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Rio de Janeiro, 25 de abril de 2024


Cidade

Xadrez como ferramenta para a educação

Paula Araujo e Yasmim Rosa - Do Portal

09/12/2009

Arquivo pessoal

Parece só brincadeira e lazer, mas o xadrez pode ser uma prática importante na formação intelectual. O professor do Departamento de História da PUC-Rio Daniel Mesquita contribui na prática para esse pensamento. Há cinco anos, o historiador dá aulas de xadrez na Escola Municipal Benjamin Constant, no Centro. A iniciativa surgiu de repente, mas conquistou o interesse de muitas crianças e jovens da Escola.

– Passando por uma das salas, vi uns tabuleiros de xadrez largados. Por acaso, naquele mesmo dia, sonhei que havia aulas do jogo lá. Depois de conversar com a coordenadoria, montei uma oficina – conta.

A ideia começou tímida, com apenas sete alunos. Com o passar do tempo, o projeto ganhou repercussão e, hoje, a oficina atende até 18 estudantes. Desde o ano passado, crianças a partir de dez anos já podem começar a fazer as aulas também. A instituição participa de torneios que envolvem cerca de 25 escolas. No primeiro ano de competições, ficou em décimo terceiro lugar. No ano passado, os alunos tornaram-se tri-campeões. Para chegar ao sucesso, foi preciso muito estudo, até do professor.

– O xadrez é de extrema complexidade e se constitui em um campo vasto de conhecimento. A minha noção sobre o jogo também era restrita, e tive que estudar para dar aulas. Comprei vários livros e me aprofundei. Gostei muito da experiência e passei a ter aulas particulares. O contato com os alunos me beneficiou bastante – declara.

 Os benefícios não vieram somente para o professor. Estudos americanos, suíços e de outros países afirmam que o xadrez possui uma qualidade educativa por valorizar o raciocínio. De acordo com eles, a prática auxilia no desenvolvimento da atenção, da concentração, da inteligência, da criatividade e muitos outros.

Apesar de não ter feito nenhum estudo concreto, Daniel acredita que o jogo estimula e melhora a auto-estima dos alunos.

– Eles aprendem um jogo que é considerado difícil e isso os ajuda psicologicamente. Ser jogador de xadrez é uma forma de destacá-los dos demais, mas sempre procuro mostrar que não basta ser bom no xadrez, é preciso ser bom aluno também – afirma.

O jogo se tornou popular na escola e acabou extrapolando os limites da instituição. Quatro ex-alunos continuam praticando o xadrez mesmo em outros colégios.

– Fico feliz em ver que o aluno não deixou o tabuleiro de lado mesmo depois de sair da escola. É uma maneira de medir o meu trabalho e de saber que a evolução dos meninos não será interrompida – explica.

Formado em História pela PUC-Rio, Daniel Mesquita fez Mestrado e Doutorado em História Social da Cultura. Dá aula nos Departamentos de História e de Comunicação Social da PUC-Rio desde 2002. Também é professor de História da Escola Municipal Benjamin Constant, na qual trabalha desde 2001.