A prisão do médico Roger Abdelmassih, conhecido por fazer tratamentos de fertilização em famosos, trouxe à tona a questão dos danos causados pelos crimes sexuais. Ele é acusado de estupro e atentado ao pudor contra suas pacientes. Desde o dia 10 de agosto, uma nova lei sancionada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, entrou em vigor e prevê o aumento de até 50% do tempo de duração das penas. A pena para estupro varia de seis a dez anos de prisão. Sobe para de oito a doze se a vítima for menor de idade. Se o delito resultar em gravidez da vítima, o tempo de reclusão pode aumentar em 50%. No caso de atentado ao pudor, a sentença é de um a dois anos.

Segundo a professora e psicóloga do Serviço de Psicologia Aplicada da PUC-Rio Júnia Vilhena, são inúmeras as consequências da violência sexual para as crianças.

- Elas são amedrontadas e inseguras. Algumas apresentam certo nível de irritabilidade e de violência, pois sentem que precisam descontar em alguém. Outras se culpam pelo ocorrido, acham que foram as responsáveis. Há crianças que superam mais rápido, outras não- explica.

Existem várias modalidades de terapia para tratar os transtornos provocados pelo abuso sexual. De acordo com Júnia, é preciso respeitar o tempo de cada criança para que ela conte como tudo aconteceu.

- Os grupos de apoio são recomendados para os adultos violentados sexualmente. No caso das crianças, o caminho é a psicoterapia. Porém, é preciso entender que o estupro é um crime de gênero. É o poder e a força do homem sobre a mulher.

De acordo com a psicóloga, o depoimento é outro processo traumático para quem foi violentado.

- Depois de ter passado por tudo aquilo, ela assume o lugar de vítima e de testemunha ao mesmo tempo. Muitas vezes, sofre ainda mais, pois a nossa justiça culpa a mulher.- conclui.