Críticas à administração pública e à própria sociedade predominaram no último dia de debates da IV Semana de Educação, promovida pelos alunos de pedagogia da PUC-Rio. Na palestra Academia, Política e Militância, o teólogo Reimont Santa Bárbara, vereador pelo PT, fez um diagnóstico eloquente: "O grande problema do Rio é a educação". Segundo o ex-aluno da PUC-Rio, é necessário aplicar uma parcela maior do dinheiro arrecadado com impostos para melhorar a estrutura e a remuneração dos professores:
– O município deveria investir 25% dos R$ 5 bilhões arrecadados, mais o dinheiro disponibilizado pelo Fundo de Ensino Básico (FUNDEB), o qual recebe R$ 800 milhões. Com esse dinheiro aplicado poderíamos proporcionar uma aparelhagem e uma boa remuneração dos professores. Mas há um desvio de verba para outros setores.
De acordo com o artigo 212 da Constituição, observou Reimont, os municípios devem investir em educação 25% da arrecadação anual. O antropólogo e professor Mário Miranda ressalvou que o aperfeiçoamento do ensino demanda não só respeito às diretrizes orçamentárias e investimentos em estrutura e qualificação profissional. Exige também uma reinvenção da escola, para resgatá-la com "lugar de aprendizado".
– Para muitos alunos, a escola é como se fosse uma prisão. Precisamos nos reinventar para aprimorar o aprendizado – argumentou o professor, que leciona no Colégio Estadual Anacleto de Medeiros. Ele acrescentou:
– O ensino público não enfrenta problemas só pela falta de investimentos, mas também pela falta de novas maneiras de dar aulas – criticou.
O professor Roberto Marques apontou um outro aspecto essencial para o aperfeiçoamento da educação pública: o "protagonismo do professor". Para Marques, o professor tem de voltar a ser o “centro das atenções”:
– O professor tem que assumir a sua condição de intelectual, para proporcionar um bom ensino. Ao mesmo tempo, deve ter a humildade de buscar novos conhecimentos, se aperfeiçoar.
Apesar da necessidade de expandir horizontes e buscar por aperfeiçoamento acadêmico, a professora do Departamento de Educação da PUC-Rio Zaia Brandão alertou para a banalização dos títulos de mestres e doutorado:
– O governo não pode transformar pesquisadores em máquina de relatórios.
O antropólogo Mário Miranda lamentou:
– A busca e a cobrança por títulos fez com que muitos bons professores perdessem espaço no mercado.
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