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Rio de Janeiro, 24 de abril de 2024


Ciência e Tecnologia

Pesquisas encurtam a distância com a ficção científica

Lais Botelho - Do Portal

14/04/2010

Mauro Pimentel

O julgamento de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá - condenados a 31 e 26 anos de prisão pelo assassinato da menina Isabella Nardoni, em 2008 - indica caminhos menos visíveis à mobilização popular pelo qual se caracterizou, porém igualmente representativos. Maquetes avançadas, simulações em 3D e animações usadas na reconstituição do crime foram peças-chave ao entendimento do processo. Serviram de apoio para defesa, acusação, jurados, público. Com número crescente de utilidades, a tecnologia digital encurta a distância com a ficção científica. Na PUC-Rio, projetos como a implantação de interface cérebro-computador já permitem ações executadas só com o pensamento.

No laboratório de Robótica, o professor Marco Meggiolaro (foto) desenvolve com os alunos de graduação e pós-graduação robôs inteligentes e outras maravilhas tecnológicas. Uma das novidades em teste é o sistema dotado de princípio semelhante a do eletroencefalograma. Aplicado numa espécie de touca, o recurso interpreta os sinais da mente e os converte em ações. Segundo Meggiolaro, a principal aplicação seria, em princípio, “facilitar a vida dos deficientes físicos”. Só com o pensamento, poderiam, por exemplo, mover uma cadeira de rodas.

 Mauro Pimentel

Os alunos provam, no entanto, que o pensamento pode ser estendido às máquinas. Com um computador especial e sensores de ulltrassom, robôs traçam o "melhor caminho" para um determinado destino. Segundo o professor, essas máquinas dotadas de inteligência artificial podem ser usadas em explorações planetárias e no transporte de alimentos em hospitais.

- A tendência é que todos esses avanços estejam dentro de nossas casas em relativamente pouco tempo. Lavando louça, aspirando pó, desentupindo pias. Verdadeiros ajudantes domésticos - observa Meggiolaro.

As pesquisas de automação pegam a estrada dos veículos. Alunos de Engenharia Mecânica, orientados pelo coordenador do Curso de Engenharia de Controle e Automação da Universidade, Mauro Speranza Neto, estão desenvolvendo automóveis capazes de trafegar sozinhos. Resultado da coordenação entre computadores de bordo, sensores e dispositivos eletrônicos. Esses carros seriam quase imunes a acidentes:

- É um pouco cedo para falarmos em mercado. Ainda faltam investimentos e muita pesquisa, mas daqui a alguns anos já poderemos nos locomover sem nos preocuparmos com o estado de consciência dos motoristas - brinca o coordenador.

A cooperação tecnologógica pavimenta, em diversas áreas, a transformação das experiências em inovações efetivas. Igualmente importante revela-se a parceria entre o meio acadêmico e a iniciativa privada, inclusive na troca de informações. O grupo de Tecnologia em Computação Gráfica (Tecgraf) da PUC-Rio, por exemplo, tem quase 95% de seus projetos associados à Petrobrás. O maior deles refere-se à estereoscopia, mais conhecida como visão tridimensional. Com esta tecnologia, os dutos de petróleo podem ser monitorados de forma mais precisa.

 Mauro Pimentel

A Marinha do Brasil também se tornou uma aliada nos projetos. Explorando a realidade virtual, a Tecgraf criou um simulador de passadiço, local do comandante no navio. Numa sala equipada com comandos de barco e simuladores de condições de alto-mar, avalia-se minuciosamente a navegação. Assim, a chamada "visão computacional" é explodada também em televisão. Segundo Waldemar Celis, professor do Departamento de Informática e membro do Tecgraf, a partir de uma imagem pode-se reconstuir todo o entorno de um cenário, conferindo diferentes ângulos apenas com uma câmera.

- Essa tendência de reconstrução deve se intensificar. Tem um potencial de aplicação enorme. O computador poderia controlar o tráfico, por exemplo. Apenas com uma imagem poderíamos fazer um mapeamento da área - propõe.