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Rio de Janeiro, 5 de maio de 2024


Campus

Evandro Ouriques e a saúde do professor

Luísa Sandes - Do Portal

24/09/2009

Lucas Landau

A saúde das pessoas está intrinsecamente ligada à capacidade de conseguirem fazer uma revisão profunda em suas vidas. Sair da zona de conforto não é fácil, exige esforço e questionamentos. Apenas a partir de um processo de transformação, de uma entrega, um indivíduo pode dar um salto de qualidade. Tais reflexões foram propostas pelo professor Evandro Ouriques, pós-doutor em Cultura de Comunicação, Globalização de Mercados e Responsabilidade Ética e coordenador do Núcleo de Estudos Transdiciplinares de Comunicação e Consciência (UFRJ). na palestra Saúde do Professor: Frameworks de Esperança para a Revisão de Projetos de Vida.

Com um discurso consistente e descontraído, o especialista cativarou professores, estudantes e funcionários da PUC-Rio reunidos no dia 24 de setembro, no Salão da Pastoral. Para expor seus pensamentos, Ouriques interagiu com o público. A apresentação rica de imagens e referências sustentava a tese de que a saúde depende, primordialmente, do restabelecimento da comunicação entre as pessoas.

O palestrante observou que o professor deve recuperar a relação de entrega e reciprocidade, estar bem consigo mesmo para que ofereça o melhor a seu aluno. O "corpo mental", ou seja, a integração entre seu pensamento e seus atos, é elementar no ponto de vista de Ouriques.

– Um professor não pode pensar em outra coisa senão em sua aula quando leciona. O divórcio de palavras e atitudes na nossa sociedade é um problema que leva à insanidade coletiva – alertou Ouriques, que também trabalha como cientista político, jornalista, designer, curador, gestor cultural, terapeuta de base analítica e escritor.

Parceria entre o Departamento de Comunicação Social e o Centro de Pastoral Anchieta, a palestra foi ao encontro da Campanha Saúde do Professor, organizada pelo Sindicato dos Professores do Rio de Janeiro (SINPRO-Rio). A psicóloga e coordenadora da Graduação em Comunicação Social, Sandra Korman, abriu o debate. Ela é consultora da campanha desde novembro do ano passado.

A Campanha Saúde do Professor pretende reunir escolas de ensino fundamental, médio e universidades. O objetivo vai além da preocupação com questões salariais. O programa pretende valorizar o educador, fazer com que sua importância para a sociedade seja reconhecida e melhorar suas condições de trabalho.

De acordo com Ouriques, a saúde do professor depende de sua capacidade de transformar, amar, brindar, ser bondoso e ter respeito. Além de passar por uma mudança de padrão mental e coragem para pensar de uma maneira nova e complexa, o docente deve cuidar bem de si mesmo antes de qualquer coisa. Estar inteirado com sua subjetividade, abraçar a si mesmo, os seus alunos e a própria instituição na qual trabalha são fatores que garantem que ele seja saudável.

- Devemos pensar na possibilidade de comunhão, encontro, inocência e dádiva. A generosidade, as políticas públicas sociais, a responsabilidade socio-ambiental e a saúde psico-social são a saúde do professor.

Ao final da palestra, as pessoas que o assistiam sentaram formando um círculo. Elas trocaram opiniões e conversaram com Ouriques. A assistente de coordenação do Centro de Pastoral Universitária, Fernanda Motta, expôs sua satisfação com o evento: " Por mais que eu tenha lido seus textos, não imaginava que a palestra seria assim. Sua fala é fantástica e curiosa. Estou muito feliz com esse momento e agradeço os dias que vou ficar digerindo tudo isso".