A ocupação do espaço urbano por migrantes de origem rural cria mecanismos de sobrevivência com perfil ambiental. Para evitar desapropriações, moradores cultivam hortas e reciclam lixo, por exemplo. Identificados pela professora Amélia Luisa Damiani, da USP, em pesquisa na capital paulista, tais artifícios de defesa produzem um novo perfil de cidadão, híbrido.
– O sujeito da favela vai encontrando pertencimentos para se livrar das desapropriações. Ele se tornou rural e urbano – observou a professora, na aula inaugural do Departamento de Geografia, nesta quinta-feira.
Amélia constatou que atividades de reciclagem e a criação de hortas ultrapassam os objetivos ambientais. São frequentemente usadas para reduzir a chance de desapropriação. As estratégias de defesa mesclam elementos rurais e urbanos. Para a professora, não há mais uma fronteira nítida entre esses, a cidade e o campo:
– Há uma urbanização do rural e uma ruralização da cidade. O sujeito tornou-se híbrido.
Com base no estudo referente à maior cidade do país, a professora do Departamento de Geografia da USP observa que formas desordenadas de modernização urbana intensificaram as diferenças sociais. Segundo a pesquisadora, num contexto de aumento das periferias, a favela ainda é um ambiente discriminado. "Pois, a economia que esses centros movimentam é ignorada pelo poder público", justifica.
– O homem que produz é negado na sua função de trabalhador. Ele é palco de uma ação econômica – defende a professora.
Segundo levantamento de 2009, feito pela Secretaria da Habitação (Sehab) de São Paulo, a capital paulista reúne 1.636 favelas. A quantidade é três vezes maior do que a registrada na Região Metropolitana do Rio.
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