestra na PUC-Rio.

 Mauro Pimentel

Carlos Duarte, integrante do Ministério das Relações Exteriores, chamou a atenção para o "alto nível" dos recursos utilizados nas operações do Haiti. Destacou também o crescimento do interesse de alunos pela política internacional no Brasil. Segundo ele, isso é refletido no crescente número de estagiários recebidos no Itamaraty e na quantidade de estudantes neste Colóquio.

Carolina, de 20 anos, aluna do 5º período de Relações Internacionais da PUC-Rio, acredita que a teoria aprendida em sala de aula se torna "mais aplicável" ao entrar em contato com os profissionais da área. Lucas Perez, 18, calouro de Relações Internacionais resumiu o sentimento dos alunos: “Nesse encontro deixamos de olhar o assunto de fora, temos a oportunidade de analisar a participação brasileira nas missões de paz da ONU por outra perspectiva”.

O colóquio Europe and Latin America in Peace Operations: Comparative Perspectives and Practices reúne 200 pessoas, entre elas estudantes de Relações Internacionais da PUC-Rio e de outras universidades, como UFF e UFRJ.