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Rio de Janeiro, 26 de abril de 2024


Cidade

Gávea sofre com problemas de segurança

Clarissa Pains e Lais Botelho - Do Portal

27/01/2010

 Mauro Pimentel

Desde que o estudante de Relações Internacionais da PUC-Rio Rodrigo Köpke foi baleado, na Gávea, numa tentativa de assalto, no último 4 de dezembro, os problemas de segurança pública ao redor da universidade ganharam destaque para a comunidade PUC. A instituição já solicitou à Prefeitura aumento na iluminação das ruas próximas. No entanto, a falta de policiais é o que mais alarma os moradores e comerciantes do bairro. Enquanto na universidade há 74 agentes patrimoniais e 300 câmeras de vigilância, em toda a área coberta pelo 23° Batalhão da Polícia Militar (cerca de seis bairros da Zona Sul, incluindo a Gávea) há apenas seis câmeras e 32 policiais distribuídos em quatro cabines.

Dentro da PUC-Rio, segundo o vice-reitor comunitário, Augusto Sampaio, não há um controle de quem entra e sai, logo o trabalho dos seguranças é feito de forma preventiva.

– O campus é aberto e, por ele, passam cerca de 20 mil pessoas diariamente. Mesmo quem mora no entorno costuma cortar caminho passando pela universidade – afirma – Quando assumi a vice-reitoria, os seguranças andavam armados. A primeira medida que tomei foi devolver estas armas para a Polícia Federal, já que a ideia é que nossos seguranças sejam agentes patrimoniais, que trabalhem, sobretudo, observando os que circulam pela PUC-Rio.

Para o chefe da segurança da PUC-Rio, o coronel Vieira, o sistema de vigilância da universidade é “razoável” e a quantidade de câmeras não deve aumentar. No total, são 300 espalhadas por todo o campus, que abarca uma área de aproximadamente 100m². Nas férias, a atenção é redobrada.

– Nesta época, os funcionários são orientados a prestar mais atenção. Nos fins de semana, como de costume, só entra na PUC-Rio quem é autorizado – diz o coronel – Mas moradores do bairro também podem passear na universidade. Geralmente, nós já os conhecemos e, por uma questão de boa convivência, não impedimos a entrada deles.

O coronel e o vice-reitor Augusto Sampaio afirmam que há uma boa relação entre a universidade, o 23° Batalhão e a 15ª Delegacia de Polícia, cuja delegada é ex-aluna da PUC-Rio. Isto, segundo eles, torna o contato ainda mais próximo.

– Pelo menos três vezes por ano, Coronel Vieira e eu nos encontramos com o comandante Sérgio do Nascimento, do 23° batalhão, e com a delegada da 15ª DP, Barbara Lomba, para discutir como aumentar a segurança da comunidade – conta Augusto Sampaio.

Augusto Sampaio tem acompanhado de perto o caso de Rodrigo, baleado na esquina da Avenida Pe. Leonel Franca no fim do ano passado. O estudante já está em casa e fez novos exames no hospital Miguel Couto nesta segunda-feira, 25 de janeiro e, segundo o vice-reitor, tem o médico Paulo Niemeyer à disposição para uma avaliação neurológica sem custos.  

Gávea não tem nem cabine de policiamento nem câmera de vigilância da PM

Apenas quatro cabines da Polícia Militar, com oito policiais cada (divididos em dois turnos), e seis câmeras controlam a segurança de seis bairros da Zona Sul ou de 500 mil habitantes. De acordo com o comandante Sérgio do Nascimento, do 23º batalhão, é assim que é feita a segurança da região. Na Gávea, não há nenhuma cabine ou câmera de vigilância. O comandante admite que o número do efetivo é baixo e, por isso, a prioridade é de lugares onde a incidência de crimes é maior, como São Conrado.

– Na Gávea, o policiamento é feito com duas viaturas que rodam 24h por dia. Desde setembro do ano passado, mais uma roda das 9h às 21h, de segunda a sábado, nas proximidades da PUC. Quando a universidade solicita mais policiamento, nós atendemos – explica o comandante Nascimento.

Trabalhando lado a lado com a PM, a Polícia Civil é responsável pela investigação dos crimes. Desde que a equipe da delegada Barbara Lomba assumiu a 15ª DP, da Gávea, há quase dois anos, foram feitas novas tentativas de aproximação com a sociedade. A entrada no twitter foi uma delas. Para melhorar a qualidade do atendimento, a partir de fevereiro, vítimas poderão fazer um pré-registro pela internet por meio do site da Polícia Civil, e optar entre ir à delegacia ou receber um policial em casa (em um carro sem o logotipo da DP).

– Se omitir é deixar de pensar na coletividade. Quando alguém ajuda a prender um criminoso, resolve o seu problema e o de muitos outros – afirma Barbara – Entendo que às vezes seja complicado, mas denunciar é um dever do cidadão. Por isso, sempre mando cartas, redigidas e assinadas por mim, aos que colaboraram em uma investigação.

Uma nova diretoria tomou posse da Associação de Moradores e Amigos da Gávea (Amagávea), no dia 10 de janeiro, e ainda não pôde se pronunciar sobre os assuntos relacionados à segurança pública do bairro.

Bicicletas também estão na mira da insegurança

 Mauro Pimentel

Os ganhos econômicos e ambientais e os benefícios trazidos para o trânsito e para a saúde dão à bicicleta o status de meio de transporte correto, o que faz crescer sua utilização. É assim que muitos alunos e funcionários da PUC-Rio se locomovem, por exemplo.

– A capacidade do bicicletário é de 120, mas, provavelmente, este número triplica todo dia. Uma mesma vaga pode ser ocupada por várias bicicletas em diferentes horários. Há também alguns canos, como o que fica próximo ao estacionamento, em que é possível acorrentar as bicicletas – diz o coronel Vieira.

Porém, a insegurança ainda é um obstáculo. Enquanto a maior parte dos estudantes entrevistados nunca teve problemas, outros como Samantha Sotello, de Engenharia de Produção, têm do que se queixar:

– Tive minha bicicleta roubada no bicicletário da PUC no ano passado – conta a estudante, que, moradora do Leblon, leva dez minutos pedalando para chegar à universidade.

O coronel Vieira relata problemas na organização:

– Já houve casos de moradores do bairro que guardavam suas bicicletas na PUC-Rio, às vezes por um mês. Mas, agora temos controle sobre isso. Não permitimos que os veículos pernoitem no bicicletário – diz, embora alguns agentes da universidade afirmem que várias bicicletas estão na mesma vaga há dias.

A delegada Barbara Lomba afirma que são poucas as ocorrências de assaltos a pedestres e ciclistas registradas na 15ª DP. O maior transtorno na região, segundo ela, são os roubos e furtos de automóveis. Os bandidos, sobre motocicletas, utilizam objetos pontiagudos para quebrar o vidro dos carros em movimento e pegar bolsas sobre o banco do carona, por exemplo. No entanto, de acordo com o Instituto de Segurança Pública do estado (ISP), de janeiro a novembro de 2009, em toda a Zona Sul, o número de “roubos a transeuntes” foi cerca de cinco vezes maior que o de “roubos de veículo” (906 casos contra 176).

O vice-reitor Augusto Sampaio reconhece a dificuldade de se estimular o uso de bicicletas:

– Meu sonho é ver a PUC-Rio sem carros. Seria ótimo se todos pudessem vir de bicicleta, mas, a segurança pública talvez ainda não permita isso.

O comandante do 23° Batalhão não apresenta perspectivas de mudança:

– Fazemos segurança diferenciada em ciclovias, mas, na área que cobrimos, elas só estão na Orla marítima e na Lagoa. Os ciclistas do entorno da PUC-Rio utilizam vias públicas, onde o policiamento é comum.

Ele diz que, por enquanto, as estatísticas não justificam o aumento do número de policiais nessa área.

 Mauro Pimentel

Comércio do entorno

Os comerciantes da Gávea também reclamam da falta de segurança no bairro. O dono de uma banca de jornal do entorno da PUC-Rio, que não quis se identificar, já sofreu quatro assaltos à mão armada.

– As viaturas da PM passam muito esporadicamente. Se você ficar parado aqui durante três horas, por exemplo, não verá nenhuma.

Fernando Araújo, gerente da Padaria e Confeitaria Caiçara, na Rua Marquês de São Vicente, conta que seu estabelecimento também já foi assaltado, há mais de um ano. Porém, até hoje, segundo ele, o policiamento continua falho.

Fernanda Gaspar, gerente da loja de roupas Mistura Chic, na mesma rua, considera a segurança realizada pelo poder público “ruim”:

– São os porteiros dos edifícios próximos que ajudam a manter a segurança. As viaturas da PM passam tão rápido que, se estiver acontecendo algum assalto, por exemplo, os policiais nem vão perceber – reclama a lojista. – O último foi no dia 30 de dezembro. Não dou parte na polícia porque estou muito vulnerável aqui.

A Associação de Comércio da Gávea (Acigávea) não tem números oficiais de ocorrências de roubos a estabelecimentos do bairro, mas o presidente da organização, Nilson Samyn, afirma que o gasto com segurança particular na região é uma “soma absurda”.

Recomendações da 15ª DP para se prevenir contra assaltos, roubos e furtos

- Não sair do banco com dinheiro à mostra.

- Carregar a bolsa sempre junto ao corpo.

- Não deixar bolsas ou pastas sobre os bancos do carro enquanto dirige.

- Redobrar a atenção nos congestionamentos.

- Observar motociclistas entre os carros.

- Avisar sobre suspeitos ao primeiro policial ou viatura que encontrar.