Projeto Comunicar
PUC-Rio

  • Facebook
  • Twitter
  • Instagram

Rio de Janeiro, 2 de maio de 2024


País

Relatório da Abimaq quantifica o custo Brasil

Bianca Baptista - Do Portal

09/03/2010

A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) divulgou esta semana uma pesquisa que conseguiu quantificar o que muitos economistas já suspeitavam, o alto custo da produção industrial brasileira. Segundo a pesquisa, realizada em 2009, o Brasil possui um custo industrial em média 36% maior em relação aos de  Estados Unidos e Alemanha.

Foram utilizados oito itens como base da comparação, entre eles estão: impacto dos juros no capital de giro, preço dos insumos básicos, encargos sociais e trabalhistas, burocracia e custo de regulamentação, impostos não recuperados em cadeia produtiva, logística, custo de energia e de investimento. De acordo com a jornalista especializada em economia, Luciana Brafman, a pesquisa comprova o alto custo, principalmente, de infra-estrutura no país.

 – Não é preciso ir muito longe para percebermos isso. Se observarmos os aeroportos, estradas e portos podemos constatar que não temos boa estrutura para oferecermos. Além disso, muitas das soluções aos problemas de infra-estrutura acabam caras para o consumidor, como no caso das rodovias administradas por concessionárias. Mesmo assim é solucionada, mas e o resto? – indaga a professora da PUC-Rio.

Outro ponto levantado foi o custo da energia, que segundo os dados da pesquisa é 0,51% maior que nos Estados Unidos e Alemanha. Luciana Brafman lembrou dos apagões ocorridos nos dois últimos anos (2001 e 2002) do governo Fernando Henrique Cardoso e do blecaute de 11 de novembro de 2009, quando houve o desligamento completo da usina de Itaipu. Dez estados brasileiros ficaram sem luz, além do vizinho, Paraguai, que ficou parcialmente às escuras.

– Com certeza pesa muito nos cálculos de possíveis gastos quando as empresas estrangeiras pensam em montar fábricas no Brasil. Tem que calcular opção para caso de falta de luz, ou até mesmo um prejuízo na produção. E ainda há a carga tributária. Várias vezes falando com empresários, eles mencionaram o alto custo e a diferença que existe entre os estados. O ICMS é um exemplo, cada estado tem uma taxa diferente – explica a especialista.

Frente a tantos empecilhos mostrados na pesquisa, Luciana apresenta possíveis respostas. De acordo com ela, depende da vontade política para que o Brasil atraia mais empresas estrangeiras, e até mesmo ajude a desenvolver a indústria nacional.

– Isso [o custo da produção no país] não vai melhorar de um dia para o outro. É preciso que o Congresso vote na reforma tributária, que nós cobremos deles essa votação, que exijamos também como consumidores – conclui.