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Rio de Janeiro, 24 de abril de 2024


Cultura

Na onda dos contos de Machado e Arthur Azevedo

Clarissa Pains - Do Portal

17/09/2009

Apaixonado por contos, o escritor Mauro Rosso tem motivos para se alegrar. Um de seus livros, lançado no ano passado pela Editora PUC-Rio, Contos de Machado de Assis: relicários e raisonnés, está na final do Jabuti, o prêmio mais importante e tradicional da literatura brasileira. Uma outra publicação sua, Contos de Arthur Azevedo: os “efêmeros” e inéditos, também da Editora PUC-Rio, será lançada nesta sexta-feira, 18 de setembro, na Bienal do Livro.

Segundo o autor, a indicação à 51ª edição do Jabuti já era esperada desde que o livro sobre o lado contista de Machado de Assis foi lançado, reunindo no total quatro contos, um deles inédito. Tanto Rosso quanto os editores acreditavam que, devido à natureza do livro – um denso estudo crítico –, ele seria encaixado na categoria Teoria/Crítica Literária da premiação. Para o escritor, é muito importante que os contos machadianos sejam mais conhecidos:

– Este gênero foi o grande laboratório experimental de Machado. Seus contos são ricos e, se compararmos aos romances, são muito pouco lidos, o que é uma injustiça.

Durante seis anos, o escritor, ensaísta e pesquisador de literatura brasileira se debruçou sobre a escrita do introdutor de maior peso do gênero no Brasil. A dedicação converteu-se no livro finalista do Jabuti, o mais procurado no estande das Edições Loyola (parceira da Editora PUC-Rio) na Bienal. O resultado final do Jabuti será divulgado dia 29 de setembro.

– Só o fato de estar entre os finalistas, já é um reconhecimento do valor da obra. Redigir uma análise crítica e interpretativa sobre quatro textos do Machado me deu muito mais trabalho do que fazer o mesmo com 32 do Arthur Azevedo, que têm uma leitura mais fácil e leve, são até mesmo hilários. Durante a organização do livro, me diverti muito – conta.

A expectativa é de que, devido a essa fluidez da leitura, Contos de Arthur Azevedo: os “efêmeros” e inéditos tenha uma boa recepção na Bienal  – que, segundo o escritor, atrai um público diferente do das livrarias: o carioca de um modo geral tem timidez de entrar nesses estabelecimentos, “como se fossem templos sagrados”.

– Isso já não acontece na Bienal, para onde as pessoas vão movidas em grande parte pela publicidade e pela curiosidade, o que torna o público bastante amplo – observa.

O escritor ressalva que, “assim como urna eleitoral e decisão de juiz”, lançamento de livro também pode ser considerado uma incógnita. Mas Rosso está confiante. Espera também que Euclides da Cunha: a política, a ecopolítica, a etnopolítica, com lançamento previsto para outubro, esteja entre os finalistas do Prêmio Jabuti do próximo ano. O livro aborda estudos que Euclides da Cunha fez, de forma pioneira, em relação à ecologia e à raça brasileira.

O reconhecimento e o otimismo moderado lubrificam a máquina de escrever. Enquanto concedia, por telefone, a entrevista para esta reportagem, Mauro Rosso arrematava no computador a obra que vai encaminhar para edição esta semana: Contos de Lima Barreto: os argelinos e outros textos recuperados.