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Rio de Janeiro, 5 de maio de 2024


Campus

Educação: disparidade entre o campo e a cidade

Bruna Smith - Do Portal

26/11/2009

Na abertura da IV Semana de Educação da PUC-Rio, nesta quarta-feira, 24 de novembro, especialistas apontaram a falta de incentivo à educação nas áreas rurais do Brasil como um dos principais problemas do setor. Patrícia Tortelote, professora de escolas municipais em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, ressaltou que o avanço do ensino no pais exige equilíbrio entre a educação prestada nas áreas urbanas e rurais.

Há uma disparidade entre as escolas das áreas rurais e urbanas, que acabam sendo privilegiadas.

Segundo a professora, programas dos governos federal e estadual de incentivo à educação não  alcançam plenamente as áreas rurais do país, dificultando a evolução do ensino nesses locais:

O Pró-Info Rural, por exemplo, foi criado com o objetivo de levar o universo digital para as escolas rurais, mas não teve sucesso porque elas não possuem uma fiação compatível com o funcionamento de computadores. Com a doação, o governo acredita que já fez sua parte. No entanto, é necessário que haja um acompanhamento para dar suporte caso alguma coisa não dê certo.

Para professores e especialistas na área de educação, o melhor aproveitamento do ensino depende da infraestrutura. Sem uma estrutura adequada de transporte, energia elétrica e segurança, o acesso ao aluno ao aprendizado torna-se precário.

– Além dos problemas no ensino propriamente dito, deficiências de infraestrutura levam o morador a se sentir excluído. Passam a acreditar que morar no campo não é bom. Essa perda de identidade prejudica a educação, pois faltam professores que queiram ir para o campo dar aula – avaliou o professor Marcos André Pereira, que desenvolve projetos direcionados ao MST.

A educadora Laura Maria defendeu o ensino diferenciado. Para ela, cada cultura tem uma maneira de lidar com o ensino e precisa perceber suas reais necessidades. No caso do Quilombo do Campinho da Independência, por exemplo, a população de 450 pessoas é dividida em núcleos familiares. Portanto, há uma "lógica de coletividade" que deve ser respeitada, inclusive pelo modelo de educação. Para ela, é preciso cuidado para não ficar refém da tecnologia:

 A tecnologia avança e nós queremos usufruir dos benefícios. Mas é preciso ter cuidado para não nos tornarmos reféns. Os jovens precisam ser orientados e cabe aos adultos dar o limite. Para isso, o melhor caminho é o diálogo, o compartilhamento de experiências.