Projeto Comunicar
PUC-Rio

  • Facebook
  • Twitter
  • Instagram

Rio de Janeiro, 18 de abril de 2024


Cultura

Oportunidade no futebol e coragem no cinema

Felipe Machado e Gabriela Ferreira - Do Portal

03/12/2007

Ser atraente para o mercado internacional é a principal marca do jogador de futebol brasileiro, segundo a jornalista Cláudia Silva Jacobs, co-autora do livro “Futebol Exportação” (Editora Senac-Rio, 128 páginas), que esteve na PUC-Rio para falar sobre a participação da publicidade no esporte, numa série de palestras promovidas aos alunos da disciplina de Introdução ao Jornalismo. Ela, o produtor Marcos Prado e o repórter Aydano André Motta (clique aqui para saber mais sobre a palestra do jornalista) participaram de palestra no auditório do RDC, onde conversaram sobre as suas respectivas áreas de atuação.

“É muito mais barato e interessante um treinador vir da Europa e comprar um jogador brasileiro “pronto”, do que treinar um francês a vida toda. Às vezes, ele não joga nada, mas já é brasileiro, então vale”, disse ela, citando dados que apontam para a precariedade do exercício do futebol profissional no Brasil: 85% dos jogadores brasileiros ganham menos de cinco salários mínimos, enquanto um jogador que vá para o exterior recebe entre 30 e 40 mil dólares. "Quando uma oportunidade está à porta e diz ‘vamos embora’, tem que ir”, explicou.

Segundo ela, a produção nacional é muito grande e quando alguém vai jogar em um time internacional, abre espaço para outras vagas no país. Além disso, quando um jogador é vendido, por exemplo, por cinco milhões de dólares, o time que vendeu se sustenta por um ano.
O quadro, no entanto, só é bom para os que conseguem ser chamados. Por isso, para Cláudia, falta ao futebol brasileiro a criação de uma marca forte, para que o esporte lucre mais internamente que individualmente.

- Os times de fora têm um marketing totalmente calculado que o país não tem. Parece bobagem, mas não é. A gente não ganha dinheiro com futebol por má administração. Não tem camisa do Flamengo para crianças de três anos, só para bebês ou maiores de cinco anos. A grife “Brasil” é uma marca benquista, é simpático calçar uma havaiana no verão, tomar caipirinha, mas não estamos sabendo investir nela. Acho que ninguém pode crescer tanto quanto o Brasil em termos de marca.

Para quem faz publicidade, é um desafio acertar o passo do marketing do futebol. Para Cláudia, o Brasil ainda pode crescer como marca, com a criação de produtos como livros e camisetas. Aos futuros publicitários Claudia aconselhou que se aprimorem ao máximo possível. “Tudo que se aprende é importante, necessário, fundamental. A informação é tudo. Não tenham preconceito de se informar”, aconselhou.

Da economia para o cinema documental

O ano era 1983 e, quando estava perto de concluir o curso de Economia da PUC-Rio, Marcos Prado largou tudo para estudar fotografia no Brooks Institute of Photography, na Califórnia. De volta ao Rio, em 1986, começou a fazer fotodocumentários. Para bancar as produções, trabalhava com fotografia publicitária. Na década de 1990, partiu para o documentário.
Hoje, seu currículo inclui a produção de “Tropa de Elite” (2007) e de documentários como “Ônibus 174” (2002) e “Os Carvoeiros” (1999), além da direção de Estamira (2004).

Apesar da trajetória inteiramente voltada para questões sociais, ele não acredita que sua carreira esteja destinada a este tipo de filmografia. “Não acho que minha carreira ou a do diretor ficarão estigmatizadas. Os estigmas estão aí para serem quebrados. É maravilhoso mudar de idéia com convicção”, afirma.

A produção de “Os Carvoeiro” surgiu quando outro profissional também estava fazendo uma guinada na carreira: José Padilha, amigo de infância de Marcos, estava largando a profissão de administrador de empresas e queria enveredar-se pelo caminho do cinema documental. Com Padilha, Marcos fundou na mesma época a Zazen Produções, pela qual fazem seus filmes desde então.

Além do trabalho com produção e direção, Marcos já foi fotógrafo. Ele acha que os jovens cineastas devem ser “multifacetados” e trabalhar em funções diferentes. Ele concluiu sua palestra alertando os alunos sobre a dificuldade de fazer cinema no Brasil.

- Há muitas forças contrárias à profissão, concluiu.