No livro “Juventude e Consumo” (2009, Editora Mauad) o antropólogo Everardo Rocha e a professora de publicidade Claudia Pereira mostram que a sociedade passar por um momento de “juvenilização”. Tudo precisa ser jovem e esse é um novo “valor”.
- Veja, por exemplo, anúncios de tinta. O produto não é para jovem, mas o anúncio é feito com jovens – exemplifica Claudia.
Os dois autores, professores da PUC, lançaram no dia 12 de novembro o livro que mostra um estudo sobre a juventude e suas relações com o consumo. E o resultado é: a tecnologia é o principal bem consumido pela juventude. Os gadgets são, hoje, objetos indispensáveis na vida da maioria dos jovens e simbolizam status.
Estar conectado com o mundo e poder enviar e receber informações é uma característica desejada pelos jovens. E os gadgets ainda têm o poder de potencializar os sentidos (ouvir, ver, escrever), pois os jovens têm a vontade de vivenciar todas as experiências possíveis.
No livro, é citado o “luxo de efeito”, quando os jovens causam impressão no grupo onde circulam. Na atual sociedade eles não precisam mais causar impressão pela marca das roupas que usam, por exemplo.
- Hoje em dia, não importa se a calça jeans é de uma marca cara ou barata e sim se a calça jeans está ou não sendo usada no grupo.
Ou seja, é um reflexo de que o estilo importa mais do que a marca. É o que pensa o estudante de comunicação social de 19 anos, Marcelo Leonardos, do 3º período:
- Querer causar impressão pelo estilo do que pelo pela marca é, de certa forma, mais democrático.
O estudante tem celular, câmera digital, mp3 player, notebook e GPS. E não consegue viver sem tecnologia. Na visão dele, os jovens querem sempre mais.
- Nós queremos sempre a última versão dos eletrônicos, os mais modernos e atualizados.
Para Everardo, esse consumo é natural da sociedade:
- O consumo é inevitável. Não há como dizer que esse consumo é errado ou não. Até porque, acabar com o consumo significa acabar com a produção.
Claudia observa que a tecnologia une as classes dos jovens. As classes A e B se assemelham muito com as C e D em relação ao uso dos gadgtes. Por mais que as classes C e D usem aparelhos falsificados ou de pior categoria, não deixa de ser um uso dos eletrônicos.
- Eles vão trocar os produtos simples pelos mais sofisticados, com mais funções. Os gadgets são símbolos de status, são um diferencial – conclui Everardo.