"Precisamos discutir a dispersão do pólo de produção que a internet proporciona ao jornalismo." Assim a professora do Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio Adriana Braga, uma das organizadoras do encontro, definiu o objetivo do ciclo de debates Jornalismo em ambiente digital. As palestras acontecerão nesta terça-feira, 22, das 9h às 13h, na sala 102K. Entre os presentes, estarão professores da universidade e profissionais do mercado de trabalho.

Para a professora Carla Rodrigues, co-organizadora, "é preciso refletir sobre esse novo fazer jornalístico no mundo digital.” Segundo ela, a ideia de promover uma discussão sobre o assunto surgiu da constatação de que era preciso trazer a reflexão sobre o jornalismo na internet para o curso de Comunicação Social. Para isso, além do ciclo de debates, a professora também está organizando o livro Jornalismo on-line, modos de fazer, da Editora PUC-Rio em parceria com a Editora Sulina. A obra será publicada em outubro e reúne nove artigos de professores da PUC-Rio e de outras universidades.

Segundo Carla, é importante mostrar aos alunos as mudanças que o mercado jornalístico sofreu a partir de sua inserção no mundo digital.

– Sentimos a necessidade de se fazer uma reflexão sobre o jornalismo nesse ambiente digital, já que temos aqui na universidade o Portal PUC-Rio Digital, que engloba todas as mídias. É preciso realizar um debate sobre esse novo jornalismo que está surgindo com os alunos que vão entrar no mercado de trabalho já inseridos neste modelo – explica.

Em sua palestra, ela ressaltará a convergência de mídias. O assunto está em pauta na universidade desde 2005, quando se reformulou a grade curricular do curso de Comunicação Social. Em 2008, esse debate foi intensificado, com a inauguração do Portal PUC-Rio Digital.

– A convergência altera o que o aluno deve aprender, altera tudo. A internet e as novas tecnologias mudam as formas de fazer jornalismo. As apurações passam a ser feitas também na internet, notícias são publicadas na rede e a relação com as fontes se torna diferente. Muda não só para quem faz jornalismo online, muda para todos – acredita.

A professora explicou ainda que a profissão do jornalista está sendo redefinida.

– Ele precisa ser versátil. Deve saber trabalhar com o texto online, que é rápido e imediato, e com texto para veículos impressos, que é mais crítico e analítico.

Já para Adriana, o jornalismo sofreu mudanças irreversíveis desde o advento da internet.

– A convergência e a mudança do pólo de produção transformaram o fazer jornalístico. Hoje, qualquer pessoa tem consciência de como a informação é produzida. Assim, o papel do leitor contemporâneo sofreu transformações. O receptor também conhece o processo produtivo da mensagem - afirma.

O crescimento do jornalismo online levanta outra questão: o possível desaparecimento da mídia impressa. De acordo com Carla, essa é uma discussão que ainda não deve preocupar os profissionais brasileiros.

– O jornalista e pesquisador Pedro Doria escreveu um artigo sobre o assunto, comparando os Estados Unidos e o Brasil. Ele afirma que não é possível fazer uma comparação entre a situação dos dois países, porque estão em contextos diferentes. Eu compartilho dessa visão. O jornal impresso no Brasil não precisa, necessariamente, seguir os mesmo rumos dos americanos. É um futuro ainda sem previsão – conclui.



Ciclo de debates - 22 de setembro – K102

9h - Mesa 1 - Convergência de mídia e jornalismo on-line
Mediação: Leonel Aguiar (PUC-Rio)
Suzana Barbosa (UFF) – Iniciativas de convergência jornalística em empresas informativas brasileiras
Marcelo Kischinhevsky (Uerj/PUC-Rio) – Convergência nas redações
Carla Rodrigues (PUC-Rio) – Três reflexões sobre o jornalismo on-line

11h - Mesa 2 - Opinião Pública e práticas jornalísticas na Web 2.0
Mediação: Adriana Braga (PUC-Rio/CNPq)
Vinícius Pereira (Uerj/ESPM) – Em busca de novas linguagens jornalísticas para informar um público que faz a própria mídia
Mara Bergamaschi (jornalista colaboradora sites G1/Estadão/Terra/O Globo) – Jornalismo on-line e os novos processos de formação da opinião pública
Fábio Gusmão (Jornal Extra) – A experiência do Repórter 3G