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Rio de Janeiro, 5 de maio de 2024


Campus

Orientações para resguardar a saúde do professor

Clarissa Pains - Do Portal

21/09/2009

O Sindicato dos professores do Rio de Janeiro (Sinpro-Rio) detecta um conjunto de queixas relacionadas ao exercício da profissão, como fadiga constante e baixa autoestima. Por isso, seguindo orientações da Unesco, da OMS (Organização Mundial da Saúde) e da OIT (Organização Internacional do Trabalho), desenvolve a campanha Saúde do Professor. Para discutir o assunto, o Departamento de Comunicação Social promoverá, em parceria com o Centro de Pastoral Anchieta, a palestra Saúde do Professor: Frameworks de esperança para a revisão de projetos de vida, no dia 24 de setembro, às 12h. O encontro no Salão da Pastoral será ministrado pelo professor Evandro Ouriques, pós-doutor em Comunicação, Estados Mentais e Ação no Mundo.

– Para se ter esperança no exercício da profissão e expectativa de carreira é preciso que o profissional busque uma melhor saúde física, mental e política, que o tornará mais eficiente – afirma.

Segundo o Sinpro-Rio, as doenças dos professores têm, na maioria das vezes, origens de fundo emocional provocadas pela precariedade das condições de trabalho. Os professores estão, por exemplo, entre as três principais categorias atingidas pela Síndrome de Burnout (palavra de origem inglesa que significa “combustão completa”). A síndrome caracteriza-se pelo estresse crônico vivenciado por profissionais que lidam de forma intensa e constante com as dificuldades e problemas alheios. A PUC-Rio é a primeira universidade a se envolver com a campanha do Sindicato de maneira preventiva, com iniciativas que alertem para a importância de se evitar os problemas de saúde, ao invés de apenas tratá-los depois.

A psicóloga e coordenadora da Graduação em Comunicação Social, Sandra Korman, que é consultora da campanha desde novembro do ano passado, abrirá a palestra. Para ela, “quando o professor adoece, a educação e o próprio futuro adoecem também”:

– O professor tem que ter um projeto profissional. O que acontece, geralmente, é que ele está envolvido nos projetos de várias pessoas e não tem um próprio. O produto final do seu trabalho é o bem-estar dos outros, porém, muitas vezes, ele não reúne os mínimos recursos para fazer isso.

Com uma tese de doutorado sobre o tema, Sandra acredita que não dialogamos com o futuro, pois vivemos no imediatismo. Ouriques concorda:

– O professor e a educação estão, de forma geral, em uma posição muito frágil, por vários motivos, dentre os quais o nosso foco constante no “novo”. O professor é a presença do conhecimento e da experiência, a presença de uma verdade que vem de um passado visto como antigo, modelo ultrapassado, obsoleto.

Para o especialista, é preciso que este profissional domine o que ocorre naquilo chamado por ele de  “território mental”. Deve fazer “um exercício de reeducação da mente, revisão de valores”.

– Mudar de atitude e revisar os projetos de vida é a única saída para a saúde do professor – conclui.

Um pouco sobre Evandro Ouriques

Especialista em processos de transformação de projetos de vida e organizações, Evandro Vieira Ouriques é pós-doutor em Estudos Culturais e estudioso da relação entre Comunicação, Estados Mentais e Ação no Mundo (PACC-UFRJ). Também coordena do Núcleo de Estudos Transdisciplinares de Comunicação e Consciência (ECO-UFRJ) e dirige o Núcleo de Estudos do Futuro da PUC-SP.

Ouriques é consultor da UNESCO e do Millennium Project. Cientista político, jornalista, designer, curador, gestor cultural e terapeuta de base analítica, atua como professor desde 1971. É conferencista e escritor, com livros e artigos publicados no Brasil e no exterior.