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Rio de Janeiro, 27 de julho de 2024


Cidade

Sustentabilidade também é inclusão social

Yasmim Rosa e Carolina Frossard - Do Portal

27/11/2009

Carolina Frossard

A palavra de ordem da 49ª Feira da Providência é sustentabilidade. O evento, iniciado nesta quarta, 25, oferece como novidade um espaço destinado ao empreendedorismo social. Ao todo, dez ONGs e quatro agências de capacitação integram o projeto organizado pelo Banco da Providência, que tem a proposta de estimular iniciativas sociais e, assim, atingir a sustentabilidade ecológica. Em exposição, produtos construídos a partir de materiais reciclados, incluindo jornais e até mesmo tecidos feitos a partir de fibras de garrafa PET. A venda das peças é a principal fonte de renda de milhares de artesãos do estado.

A gerente de projetos do Banco da Providência, Terezinha Nascimento, acredita que a iniciativa seja uma forma de divulgar e estimular o trabalho artesanal como forma de geração de renda para os profissionais assistidos pelo programa.

– A nossa proposta é incentivar uma produção sustentável, tanto social como ecológica. A ideia é de que este seja o ponto de partida para a união das ONGs, ou até mesmo para a criação de uma associação. Queremos mostrar que, em conjunto, eles podem gerar renda mais rapidamente – afirma.

 Carmem Peres, 59 anos, é voluntária do projeto Refazer desde 2003. Em 2006, ela se tornou coordenadora da Grife Refazer. Para ela, fazer parte da iniciativa do Banco da Providência é uma oportunidade de divulgação da ONG.

– A Feira é um espaço a mais para a exposição do nosso trabalho. Milhares de pessoas vão passar por aqui durante os cinco dias e acredito que esta é a chance de o Refazer mostrar seu potencial – declara.

Ana Maria Ortiz, fundadora do Art Jor, mostra em seu estande que é possível criar peças originais com material totalmente reciclado. Gibis, jornais e revistas viram novos produtos e são a fonte de renda de sete artesãs.

 – Temos a preocupação com o meio ambiente e, por isso, produzimos peças exclusivamente de reciclados. Não temos custo algum com nossa matéria prima e isso é o mais importante. Transformamos lixo em dinheiro usando apenas a criatividade.

Apesar de existirem há algum tempo, as ONGs ainda encontram dificuldade de divulgação e venda do artesanato. Pensando nisso, o Instituto Realice criou, em 2004, a Rede Asta, com o intuito de reunir pequenos empresários do Rio e auxiliar a comercialização de seus produtos. Atualmente, 32 grupos integram a iniciativa. Segundo Aline de Andrade, promotora de vendas, o projeto, além de pioneiro é uma forma de inclusão social.

– Na Asta, potencializamos o trabalho do artesão. A venda por meio de catálogo valoriza o produto e amplia o círculo de vendas. Esses artesãos não têm inclusão no mercado de trabalho e dependem da arte para sobreviver. Nosso objetivo é auxiliá-los neste processo ­– afirma.

O Programa de Artesanato do Rio de Janeiro presta serviço semelhante. Organizado pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, o projeto também visa a promoção do artesanato como um segmento bastante significativo de geração de renda. De acordo com Maísa Mota, integrante do projeto, esses produtos estão presentes em toda a rede comercial do estado, porque têm qualidade e demanda no mercado. Ela acrescenta que cada região tem uma característica própria na produção das peças.

  – O artesanato faz parte da identidade do Rio. As regiões norte e noroeste do estado utilizam fibras naturais, como bagaço de cana, taboa e cerâmica; a serrana e a metropolitana fazem uso de restos de tecido, por estarem em áreas industriais; a região metropolitana usa materiais reciclados; e a centro-sul tem o bordado como principal atividade. É um trabalho auto-sustentável.

A moradora de Botafogo Maria Regina Rocha, 54 anos, frequenta a feira há mais de dez anos e, na hora de fazer as compras de Natal, não tem dúvidas: dá preferência a estandes de projetos sociais e ambientais.

 – Opto por comprar esses produtos porque eles trazem uma história consigo. Não é algo industrial, é uma peça feita quase com exclusividade e faz muito sucesso nas festas de fim de ano. Esta é uma forma de saber que o dinheiro será bem empregado – afirma.

Criada em 1961, a Feira da Providência é um projeto do Banco da Providência, fundado por Dom Hélder Câmara um ano antes. A iniciativa tem como objetivo promover a conscientização social de público e empresas em prol da melhoria de vida das famílias do Rio de Janeiro. O evento é a principal fonte de recursos para os projetos de promoção humana realizados pelo Banco, sendo destinado a essa causa todo o dinheiro arrecado durante os cinco dias do evento.

Este ano, o fundador Dom Hélder é homenageado por seu centenário de nascimento. Com o tema Um mundo melhor é possível, o evento explora a questão da sustentabilidade social e ambiental. Nos dois pavilhões do Riocentro, estão expostos estandes de 15 estados brasileiros e 32 países. Os visitantes podem encontrar produtos tradicionais e artesanais e experimentar comidas típicas.

A Feira vai até o próximo domingo, 29. O Riocentro fica na Avenida Salvador Allende, 6.555, na Barra da Tijuca. O local funciona das 12h às 23h e a entrada custa R$12. Crianças com até um metro de altura não pagam pelo ingresso.