Mariana Penaforte Rocha - Da sala de aula
04/11/2009Até o fim do ano, o acervo do Centro de Cultura e Memória do Jornalismo poderá ser consultato pela internet. Ao material histórico, somam-se depoimentos de 60 jornalistas obtidos pelo sindicato da categoria. “São pessoas que atuam na imprensa há 60 anos e contam muito da evolução do jornalismo brasileiro e da relação do jornalismo com a política e com a cultura”, explica a professora da PUC-Rio Carla Siqueira, coordenadora do projeto do CCMJ. Os depoimentos formarão um livro, que também deverá ser lançado até o fim do ano.
O desenvolvimento do Centro divide-se em duas etapas. A primeira, em andamento, refere-se à construção e organização do acervo histórico, montado por meio de doações; e ao amadurecimento de formas para tornar disponível esse conteúdo. A principal delas será on-line, pelo site oficial. Estará no ar até dezembro, planeja Carla.
A segunda etapa prevê uma sede física para abrigar o Centro. Segundo a coordenadora, o Governo do Estado tem interesse na iniciativa e "pode ceder uma casa antiga para a instalação do CCMJ". O espaço deve abrigar museu, café, livraria, auditório, biblioteca e espaço para palestras e seminários.
Inaugurado em abril de 2008, o Centro nasceu com uma dupla proposta: expor à população a história e as histórias da imprensa brasileira e abrigar reflexões sobre a atividade jornalística. O CCMJ é uma iniciativa do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro (SJPMRJ), com patrocínio da Petrobras.
- O sindicato comprou de cara essa ideia, que vem desde a gestão antiga - conta a jornalista Suzana Blass, presidente do SJPMRJ desde 2007.
Por ser um espaço interativo, Suzana acredita que assim será mais fácil atrair a atenção de estudantes e da sociedade em geral. Carla observa a importância do lugar para os que não conhecem tanto a profissão:
- A ideia é que essa memória seja um caminho até para trazer os não-jornalistas ao centro. Para conhecer como se faz jornalismo, como era feito e quais são os desafios de hoje. Queremos que o Centro contribua para formar leitores mais críticos, mais informados.
Suzana ressalta que o CCMJ não quer imitar, por exemplo, o modelo da Biblioteca Nacional, sustentado na consulta e no arquivamento de periódicos. “O CCMJ tem como objetivo contar a história do Brasil e principalmente dos jornalistas que fizeram essa história. Uma memória, mas uma memória personificada”, esclarece.
O relevo histório e cultural do Rio ampara a escolha da cidade para acolher o primeiro Centro de Cultura e Memória de Jornalismo do país, justifica Carla:
- Se nós pensarmos na história do jornalismo brasileiro nos últimos 60 anos, o Rio de Janeiro capitaneou muitas das transformações vividas. A gente tem que lembrar que o Rio foi capital durante muito tempo e, mesmo com a mudança para Brasília, as sedes dos jornais mais importantes continuaram aqui e em São Paulo.
Em que pese a rica contribuição histórica do Rio para a imprensa, o acervo terá uma dimensão nacional. Não será centralizado nas histórias e no material histórico referentes à capital carioca. “O site será muito importante nesse sentido, porque poderá receber contribuições de todo o país, tanto de pessoas quanto de outras instituições interessadas em preservar e contar a história do jornalismo brasileiro”, explica Suzana.
O acervo inclui documentos, fotos, registros, livros, objetivos, jornais, revistas, coleções, vídeos, depoimentos, entrevistas, quaisquer contribuições para o resgate e a preservação da memória da imprensa brasileira. Mais informações são obtidas com a coordenação do CCMJ. O contato inicial deve ser feito por meio do sindicato, no e-mail sindicato-rio@jornalistas.org.br ou no telefone (21) 3906-2450.
Analistas pregam transigência para resguardar instituições
"Pará é terra onde a lei é para poucos", diz coordenador do CPT
Sem holofotes do legado urbano, herança esportiva dos Jogos está longe do prometido
Rio 2016: Brasil está pronto para conter terrorismo, diz secretário
Casamento: o que o rito significa para a juventude
"Jeitinho brasileiro se sobrepõe à ideia do igual valor de todos"