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Rio de Janeiro, 22 de dezembro de 2024


Campus

Música e literatura na PUC-Rio

Bruna Santamarina e Yasmim Rosa - Do Portal

30/09/2009

 Fred Rocha

Memória cultural, modernismo e pós-modernismo são recorrentes temas de discussões acadêmicas. Porém, para o professor alemão de Literatura Comparada Andreas Huyssen, da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, o assunto tem limites que vão muito além dos bancos escolares. Convidado pelo Departamento de Letras da PUC-Rio, ele participou da conferência de abertura do seminário Música Popular, Literatura e Memória, nesta terça-feira, 29. O reitor da universidade, Padre Jesus Hortal, S. J., a gerente de conhecimento da TV Globo, Sílvia Fiusa, e a diretora artística da Biscoito Fino, Olívia Hime, também estiveram na abertura do seminário.

– O tema Música Popular, Literatura e Memória é apropriado. O canto é a expressão do ser humano. A literatura é derivada e também é uma forma de expressão. E tudo que é expresso, que passa de um para o outro, é memória – avaliou o reitor.

O objetivo do evento é discutir músicas, textos e imagens que formam a tradição cultural contemporânea, a constante renovação da música popular e sua preservação na memória da sociedade. Serão duas conferências, seis mesas-redondas e três documentários, em quatro dias de encontros. Na segunda-feira, 28, shows de alunos e ex-alunos da PUC-Rio inauguraram o seminário. Apresentaram-se Vostok, Lágrima Flor, Os Dentes, Irmãos Brutos, Luis Carlinhos e Mariano Marovatto. Nesta terça-feira, 29, foi a vez de Chico César e Duo GisBranco.

Estudos sobre memória

Quando convidado para participar do evento, Huyssen se surpreendeu. Não se considerava adequado para falar de música e literatura brasileiras. O professor tem pesquisado, no entanto, a questão da memória:

– Memória é a nossa coerência, o que nos alimenta e nos faz ser quem somos. Sem ela, não somos nada. Memória e direitos humanos têm que estar conectados. Além disso, os direitos culturais devem estar ligados intrinsecamente aos direitos humanos. Do contrário, nos levaria a uma opressão das culturas.

 Huyssen também realizou uma palestra nesta segunda-feira, 28, para apresentar aos alunos suas pesquisas e tirar dúvidas sobre seu trabalho. Ele é um dos editores fundadores do New German Critique, principal periódico dedicado a estudos germânicos nos Estados Unidos. Segundo ele, seu trabalho em torno das sociedades moderna e pós-moderna é antigo e tem sido foco de suas pesquisas há muito tempo.

– Trabalho em torno desses dois temas desde que iniciei minha vida acadêmica. Mas, recentemente, tenho trabalhado com a questão da memória pública do trauma histórico, em primeiro lugar em relação ao passado da Alemanha, e também em termos da globalização e discursos de memória.

Foi em 1989, quando estava em seu país de origem, que o professor começou a se dedicar ao estudo da cultura da memória. Utilizou como ponto de partida o contexto histórico da época, a queda do Muro de Berlim, calcado na visita a museus, monumentos e espaços públicos.

– Para trabalhar essa memória, viajei por diversos países para fazer pesquisas. Primeiramente, eu estava interessado na relação do tempo com os espaços públicos. Mas comecei a me questionar sobre a globalização e o que ela implica na vida em sociedade. Foi importante fazer essa reflexão porque, nos anos 80, eu acreditava que Berlim era a capital do mundo moderno, e vi que não era bem assim.

Questionado sobre a produção acadêmica nos Estados Unidos, Huyssen afirmou que é de boa qualidade, mas que os campos de visão deveriam ser ampliados com parcerias entre universidades.

– Acredito que deveria haver uma relação entre as universidades das Américas do Norte e do Sul. Os estudos seriam mais ricos, mas falta dinheiro para concretizar parcerias, além das dificuldades enfrentadas com vistos e burocracias. Nos Estados Unidos, os trabalhos são bons, mas são muito nacionais. Não há um conhecimento sobre o restante do mundo. É melhor unir esforços do que trabalhar sozinho.

Programação

30/09 (quarta-feira)

10:00 – 12:00 – Exibição do Documentário Palavra (En)cantada
Direção: Helena Solberg
14:00 – Mesa-redonda II: Música e Acervo
Participantes: Bia Paes Leme, Rosa Maria Barboza de Araújo e Tárik de Souza
Mediação: Fred Góes
15:30 – Debate
16:00 – Café
16:30 – Mesa-redonda III: Música, História e Crítica
Participantes: Zuza Homem de Mello, Cláudia Neiva de Matos e Arthur Dapieve
Mediação: Santuza Cambraia Naves
18:00 – Debate
18:30 – 19:00 – Apresentação Musical: Francis Hime e Olívia Hime

01/10 (quinta-feira)

10:00 – 12:00 – Exibição do Documentário Edu Lobo – Vento Bravo
Direção: Regina Zappa e Beatriz Thielmann
14:00 – Mesa-redonda IV: Música e Tecnologia
Participantes: Ruy Castro, João Carlos Carino e Tatiana Bacal
Mediação: Giovanna Dealtry
15:30 – Debate
16:00 – Café
16:30 – Mesa-redonda V: Música e Imaginário Nacional
Participantes: Antonio Risério Santuza, Cambraia Naves e Tom Zé
Mediação: Frederico Coelho
18:00 – Debate
18:30 – 19:00 – Apresentação Musical: Tom Zé

02/10 (sexta-feira)

10:00 – 12:00 – Exibição do Documentário A Casa do Tom
Direção: Ana Jobim
14:00 – Mesa-redonda VI : Música, Literatura e Lingua(gens)
Participantes: Fred Góes Luiz, Tatit Paulo e Cesar Pinheiro
Mediação: Cláudia Neiva de Matos
15:30 – Debate
16:00 – Café
16:15 – Conferência de fechamento: José Miguel Wisnik – A poesia da música popular Mediação: Júlio Diniz
17:15 – Debate
17:30 – Café
18:00 – 19:00 – Encerramento: Maria Bethânia – Leitura de poesias e textos brasileiros e portugueses selecionados pela cantora
19:00 – 22:00 – Coquetel