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Rio de Janeiro, 27 de abril de 2024


Cidade

Cariocas de coração celebram amor à cidade

Lucas Soares - Do Portal

03/03/2011

 Mauro Pimentel

Que o Rio é uma cidade querida e defendida pelos cariocas, não há dúvidas. Mas também é admirado, às vezes até com mais eloquência, por aqueles nascidos fora mas incorporados à rotina da cidade que completa 446 anos. Cariocas na alma. Reverenciam as praias, a natureza indefectível, as facilidades da metrópole e a efervescência cultural, herança dos tempos da Guanabara. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dos 6,2 milhões de moradores no município, 25% vieram de outros cantos do Brasil e do mundo. A PUC sintetiza, de certa forma, esse (carinhoso) olhar estrangeiro.

Juliana Torres, fotógrafa e pós-graduanda em comunicação e imagem, escolheu o Rio para estudar. Natural de Volta Redonda, mora há dois anos na cidade em que se acostumou desde pequena a passar férias. O sonho de viver como carioca foi consumado quando decidiu fazer especialização.

– Sempre fui apaixonada pelo Rio. O que mais me atrai é essa mistura do urbano com as belezas naturais. A própria cidade oferece a famosa válvula de escape para aqueles dias estressantes. Não preciso sair daqui para arejar – ressalta a estudante.

 Mauro Pimentel Para Juliana, a praia funciona como refúgio. Nela, passa o tempo lendo, caminhando na areia ou apenas se refrescando do calor de 40 graus.

– Talvez seja pelo fato de na minha cidade não ter praia. Tenho uma ligação muito forte com o mar. Vou à praia para ler, caminhar, tomar sol. Se fosse para apresentar o Rio a um turista, começaria pela praia – diz Juliana.

As opções culturais também animam a fotógrafa. Aproveita, em especial, o cardápio de peças e filmes em cartaz. Vai ao cinema "quase toda semana".

Diversidade de lazer que também cativou a professora da PUC-Rio María Celina Ibazeta. Nascida em Tucumán, província ao Norte da Argentina, María Celina destaca os museus e centros culturais:

 Mauro Pimentel – Gosto de frequentar os museus em geral. O Museu de Arte Moderna, o Centro Cultural Banco do Brasil, o Espaço Caixa Cultural, o Instituto Moreira Salles, todos esses são ótimos para quem gosta de arte.

Fugindo dos clássicos Corcovado e Pão de Açúcar, María Celina aponta o Centro como o lugar a ser visitado pelos turistas. O Paço Imperial, a Catedral Metropolitana, o Gabinete de Leitura Português, a Cinelândia, todos são considerados fascinantes pela professora. Ela acrescenta à lista de imperdíveis a tradicional Confeitaria Colombo e os sebos espalhados pelas pequenas ruas da região central.

A história da professora com o Rio começou nos Estados Unidos, onde dava aulas havia seis anos, até conhecer o marido brasileiro. Optaram por morar no Brasil. A primeira impresão na ex-capital do país reforçou a escolha. Nas primeiras conversas, a argentina já achou os cariocas alegres, bem-humorados, gentis: 

– Logo que cheguei as pessoas me deixavam bem à vontade. Quando eu falava e elas não me entendiam, ao contrário dos americanos, que geralmente costumavam perder a paciência, os brasileiros perguntavam de novo, sorriam. Gostavam de ouvir meu “portunhol” – conta.

As mostras de cinema também atraem a professora, pós-doutora em cinema latino-americano:

 – São tantas opções que nem sempre consigo ir a todas.

Há quatro anos e meio María Celina mora em Ipanema. O endereço provisório virou residência fixa. Agora vai estender "para sempre" o caso com o Rio. A proximidade com a praia pesa na decisão:

 Mauro Pimentel

– Acho muito prazerosa essa vida praiana. O clima, o sol, a natureza, o mar, tudo isso é a cara do Rio.

O clima praiano mudou os hábitos da professora. Filtro solar não sai da bolsa e o intervalo para o café foi substituído pelo suco ou pelo sorvete.

Apesar de a argentina morrer de amores pela cidade, reconhece que a metrópole sofre com problemas crônicos, como o trânsito. Segundo ela, duas linhas de metrô são insuficientes para atender o cidadão. A crítica é compartilhada por Wesley Lindberg, intercambista natural de Monterey, California. Segundo o estudante, os serviços de transporte têm que melhorar, para que se possa melhor conhecer os encantos do Rio.

Lindberg acha os cariocas "tranquilos e cheios de energia". Para ele, os maiores desafios foram se adaptar ao clima e se habituar ao jeito de falar:

– Desde que cheguei estou anotando todas as gírias que ouço. Além disso, estou aprendendo um pouco do sotaque carioca – orgulha-se.

O olhar estrangeiro recomenda o Jardim Botânico e o Parque Lage, para quem gosta de um contato com o verde; as praias, para se “refrescar”; e as construções do Centro e de Santa Teresa, que "merecem um passeio à parte".

Diferentemente do intercambista, que deseja aprender "um pouco do sotaque carioca", a doutoranda em teologia Terezinha Severo pretende não perder a pronúncia gaúcha. Natural de São Leopoldo, região metropolitana de Porto Alegre, Terezinha foi missionária na Amazônia, no Acre e em Rondônia. No Rio desde 2009, luta para preservar o jeito gaúcho do "S" chiado dos novos amigos.

 Mauro Pimentel

Ela já se habituou ao jeito “light carioca” de viver. Segundo Terezinha, "o povo do Rio não esquenta muito a cabeça". Considera isso positivo, uma estratégia para viver melhor. A exemplo de outros tantos estrangeiros, Tetê, como é conhecida pelos amigos, destaca também o repertório de cultura e entretenimento da cidade:

– Há infinitas opções de eventos culturais para se participar, pontos turísticos para se visitar. No âmbito universitário, o Rio também tem um nível superior – opina.

Embora reconheça a praia como programa obrigatório, Terezinha prefere a Lagoa: 

– Deveríamos saborear mais estas belezas todas, caminhar e contemplar todos os ângulos dessa cidade abençoada.