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Rio de Janeiro, 31 de agosto de 2024


Cultura

Público faz fila para lançamento de Felipe Pena

Bianca Baptista - Do Portal

19/03/2010

 Fotos: Bianca Baptista

Uma fila de cerca de cinco metros tomava conta da Livraria da Travessa, no Shopping Leblon, ontem (18/03) às 19h30. Homens, mulheres e idosos aguardavam com o mesmo livro amarelo em mãos: O marido perfeito mora ao lado, do escritor e ex-aluno da PUC-Rio, Felipe Pena.

Jornalista e psicólogo de formação, Pena, estava tranquilo e recebia pessoa por pessoa em um divã para autografar a cópia do convidado. O charuto apagado descontraía a festa de lançamento. Em entrevista ao Portal PUC-Rio Digital, o autor revelou como começou na carreira de escritor.

– Resolvi ser escritor porque queria me comunicar. Mas eu estava insatisfeito com a linguagem acadêmica. [Pena já escreveu seis livros de não-ficção]. Eu queria ampliar meu público, ainda acho que a ficção fala melhor sobre a realidade que a própria realidade, por isso resolvi escrever romance. Mas se soubesse tocar piano, estaria na frente de um escrevendo música. Porque acredito que a música é mais fácil de ser lembrada – brinca o psicólogo formado pela PUC-Rio.

O jornalista também falou sobre seu processo de criação e, diferente de muitos que não revelam suas inspirações, contou que o trabalho e os prazos o ajudam.

– Para mim, a fonte de inspiração é um clichê. Sou jornalista, profissional. Escrevo diariamente, tenho uma rotina, coloco as coisas no mesmo lugar. É basicamente transpiração, as experiências que já vivi, e o deadline – afirmou.

  Sobre a oitava obra, O marido perfeito mora ao lado, um romance que tem como protagonistas estudantes de psicologia de uma universidade particular e um casal com problemas de relacionamento, Felipe Pena esclarece que não é um livro meramente sobre psicologia ou terapia de casal.

– Na verdade, é um livro sobre o desejo. Sobre como se processa a ambição. Por que nunca estamos satisfeitos? É um questionamento sobre como esse sentimento sempre investe no vazio – explicou.

Quando questionado sobre o panorama da literatura brasileira, o autor, que tem mestrado na área, repreendeu os escritores contemporâneos.

– Boa parte da literatura brasileira é hoje composta de escritores chatos, fechados e bestas. Bestas porque acham que são a reencarnação de James Joyce. Chatos porque escrevem enredos que ninguém entende, e às vezes nem tem enredo. E fechados porque escrevem para eles mesmos. Se você entrar em uma livraria e pegar um livro nacional, não vai passar da página cinco. Como autor, eu não quero a crítica, só quero ser lido. Quero que as pessoas leiam o meu livro, e não consigam mais largar.

Segundo o pós-doutor em semiologia pela Sorbonne, é preciso que haja uma defesa da literatura como entretenimento. Não como puro passatempo, mas como um processo de sedução das palavras que passem conteúdo.

– A palavra está sendo usada de forma muito pejorativa. Por que entretenimento tem que ser superficial? – questionou.