“Em tempo de quaresma até político se arrepende”. Foi assim que o deputado federal Chico Alencar (PSOL/RJ) justificou o fato de vários políticos procurarem membros do Grupo de Trabalho (GT) do Projeto de Lei da Ficha Limpa, na Câmara dos Deputados, para defenderem seus casos particulares.
A declaração foi feita ontem (11/03), durante o ato público promovido pela Arquidiocese do Rio para reafirmar seu apoio a Campanha Ficha Limpa, promovida pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE). O evento contou com a presença do arcebispo da cidade, dom Orani João Tempesta, a diretora-executiva do Movimento, Jovita José Rosa, o jurista Marcello Lavenére e os deputados federais Chico Alencar, Indio da Costa (DEM/RJ) e Antônio Carlos Biscaia (PT/RJ).
Com a sala cheia e um clima otimista, os membros da mesa apresentaram o texto final do projeto e comentaram sobre a expectativa de sua aprovação. Segundo o deputado Indio da Costa, redator do GT, o presidente da Câmara, Michel Temer, se comprometeu a colocar o projeto na pauta da casa após a Páscoa. Se publicada antes das eleições, a lei já passa a valer para o pleito de 2010.
– Esse projeto pode tirar o poder de vários parlamentares, sua aprovação não será fácil. Mas com todo o apoio que temos recebido, eu acredito que será possível. A única razão pela qual avançamos na Câmara foi a mobilização popular – afirmou Indio da Costa.
A campanha arrecadou até agora 1,6 milhão de assinaturas, um pouco mais que o necessário para transformar a ideia em um Projeto de Lei, a ser discutido no Congresso Nacional. O Grupo de Trabalho teve a missão de unir 11 projetos de inelegibilidade em um só, e o resultado desse trabalho será entregue na próxima quarta-feira.
– Nós estamos esperando que o texto final traga melhorias para nossa ideia inicial, que não a deturpe. A corrupção é como um câncer, e a população não tolera mais isso. Nós precisamos do Ficha Limpa. O debate está em todo o país e acredito que as pessoas vão passar a olhar com mais carinho a vida pregressa dos candidatos – disse Jovita José Rosa, uma das três diretoras do MCCE.
O Tribunal Superior Eleitoral já tomou duas decisões que valem para as eleições de outubro: quem apresentar a candidatura terá que levar um “nada consta”. Além disso, todo dinheiro que entrar nas campanhas deverá ter sua procedência especificada. Para o deputado Chico Alencar, a ajuda da população também é fundamental.
– Vai ser uma pequena revolução. Não vai estancar a corrupção, mas vai melhorar muito a qualidade na política. Se ganharmos, é porque a pressão existiu, se perdermos é porque ainda não foi o suficiente – ressaltou.
De acordo com o próprio MCCE, a Igreja foi uma das entidades propulsoras do movimento e a que trouxe o maior número de assinaturas para a campanha. O arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani João Tempesta, reforçou que o país precisa de homens públicos que respeitem a consciência cristã e que a aprovação do projeto não seria um benefício para a Igreja, mas para o país.
– O Brasil, graças a Deus, é laico e não uma ditadura ateísta. O Estado não impõe, mas respeita a religião. Queremos o bem do país e da sociedade, temos uma preocupação com a ética, a moral e o bem comum, não com um ou outro partido. Desejamos que, com esse gesto, possamos chamar a atenção do povo e dos votantes.
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